Crónica da final da Women's Champions League: Arsenal destrona o Barcelona com golo de Blackstenius

O Arsenal derrotou o Barcelona por 1-0 e venceu a final da UEFA Women’s Champions League, em Lisboa, graças a um golo de Stina Blackstenius apontado na segunda parte, oito minutos depois de ter saltado do banco de suplentes.

O Barcelona, à procura do terceiro título consecutivo, tendo chegado à final pelo quinto ano seguido, teve mais bola, mas as ocasiões de golo foram divididas e, a 15 minutos do fim, Beth Mead, também ela vinda do banco, assistiu Blackstenius para esta marcar o golo que selou a vitória das Gunners, 18 anos depois da única final anterior do Arsenal, quando venceram a então denominada Taça UEFA Feminina ao derrotarem o Umeå pelo mesmo resultado de 1-0, mas nessa altura no conjunto de duas mãos.

O jogo em poucas palavras: Diferença veio do banco

O Arsenal começou bem e dominou os primeiros dez minutos, mas a primeira verdadeira oportunidade foi de Aitana Bonmatí, que depois de um excelente trabalho individual viu o seu remate interceptado bloqueado.

Stina Blackstenius festeja após marcar o golo da vitória do Arsenal na final da Women's Champions LeagueGetty Images

As londrinas não se assustaram e Frida Maanum rematou de longe, forçando uma defesa com a ponta dos dedos de Cata Coll; depois, Kim Little atirou por cima após o canto resultante. Na outra área, Aitana testou Van Domselaar na baliza do Arsenal após nova jogada individual e Leah Williamson interceptou um remate de Clàudia Pina, melhor marcadora da prova, que parecia destinado a levar perigo.

O Barcelona cresceu, dominou os últimos momentos da primeira parte e aumentou ainda mais o ritmo após o intervalo, com Pina a testar Van Domselaar de longe antes de combinar com Aitana e desferir um remate que desviou em Emily Fox e bateu no topo da barra.

Ona Batlle também ameaçou o golo para as catalãs e, perante a pressão crescente do Barça, o Arsenal fez saltar do banco Beth Mead e Stina Blackstenius, invertendo o rumo dos acontecimentos. A avançada sueca ficou perto de bater Cata Coll mal entrou, do outro lado Ewa Pajor ainda deixou mais um aviso, mas Blackstenius marcou mesmo, com um remate rasteiro já dentro da área a passe de Mead.

O Barcelona tentou tudo até ao fim, mas o resultado não mexeu mais e a festa, em Lisboa, foi mesmo Londrina.

Melhor em Campo Visa: Stina Blackstenius (Arsenal)

Stina Blackstenius com o seu troféuUEFA via Getty Images

Teve duas chances oportunidades do golo com as suas arrancadas a partir de trás, esticando ainda mais o jogo. Depois veio o golo que ditou a vitória da sua equipa; a assistência de Mead mostra também o impacto das substituições do Arsenal na mudança do jogo.

Painel de Observadores Técnicos da UEFA

Reacções

Renée Slegers, treinadora do Arsenal: “Estou muito orgulhosa das minhas jogadoras. Podemos ter todas estas ideias na cabeça, mostrar vídeos, usar o quadro táctico e depois treiná-las, mas quando jogamos contra um rival tão bom, que não defrontamos há anos, é preciso pôr tudo isso em prática numa final da Champions League, o que diz muito sobre as minhas jogadoras. Penso que este foi o jogo mais difícil que disputámos até agora – o Barcelona deu-nos muito que fazer.“

"Tivemos muitos momentos difíceis esta época. Passámos por tanta coisa juntas, mas lutámos sempre. A confiança foi crescendo ao longo da época, e alguns momentos críticos deram-nos cada vez mais confiança. As jogadoras investiram muito, foram muita intensas nos treinos. Todas as coisas que lhes exigimos , todas as perguntas que lhes fizemos – elas merecem isto!"

