Gascoigne brilha e Inglaterra vence derby britânico
segunda-feira, 6 de outubro de 2003
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Escócia 0-2 Inglaterra
O destino dos anfitriões no torneio deu uma volta para melhor no espaço de um minuto.
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A Inglaterra revitalizou a sua campanha com a primeira vitória na fase de grupos, frente ao eterno inimigo, graças ao instinto goleador de Alan Shearer, ao penalty defendido por David Seaman e à técnica prodigiosa de Paul Gascoigne.
A imprevisibilidade de Gascoigne acarretava problemas fora do relvado, mas era parte integrante do excelente trabalho que conseguia fazer com uma bola nos pés, cujo melhor exemplo talvez tenha sido o seu memorável golo frente à Escócia, que iluminou o EURO '96.
Com os anfitriões a aguentarem de forma ténue a magra vantagem de 1-0, alcançada através do cabeceamento de Shearer, e agradecidos a Seaman pela defesa no penalty de Gary McAllister, momentos antes, Gazza emergiu na partida. Após receber um passe de Darren Anderton no extremo da área, o médio passou a bola por cima de Colin Hendry com o pé esquerdo, contornou-o, ao mesmo tempo que o defesa tropeçava, e depois rematou forte com o direito, batendo Andy Goram. Foi um momento de puro brilhantismo, misturando maturidade técnica com uma desfaçatez quase adolescente.
"Sr. Paul Gascoigne: Pedimos Desculpa", podia ler-se no editorial do Daily Mirror, dois dias depois, retractando as fortes críticas tecidas a Gazza e o seu papel na viagem motivacional da Inglaterra a Hong Kong. Não foi censura sem fundamento, e a equipa de Terry Venables tinha iniciado a fase final do torneio que organizava da pior forma, com um empate 1-1 frente à Suíça. Mesmo neste encontro com o rival mais próximo teve dificuldades em encontrar o ritmo certo, mas a entrada em campo de Jamie Redknapp, para apoiar Gascoigne, mudou tudo.
Aos oito minutos da segunda parte a equipa da casa chegou à vantagem, quando Gareth Southgate encontrou Gary Neville com espaço na direita, e o seu rápido cruzamento foi concluído por Shearer de cabeça. O avançado tornou-se no primeiro jogador inglês a marcar mais do que um golo no Campeonato da Europa. Com Steve McManaman a transportar a bola habilmente, a Inglaterra parecia estar no bom caminho.
Mas uma experiente equipa escocesa recusou-se a desistir, e Seaman teve que deter o cabeceamento de Gordon Durie, que depois foi derrubado por Tony Adams na área. McAllister partiu para a bola, mas esta moveu-se da marca de penalty e Seaman defendeu o forte remate com o cotovelo. Depois, com o tipo de sorte a que tinha habituado o público nas fases finais de torneios de selecções, as esperanças da Escócia ficaram ainda mais reduzidas.
Na esquerda, Anderton tocou a bola para o centro, onde Gascoigne a recebeu e depois deixou o público a seus pés com a jogada que se seguiu. Foi um momento verdadeiramente memorável, apesar de mais uma vez a Inglaterra ter jogado de forma algo incaracterística, precisando de melhorar bastante frente à Holanda para se apurar, algo que acabou por acontecer. Quanto à Escócia, aproximava-se o familiar desaire heróico.
"Onzes"
Escócia: Goram; Boyd, Hendry, Calderwood, McKimmie; Collins, McAllister (c), McCall, Tosh McKinlay (Burley 82); Durie (Jess 87), Spencer (McCoist 67)
Suplentes: Leighton, Whyte, Billy McKinlay, Gallacher, Jackson, Booth, Gemmill, Walker
Seleccionador: Craig Brown
Inglaterra: Seaman; Pearce (Redknapp 46, Campbell 85), Southgate, Adams (c), Gary Neville; McManaman, Gascoigne, Ince (Stone 80), Anderton; Shearer, Sheringham
Suplentes: Platt, Flowers, Barmby, Ferdinand, Phil Neville, Fowler, Walker
Seleccionador: Terry Venables
Árbitro: Pierluigi Pairetto (Itália)
Melhor em Campo: David Seaman (Inglaterra)