Luciano Spalletti sobre tácticas, a defesa do título do EURO e estar no "paraíso" – entrevista
segunda-feira, 10 de junho de 2024
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De uma certa forma, estamos a enfrentar-nos a nós próprios e não o mundo exterior", disse Luciano Spalletti enquanto prepara a Itália para a defesa do título no UEFA EURO 2024.
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Tendo assumido o comando da Itália em Agosto de 2023, após a saída do seu antecessor Roberto Mancini, Luciano Spalletti recebeu como missão orquestrar a defesa do título dos Azzurri no UEFA EURO 2024.
Um sólido jogador nos escalões secundários, Spalletti afirmou-se como treinador nas divisões inferiores antes de uma excepcional passagem pelo comando da Udinese levar a Roma a contratá-lo em 2005. Desde então, conquistou campeonatos nacionais na Rússia, assumiu o comando do Inter e – mais notavelmente – levou o Nápoles ao seu primeiro título da Serie A desfe 1990 em 2022/23. Actualmente com 65 anos, falou ao UEFA.com sobre os princípios que guiarão a sua equipa na fase final na Alemanha.
Sobre as principais características futebolísticas da Itália
Muitas vezes somos caracterizados, ou pelo menos conhecidos, por sermos bons na fase defensiva e explorarmos o espaço no contra-ataque. Mas em Itália estamos a mudar a nossa abordagem. Queremos que os jogadores avancem em vez de ficarem sempre à espera. Queremos pressionar, queremos construir o jogo e tentar bloquear em equipa.
O jogo é fluido. Trata-se de procurar aqueles espaços deixados pela oposição, porque o espaço já não está nas entrelinhas. O espaço é onde a outra equipa deixa lacunas. Às vezes começa-se com uma forma ou sistema inicial e depois termina com outra coisa: dois sistemas diferentes durante o mesmo jogo. Por causa dessa fluidez, acaba-se por fazer as coisas de maneira diferente. Não é aquele tipo de coisa rígida e facilmente reconhecível que se costumava ter no passado. É muito mais criativo agora.
Sobre Giovanni Di Lorenzo e Federico Dimarco
Eles podem jogar fora de sua zona de conforto. Sabem jogar como centrocampistas ou como laterais que podem subir no terreno. Eles não têm medo de aparecer em zonas de finalização e marcar. Esses jogadores, que têm essa fluidez quando jogam, ficam à vontade em qualquer lugar do campo. Dominam o meio-campo e também estão curiosos para ver o que está atrás da linha defensiva. São excelentes jogadores.
Sobre a adaptação ao seu cargo
Parece o paraíso estar em situações como esta. Tenho idade suficiente para saber, com todos os altos e baixos do futebol, que hoje em dia podemos estar prestes a tornarmo-nos o número 1 do mundo num minuto e a ter dificuldades no minuto seguinte.
As partidas vêm e vão. Estes torneios são muito importantes e é por isso que precisamos de estar preparados para tudo; como dizemos no nosso hino: 'Estamos prontos para morrer' por estes jogos.
Sobre a pressão da Itália defender o seu título
Na minha opinião, entrar no torneio como o atcual campeão é uma vantagem. Mas temos de compreender desde já que temos de nos comportar como o campeão em título. A Itália escolheu-nos para representar a nossa nação, mas só veremos se estamos ou não à altura da tarefa durante os jogos.
Precisamos de mostrar isso. Precisamos de nos convencer a nós próprios e não apenas os adeptos. De uma certa forma, estamos a enfrentar-nos a nós próprios e não o mundo exterior. Precisamos de mostrar do que somos feitos, mostrar o que temos por dentro.