Pere Romeu, treinador do Barcelona: “Perder uma final como esta deixa-nos num estado de espírito complicado. As nossas jogadoras mais experientes e melhores sabem que, numa final como esta, tudo pode acontecer. Queríamos ter tido mais posse de bola, mais controlo. Custou-nos gerar a 'superioridade' que queríamos alcançar."

“Cada um pode julgar o nosso trabalho como quiser. Chegámos ao último jogo da Champions League. Em termos autocríticos, não fizemos a melhor exibição, mas penso que ninguém deve julgar a nossa época apenas por este jogo.”

Stina Blackstenius, Melhor em Campo Visa e autora do golo do Arsenal: “Não consigo acreditar. Fizemos uma exibição colectiva desde o início até ao fim. Não consigo acreditar que ganhámos a Champions League. Ainda não me apercebi."

“Disseram-me que devia tentar entras nas costas e tentar. Foi, mais uma vez, um grande desempenho da equipa. Estou muito orgulhosa do nosso percurso, de como chegámos até aqui e de como gerimos o jogo hoje.”

Aitana Bonmatí, médio do Barcelona: “Não estivemos no nosso melhor na primeira parte. Custou-nos impor o nosso jogo. Depois do intervalo, penso que o jogo ficou mais confortável para nós, mas quero felicitar o Arsenal porque cumpriu o seu plano de jogo, esperou pela sua oportunidade e aproveitou-a."

“Dói-me muito olhar para as bancadas e ver os nossos adeptos. Faz-me lembrar a derrota em Turim [na final de 2022]. O golo do Arsenal surgiu de uma jogada de bola parada que não defendemos bem, mas elas souberam aproveitar a oportunidade. Não estivemos ao nosso melhor nível, mas demos tudo o que tínhamos. Em situações como esta, o futebol por vezes castiga-nos. Temos de seguir em frente e usar o que aconteceu aqui em nosso benefício no futuro.”

Estatísticas

• O Arsenal conquistou o seu segundo título, 18 anos depois da sua única final anterior; uma diferença recorde entre o primeiro e o segundo títulos e finais.
• O Arsenal foi a primeira equipa a chegar à final a partir da primeira ronda neste formato e a sua campanha envolveu um número sem precedentes de 15 jogos.
• Katie McCabe foi titular em todos os 15 jogos e os seus 1.297 minutos são o maior número alguma vez registado por uma jogadora numa só temporada de clubes femininos da UEFA. Blackstenius, Mariona, Caitlin Foord, Maanum e Alessia Russo também participaram em todos os 15 jogos desta campanha do Arsenal.
• O Barcelona disputou o seu 100.º jogo na prova, sendo a quarta equipa a atingir a marca, depois de Lyon, Arsenal e Wolfsburg. Os dois primeiros jogos foram também derrotas contra o Arsenal, nos oitavos-de-final da temporada 2012/13 (Alexia e Little também participaram).
• O Barcelona igualou o recorde do Lyon ao disputar a quinta final consecutiva.
• Aitana e Alexia mantiveram o seu recorde de presença em todas as seis finais do Barcelona. A única outra jogadora a aparecer pelo Barcelona nos primeiros cinco jogos foi Mariona, que se mudou para o Arsenal no Verão passado.
• O Barcelona terminou a sua campanha na prova esta época com 44 golos, menos um do que o recorde do Wolfsburg de 2013/14.

Equipas

Arsenal: Van Domselaar; Fox, Williamson, Catley, McCabe; Mariona, Maanum (Blackstenius 67), Little; Foord (Hurtig 86), Russo (Wubben-Moy 90+1), Kelly (Mead 67)

Barcelona: Cata Coll; Batlle, Paredes, Mapi León (Engen 78), Rolfö (Brugts 78); Aitana Bonmatí, Patri Guijarro, Alexia Putellas; Graham Hansen, Pajor, Pina (Paralluelo 62)

Momentos antes do início da final em LisboaUEFA via Getty Images