Análise de Desempenho na Champions League: Como o controlo foi o objectivo no Bernabéu
sábado, 8 de março de 2025
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Os Observadores Técnicos da UEFA, Rafa Benítez e Steve Cooper, reflectem sobre os aspectos tácticos do dérbi de Madrid.
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Controlo. Foi uma palavra que surgiu mais do que uma vez no rescaldo do encontro desta semana entre o Real Madrid e o Atlético de Madrid, a contar para a primeira mão dos oitavos-de-final da UEFA Champions League.
Carlo Ancelotti, o treinador do Real Madrid, utilizou-a no seu resumo do jogo ao dizer: "Eles tiveram o controlo do jogo em alguns momentos e nós noutros, mas não criaram muitas oportunidades". Quanto ao treinador do Atleti, Diego Simeone, comentou: "Tivemos muito controlo do jogo".
Não é por acaso que dois dos treinadores mais experientes da Champions League se pronunciaram da mesma forma após uma primeira mão com poucas oportunidades. Como mostra este estudo da unidade de análise da UEFA, o jogo de terça-feira foi marcado por uma série de ajustes tácticos que sugerem que os dois treinadores estavam cientes da segunda parte da eliminatória que terá lugar no Estádio Metropolitano.
Este gráfico mostra a forma ofensiva média do Real Madrid quando tinha a bola e evidencia que, quando atacava, o fazia com dois jogadores no centro do terreno e os centrais próximos. O objectivo era manter um bom equilíbrio atrás da bola e controlar o espaço em transição.
Este ponto é reforçado pelo vídeo acima, que mostra um exemplo do Real Madrid a atacar na primeira parte, com os médios Aurélien Tchouaméni e Eduardo Camavinga a permanecerem recuados, ligados à defesa. O objectivo é controlar a zona central. O que significa, neste vídeo, que quando o Real Madrid ataca, fá-lo em menor número e a jogada é interrompida. No entanto, o lado positivo é que, quando o Atleti ganha a bola, é forçado a sair pelas alas devido à forma defensiva do Real Madrid. O Observador Técnico da UEFA, Rafa Benítez, observou que "Só houve um contra-ataque do Atleti na primeira parte".
Outra faceta a considerar é a pressão do Real Madrid e o primeiro excerto do vídeo acima mostra que os seus médios não se juntam à pressão alta - mais uma vez porque a sua prioridade era o controlo central. O Atleti, como podemos ver, é capaz de construir um 3x2 na retaguarda e este foi um factor que levou os visitantes a terem muita posse de bola.
O Real Madrid ajustou a sua pressão na segunda parte, como se pode ver no segundo excerto, em que Brahim Díaz se junta aos dois da frente para pressionar mais alto.
Para o Observador Técnico da UEFA, Steve Cooper, vale a pena notar que "a equipa que perdeu a bola decidiu não ir atrás dela e voltar à sua forma, enquanto a outra equipa reconheceu que não precisa de apressar o ataque". Cooper explica na parte final deste artigo como é que os treinadores podem treinar os seus jogadores para utilizarem as estratégias vistas neste embate.
Posse de bola com um objectivo
Mudando o foco para o Atleti, a formação colchonera teve períodos mais longos de posse de bola do que normalmente esperaria no Santiago Bernabéu. Isso é reflectido no gráfico abaixo, que mostra que em apenas um jogo na Champions League desta temporada tiveram uma média de posse de bola maior do que os 19 segundos que conseguiram na casa dos seus rivais citadinos.
Isso foi o produto de mais do que um factor, começando com a relutância do Real Madrid em apostar mais na pressão alta. Além disso, da perspectiva do Atleti, manter a bola e diminuir o ritmo era parte do plano de jogo. Como Benítez afirmou: "Eles preferiram controlar o jogo."
Este terceiro vídeo apresenta uma sequência de posse de bola do Atleti de mais de 90 segundos, sendo que grande parte desse tempo é passado no meio-campo do Real Madrid. Reveladoramente, no entanto, os visitantes têm os perigosos jogadores de frente dos anfitriões ocupados no seu próprio meio-campo – em áreas das quais é mais difícil lançar um de seus velozes contra-ataques.
Benítez disse: "Eles estavam felizes em diminuir o ritmo. Foi possível ver Simeone gesticular para diminuir o ritmo do jogo. Eles estavam confortáveis com isso e em não dar oportunidades ao Real Madrid de contra-atacar."
É um ponto que o extremo do Real Madrid, Rodrygo, também comentou, quando disse à Movistar Plus: "Hoje, em muitos momentos, eles tiveram um pouco mais de bola. Não estamos acostumados a isso. Tivemos que defender."
Outro detalhe da mudança no quadro táctico de terça-feira foi como o Atleti ajustou a sua disposição em campo no segundo tempo, como mostrado pelos gráficos acima e abaixo. Acima está o seu dispocionamento ao defender num bloco médio durante o primeiro tempo, um claro 4-4-2. Na segunda parte, por outro lado, esse disposicionamento transformou-se num 5-4-1, facilitado pela introdução de um terceiro central no minuto 71, Robin Le Normand.
O último vídeo da nossa análise serve para demonstrar como essa mudança táctica ajudou os homens de Simeone. Começa por mostrar a ameaça representada pelo Real Madrid no início do jogo quando, como Ancelotti explicou, apostaram nos seus extremos e Rodrygo, em particular, beneficiou ao aproveitar o espaço nas costas de Javi Galán.