Países Baixos 2-1 Turquia: como as arrancadas a partir de trás criaram impacto positivo
segunda-feira, 8 de julho de 2024
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As arrancadas a partir de zonas recuadas foram um dos principais pontos de discussão dos quartos-de-final entre Países Baixos e Turquia, segundo o observador técnico da UEFA, Rafa Benítez.
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As arrancadas a partir de zonas recuadas surgiram como um tema táctico significativo do EURO 2024 e a vitória dos Países Baixos nos quartos-de-final sobre a Turquia constituiu um exemplo disso.
Tal como observado pelo seleccionador vencedor da UEFA Champions League, Rafa Benítez, este foi um duelo em que a Turquia começou muito bem, antes de uma mudança táctica do seleccionador Ronald Koeman ter ajudado os Países Baixos a reverter a desvantagem de 1-0 ao intervalo, para avançar para as meias-finais de quarta-feira, ante a Inglaterra.
Como mostra o gráfico abaixo, as perdas no meio-campo adversário de ambas as equipas reflectiram as oscilações da sorte do jogo. Na primeira meia hora, foram 21 da Turquia e oito dos Países Baixos, espelhando o arranque agressivo da equipa de Vincenzo Montella, que inaugurou o marcador por intermédio de Samet Akaydin aos 35 minutos.
"A primeira parte foi com a Turquia a correr a partir de atrás, com ligações entre os jogadores e a jogar em contra-ataque", disse Benítez.
Os Países Baixos viraram o jogo na segunda parte quando, entre os 46 e os 75 minutos, produziram 17 arrancadas a partir de zonas recuadas face às seis do adversário enquanto perseguiam a reviravolta. Como detalhamos abaixo, fizeram-no com a ajuda da introdução de Wout Weghorst no intervalo.
Como ilustração da ameaça da Turquia na primeira parte, esta imagem acima mostra um dois-para-um face lateral-esquerdo dos Países Baixos, Nathan Aké, pela direita. O lateral Mert Müldür subiu no terreno e aproveitou a profundidade para criar a sobrecarga com o extremo Barış Alper Yılmaz. Yılmaz foi o jogador turco que registou a velocidade máxima na noite de sábado (35 km/h) e nesta sequência disparou para um cruzamento perigoso.
"Houve situações claras de dois-para-um", disse Benítez, que também destacou a ameaça quando Arda Güler, o avançado mais posicional, trocou de posição com Yılmaz, bem como as perguntas feitas por Kenan Yıldız, o extremo do lado oposto. "Yıldız estava a correr por trás e [o lateral-direito Denzel] Dumfries e Stefan de Vrij tinham dúvidas na defesa."
Este segundo gráfico sublinha o impacto de Yılmaz que, durante o primeiro período, fez o maior número de jogadas atrás no meio-campo adversário, com 11 – quase o dobro de qualquer outro jogador.
Para os Países Baixos, o lateral-direito Dumfries foi quem produziu o maior número de arrancadas deste tipo (cinco), mas é revelador que quatro dos seis jogadores listados sejam turcos, com Yılmaz seguido pelo também extremo Yıldız, pelo avançado Güler e pelo lateral Müldür.
O que mudou o jogo foi a já mencionada introdução de Weghorst por Koeman como avançado-referência, com Memphis Depay a cair agora para se juntar a Xavi Simons no topo da sua 'área' de meio-campo em 3-2-2-3. Na primeira parte, Depay foi o avançado mais central, enquanto o lateral direito Steven Bergwijn, agora substituído por Weghorst, explorava o lado de Simons.
Esta imagem de Tijjani Reijnders, pronto para assistir Cody Gapko junto à linha - com Depay a correr de trás para depois receber de Gakpo - ilustra mais uma observação de Benítez sobre o baralhamento táctico de Koeman, que levou a mais passes para as áreas laterais em vez de tentar jogar pelo meio.
"Tinham agora um alvo alto e Xavi Simons e Depay um pouco mais atrás, com Gakpo ao lado e os dois médios, Reijnders e Jerdy Schouten, a descerem para gerir o jogo e explorarem a largura", explicou Benítez.
Como consequência, os Países Baixos conseguiram explorar mais espaços atrás da última linha. “Não nos deram muito espaço, mas às vezes conseguimos encontrá-lo”, disse De Vrij, autor do golo do empate, mais tarde, e Simons e Depay certamente lucraram com mais corridas nas entrelinhas.
O contraste com o início do jogo é sublinhado neste gráfico final, que mostra três neerlandeses entre os cinco primeiros classificados em desvantagem no meio-campo adversário durante o segundo período; Simons lidera com seis.
A maioria destes arranques ocorreu antes dos 76 minutos e do autogolo de Müldür, que decidiu o resultado. Para sublinhar a intensidade da tentativa posterior da Turquia em busca do empate, o suplente Cenk Tosun – que só entrou em campo a partir dos 82 minutos – terminou com cinco arrancadas a partir de trás. Nesse período final, aos 76 minutos, a Turquia registou 11 corridas a partir de zonas recuadas de três para os Países Baixos e efectuou oito do total de dez cruzamentos.
Por último, a apenas três jogos do final do EURO 2024, a Turquia é a segunda equipa classificada em corridas a partir de trás por minuto de posse de bola (2,54), destacando que este foi um ingrediente importante para os homens de Montella ao longo de uma campanha impressionante aqui na Alemanha.