Análise do EURO: como é que Nico Williams fez a diferença para a Espanha
domingo, 23 de junho de 2024
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A unidade de análise de desempenho da UEFA analisa mais de perto o extremo espanhol Nico Williams, após o seu início fantástico neste torneio.
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Mesmo antes de chegar à Alemanha com a sua selecção nacional, o extremo do Athletic Club, Nico Williams, garantiu que 2024 seria um ano inesquecível.
Afinal, em Abril ajudou o Athletic a conquistar a Taça de Espanha – o primeiro troféu importante do clube nos últimos 40 anos – tendo marcado contra o Barcelona e o Atlético de Madrid durante o percurso.
Aqui no UEFA EURO 2024 melhorou ainda mais a sua reputação, tendo sido titular nos dois jogos da Espanha até ao momento e brilhando em particular durante a vitória por 1-0 sobre a Itália. Uma ameaça sempre que tinha a bola, o jovem de 21 anos foi apontado pelo observador técnico da UEFA, Fabio Capello, pelo seu desempenho no "um contra um", que lhe atribuiu o prémio de Melhor em Campo.
“As situações um contra um são o meu forte", disse o próprio Williams após uma partida em que foi assertivo, rápido e directo, sempre procurando fazer a diferença.
Mesmo que não seja titular no jogo de segunda-feira, frente à Albânia, qualquer que seja o vencedor do Grupo B que a Espanha defronte nos oitavos-de-final, saberá que não precisa de se preocupar apenas com Yamine Lamal, o igualmente jovem na ala contrária.
Na verdade, Williams teve tantos dribles bem-sucedidos (quatro) contra a Itália quanto Yamal e, como esta análise irá mostrar, a ameaça do lado esquerdo da Espanha inclui uma dimensão adicional no entendimento que Williams forjou com Marc Cucurella, o lateral que actuou no seu flanco.
O mapa acima mostra onde Williams esteve especialmente activo, e a imagem é adequada para a imagem de Cucurella a correr atrás dele – algo ao qual retomaremos mais tarde.
Primeiro, porém, para elaborar a área de influência máxima de Williams, o segundo gráfico abaixo mostra os locais precisos das suas principais acções de ataque, dividindo-as em cruzamentos, passes importantes, remates e dribles.
O seu fornecimento de bolas pela esquerda incluiu um cruzamento para um cabeceamento de Pedri, depois de este ter ultrapassado pela primeira vez o lateral-direito italiano Giovanni Di Lorenzo - uma declaração de intenções numa noite em que fez 12 dribles, o maior número até agora neste EURO.
O jogo positivo de Williams com a bola também é ilustrado pela métrica abaixo para dribles a queimar linhas. Este é um extremo que procura passar pelos adversários e, depois de acumular 13 dribles, ostentava significativamente mais do que o segundo classificado com as cores espanholas, Pedri.
Ligação com Cucurella
A segunda parte desta análise centra-se na forma como Williams combinou com Cucurella. A imagem abaixo mostra como ambos atacaram em conjunto, muitas vezes a começar ainda numa área mais recuada. Neste exemplo específico, Cucurella atraiu um defesa com ele, o que significa que Williams tinha apenas um homem para ultrapassar ao progredir e rematar à trave.
De acordo com os analistas de desempenho da UEFA, Williams gosta de alterar a sua abordagem, indo para fora em algumas ocasiões e para dentro noutras, e ter Cucurella a atacar com ele permite ainda mais variações.
Aos 52 minutos do jogo contra a Itália Williams combinou com Cucurella, tendo a jogada culminado com uma assistência para Pedri, que falhou por pouco. Três minutos depois, com Cucurella novamente na zona interior, Williams escolheu outra opção, passando por fora, sobre Di Lorenzo e cruzando para o auto-golo de Riccardo Calafiori.
Por fim, não foi apenas na bola que Williams causou impacto naquela noite. Este último gráfico reflecte a sua vontade de proporcionar dores de cabeça aos defesas sem bola, mostrando que ficou em primeiro lugar na selecção espanhola em recuperações (12).
No geral, foi uma exibição muito impressionante de Williams, um bom augúrio para ele e para a Espanha quando a fase a eliminar começar.