Espanha 2-1 Inglaterra: como é que a superioridade do meio-campo de La Roja fez a diferença
segunda-feira, 15 de julho de 2024
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Os observadores técnicos da UEFA analisam a forma como o meio-campo da Espanha assumiu o controlo na vitória por 2-1 sobre a Inglaterra na final do EURO 2024.
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A superioridade da Espanha no meio-campo durante a segunda parte fez a diferença, com os comandados de Luis de la Fuente a conquistarem o quarto título diante da Inglaterra, em Berlim.
Foi este o veredicto do painel de observadores técnicos da UEFA, ao reflectir sobre os esforços da Inglaterra para conter a Espanha na zona central no primeiro período sem golos da final do EURO 2024, no domingo – e a resposta dos futuros campeões após o intervalo.
O jogo lateral da Espanha foi outro factor importante – sublinhado pelo golo inaugural fabricado por Lamine Yamal e convertido por Nico Williams, do qual falaremos mais abaixo – mas, como esta análise irá mostrar, a força do meio-campo da Espanha revelou ser o factor decisivo.
Tal como reflectiram os observadores, a Inglaterra adoptou uma abordagem homem-a-homem para marcar os médios espanhóis na primeira parte. O vídeo abaixo oferece um exemplo, mostrando Phil Foden a manter-se próximo de Rodri, enquanto Declan Rice acompanha Dani Olmo e Kobbie Mainoo vigia Fabián Ruiz num primeiro clipe que termina com a recuperação de bola de Inglaterra.
Como resultado disto, a Espanha teve dificuldades em progredir centralmente no primeiro período, com Rodri a produzir apenas três passes entre linhas. A Espanha procurou mais o lado esquerdo, de Marc Cucurella e Williams, com 13 dos seus 18 passes entre linhas oriundos desse lado do terreno.
"Na verdade, defendemos bem na primeira parte, em particular e limitámos as suas possibilidades", disse o seleccionador inglês, Gareth Southgate, e para sublinhar esse ponto, a Espanha teve cinco remates, mas com uma expectativa de sucesso de apenas 0,29.
O segundo período foi uma história diferente, apesar de a Espanha ter ficado sem Rodri, o Jogador do Torneio, ao intervalo, devido a lesão. Martín Zubimendi assumiu o seu lugar como pivô no meio-campo e fez Ruiz juntar-se a ele mais na profundidade. Juntos, os dois receberam a bola em posições que criaram espaços que permitiram à Espanha encontrar passes mais penetrantes, com os médios ingleses incapazes de pressionar os dois ao mesmo tempo sem deixar espaços para explorar.
O segundo clipe mostra a jogada extremamente precisa do golo inaugural, aos 47 minutos, e ilustra este ponto quando vemos a Espanha a circular a bola para a esquerda e depois de volta para a direita, procurando encontrar espaços através da mudança de flanco.
É Ruiz quem faz o passe para Dani Carvajal na ala e, de um modo geral, o lateral-direito espanhol assumiu posições mais adiantadas na segunda parte, o que permitiu a Yamal avançar para o interior, em busca de espaço entre linhas.
Nesta sequência, Jude Bellingham sente-se atraído por Ruiz, o que abre mais espaço interior para Yamal explorar. Já o lateral-esquerdo Luke Shaw está dividido entre ficar perto de Carvajal ou Yamal. E assim, após o fabuloso passe com a parte de fora do pé de Carvajal, Yamal tem espaço para transportar a bola num movimento diagonal para dentro antes de assistir Williams. O crédito é também devido a Álvaro Morata e Olmo pelas movimentações que tiraram dois defesas do caminho, deixando Williams livre na esquerda, de onde finalizou de primeira perante Jordan Pickford.
Sobre a mudança ao intervalo, o seleccionador espanhol De la Fuente afirmou: "Zubimendi é um jogador com qualidades muito semelhantes às do Rodrigo e queríamos manter essa estrutura. É verdade que nos permitiu trazer mais a bola, com mais momentos individuais com a bola para abrir espaços em situações de ataque.
"Queríamos manter a mesma estrutura. A única diferença foi que os jogadores na segunda parte mostraram mais postura do que os nossos adversários. Criámos muitas oportunidades no contra-ataque quando podíamos ter matado o jogo."
Por último, a combinação de Yamal e Williams para o golo inaugural contou com a quarta assistência do primeiro - o Jovem Jogador do Torneio - enquanto, para Williams, de 22 anos, tornou-o no mais jovem a marcar numa final do EURO desde 1968.
"A Espanha, com os seus extremos criativos, criou muitos problemas à Inglaterra", acrescentou o painel de observadores técnicos da UEFA, concluindo: "Foi a melhor equipa do torneio, apresentando jovens extremos entusiasmantes que os elevaram acima das restantes equipas."