Quão brilhante foi Paul Gascoigne?
sexta-feira, 10 de abril de 2020
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O UEFA.com recorda a carreira de Paul Gascoigne, o excêntrico médio que brilhou pela anfitriã Inglaterra no EURO ’96.
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Uma das personalidades mais icónicas da modalidade e que frequentemente dava nas vistas, Paul Gascoigne foi o jogador inglês mais dotado da sua geração. A criatividade e brilhantismo do médio exibiram-se mais alto diante dos seus adeptos na caminhada de Inglaterra até às meias-finais do EURO '96.
EURO ‘96
• A preparação de Inglaterra para o torneio esteve envolta em polémica, com os jornais a divulgarem imagens de uma festa realizada após um amigável, na qual vários jogadores, incluindo Gascoigne, se embebedaram. O empate inaugural com a Suíça (1-1) não ajudou a desanuviar o ambiente.
• As coisas mudaram no segundo jogo, com o triunfo por 2-0 sobre a Escócia. Com 1-0 no marcador, David Seaman defendeu um penalty e momentos depois Gascoigne desfeiteou Andy Goram, na altura seu colega nos escoceses do Rangers.
• Moralizada, a Inglaterra bateu depois os Países Baixos, por 4-1, e venceu o grupo, naquela que foi uma das suas melhores exibições numa fase final. Gascoigne não marcou mas contribuiu com duas assistências.
• Nas meias-finais, frente à Espanha, o guarda-redes Seaman foi o destaque, com penalties defendidos no desempate (4-2), mas Gascoigne também brilhou, convertendo o remate decisivo.
• A Inglaterra esteve perto de alcançar a final mas foi eliminada pela Alemanha, também no desempate por penalties (6-5). Após Shearer e Stefan Kuntz terem marcado cedo, os ingleses podiam ter vencido, mas um remate de Gascoigne passou a centímetros do alvo.
O que talvez não saiba
• O seu nome completo é Paul John Gascoigne devido a uma homenagem dos seus pais Paul McCartney e John Lennon, dos The Beatles.
• O seu talento futebolístico só teve paralelo com a capacidade para pregar partidas. No Newcastle atava os atacadores das chuteiras dos colegas entre si, na Lazio passeava-se nu com frequência e no Rangers colocou peixe dentro do carro de um companheiro.
• A sua melhor época talvez tenha sido 1990/91, com seis golos na caminhada vitoriosa do Tottenham rumo à conquista da Taça de Inglaterra. Decidiu os jogos frente a Portsmouth e Notts County e marcou um livre soberbo, a 30 metros da baliza, ante o Arsenal nas meias-finais. Infelizmente, sofreu uma lesão grava no joelho aos 17 minutos da final.
• Marcou nove golos pela Inglaterra entre 1989 e 1997 e a selecção dos "Três Leões" ganhou sempre.
• Certa vez danificou ligeiramente o símbolo do Tottenham no estádio com uma espingarda pressão de ar. No entanto, quando os "spurs" se mudaram para o novo recinto, fizeram uma réplica igual, imperfeição incluída e tudo.
Discurso directo
"Eu vi a forma como o Colin Hendry se aproximou e por isso piquei-lhe a bola por cima, para depois finalizar com um remate rasteiro. Não dá para ensinar isto nas academias de futebol, é instinto puro. O que senti quando marquei foi magnífico! Estou tão feliz por ter marcado esse golo".
"Estou ciente dos meus problemas extra-futebol mas aprendi a lição e só quero ser respeitado pelo que fiz dentro de campo. Sei que proporcionei bons momentos a quem me viu jogar durante vários anos".
O que dizem dele
"Foi o melhor jogador da sua geração, uma lufada de ar fresco porque jogava com um sorriso nos lábios".
Alex Ferguson, antigo treinador do Manchester United
"O que o tornava especial era a ausência de medo na forma como jogava. Se pensava em algo, tentava fazer, sem receio de que pudesse correr mal".
Gary Lineker, colega de equipa no Tottenham e na selecção
"Ele comia gelado ao pequeno-almoço e bebia cerveja ao almoço, mas quando a bola começava a rolar, era fantástico. Adorava aquele rapaz. Era um génio, um artista, mas dava-me cabo do juízo".
Dino Zoff, antigo treinador da Lazio
"No seu auge, foi um dos melhores jogadores do Mundo. Controlava a bola de tal forma que era quase impossível tirar-lha e era capaz de decidir um jogo sozinho. Além disso, era um espectáculo dentro e fora do relvado!"
Brian Laudrup, colega no Rangers.
Estatísticas
Selecção: 57 jogos, 10 golos
Competições de clubes da UEFA (incluindo qualificações): 15 jogos, 2 golos
Competições nacionais: 453 jogos, 108 golos