In the Zone: como o Real Madrid procurou controlar o Atleti

Depois de uma noite de emoções fortes no Metropolitano, Thibaut Courtois mostrou-se algo enigmático ao resumir o golo madrugador sofrido pelo Real Madrid contra o vizinho Atleti. “Não começámos bem”, disse o guarda-redes do Real Madrid, o que é certamente uma forma de descrever o golo sofrido aos 28 segundos de um grande dérbi, embora – mais uma vez – não tenha impedido o detentor do troféu de passar à fase seguinte.

A análise que se segue, apresentada pela FedEx, analisa a forma como o Atleti colocou algumas questões difíceis ao Real Madrid, nomeadamente na primeira parte do jogo de quarta-feira da segunda mão dos oitavos-de-final da Champions League, mas também a maneira como a equipa de Carlo Ancelotti acabou por se impor.

Ameaça directa dá ânimo inicial ao Atleti

O vídeo acima começa com o golo inaugural de Conor Gallagher, o primeiro do inglês na Champions League. Como se pode ver, a jogada começa com uma bola lançada em profundidade por Clément Lenglet. O defesa-central do Real Madrid, Raúl Asencio, chega à bola, mas fica com um jogador de camisola vermelha e branca. Com a recuperação da bola perdida, o Atleti avança e o cruzamento de Rodrigo De Paul é ajudado pelo toque subtil de Giuliano Simeone para Gallagher deslizar e marcar.

Para Courtois, o Real Madrid devia ter deixado passar a bola de Lenglet, mas “não deixámos passar a bola, eles recuperaram-na, cruzaram e marcaram”.

A jogar com uma intensidade e energia impressionantes, o Atleti também ameaçou o segundo golo – pelo menos na primeira parte – e o segundo vídeo mostra uma dessas situações, mais uma vez a partir de uma segunda bola, quando o alívio de cabeça por parte de Antonio Rüdiger é recolhido por Julián Alvarez, que entra na área e testa Courtois com um remate ao ângulo.

Missão de controlo limita oportunidades claras

O treinador do Real Madrid, Ancelotti, considerou que o principal perigo do Atleti era quando “tentavam apanhar-nos fora de posição em transições rápidas”. Mas isso foi mais fácil de dizer do que fazer. Depois de um xG de 0,92 na primeira parte, o xG do Atleti no resto do jogo caiu para 0,54.

Rafa Benítez, Observador Técnico da UEFA, explicou: “Eles marcaram o primeiro golo e depois tiveram de defender; e depois, como não tinham muito espaço no contra-ataque, encontraram uma alternativa com algumas bolas mais longas e segundas bolas. A outra forma foi através de lances de bola parada.”

Ancelotti – repetindo as suas palavras sobre o plano de jogo da primeira mão – admitiu que os visitantes tinham jogado com alguma cautela, o que levou à falta de espaço de que fala Benítez. “A prioridade era não complicar o jogo com jogadas complicadas e perder a bola desnecessariamente; porque podem apanhar-te fora de posição e podem marcar um segundo golo”, afirmou na conferência de imprensa pós-jogo. “Foi por isso que não criámos muitas oportunidades. A segunda parte foi um pouco melhor.”

Dito isto, o campeão terminou os 120 minutos com apenas três remates à baliza e Diego Simeone comentou que “[o Real Madrid] controlou a posse de bola sem [criar] oportunidades”.

Tudo isto está de acordo com a análise da primeira mão efectuada pela unidade de análise de desempenho da UEFA, referindo que o controlo da posse de bola foi uma parte importante do plano de jogo de ambos os treinadores.

De acordo com Benítez, que assistiu à partida nas bancadas do Metropolitano, esta procura de controlo fez com que o Real Madrid "não jogasse com um ritmo elevado e não causasse perigo com entradas pelas costas”.

E, no entanto, como tem sido frequentemente o caso ao longo dos anos nesta competição, ainda encontrou uma maneira de prevalecer. O Real Madrid tinha vencido os cinco confrontos anteriores com o Atleti nesta prova, incluindo as finais de 2014 e 2016 (esta última nos penáltis), e à medida que o desempate por grandes penalidades se desenrolava no fecho da noite de quarta-feira, houve um sentimento familiar no ar. Por uma margem mínima, o Real Madrid tinha novamente conseguido.