Inglaterra 2-1 Alemanha (ap): Kelly dá triunfo inédito às anfitriãs
domingo, 31 de julho de 2022
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As anfitriãs conquistaram o seu primeiro grande título graças a um triunfo sobre a Alemanha, após prolongamento, perante uma assistência recorde de 87.192 espectadores em Wembley.
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Chloe Kelly foi a heroína da anfitriã Inglaterra na conquista do UEFA Women's EURO, pela primeira vez, ao derrotar a oito vezes campeã Alemanha, após prolongamento, perante uma assistência recorde de 87.192 espectadores em Wembley.
Momentos-chave
Pré-jogo: Popp lesiona-se no aquecimento
25' Williamson nega golo a Hegering com grande corte
39' White falha o alvo por pouco
48' Wassmuth salta do banco e fica perto de marcar
62' Toone abre o activo para a Inglaterra com chapéu fantástico
66' Magull acerta no poste
79' Magull empata com excelente finalização
108' Toone coloca Frohms à prova
111' Kelly marca golo da vitória inglesa na recarga
O jogo em poucas palavras: Kelly leva Wembley ao rubro
A Inglaterra manteve o mesmo "onze" que usou em todos os jogos ao longo da caminhada até à final, enquanto a Alemanha sofreu um duro contratempo no aquecimento, com a capitã Alex Popp, que havia marcado em todos os cinco jogos que tinha feito na prova, a lesionar-se e a ter de ceder o lugar na equipa inicial a Lea Schüller.
O início de encontro foi frenético, com um cruzamento de Lauren Hemp a permitir a Ellen White cabecear com perigo logo a abrir. A melhor oportunidade de golo dos primeiros 45 minutos, porém, pertenceu à Alemanha, num lance em que valeu à Inglaterra Leah Williamson a travar quase em cima da linha de golo um remate de Marina Hegering.
A selecção germânica fez entrar Wassmuth ao intervalo e começou melhor o segundo tempo, com a recém-entrada atacante a ficar perto de marcar, valendo à Inglaterra a sua guarda-redes, Mary Earps. Lina Magull também ameaçou e Sarina Wiegman, com as adversárias por cima no jogo, também mexeu, fazendo entrar Alessia Russo, que já levava quatro golos vinda do banco nesta fase final, e Ella Toone.
E desta feita foi Toone a suplente goleadora. Apenas sete minutos após entrar em campo, isolada por um grande passe de Keira Walsh, surgiu na cara de Frohms, guarda-redes da Alemanha e, com enorme classe, fez um chapéu brilhante, abrindo o activo.
A Alemanha respondeu de imediato e o empate esteve à vista pouco depois, com Magull a ver um grande remate devolvido pelos ferros da baliza inglesa. Pelo meio, Meads, melhor marcadora do torneio, foi substituída na Inglaterra devido a lesão e Magull acabou mesmo por marcar, restabelecendo a igualdade, a 11 minutos dos 90, com novo remate fulminante, a passe de Wassmuth, situação que forçou o prolongamento.
A Alemanha entrou melhor no tempo extra testando a atenção de Earps na baliza inglesa, só que, aos poucos, a Inglaterra reequilibrou a contenda e acabou mesmo por marcar, recolocando-se em vantagem. Bronze subiu mais alto e cabeceou na sequência de um canto cobrado por Hemp e a bola caiu nos pé de Kelly que, à segunda, colocou a bola no fundo das redes. Ainda havia mais uma parte do prolongamento para jogar, mas o desfecho não voltou a mexer e a Inglaterra fez mesmo a festa em casa.
Melhor em Campo Visa: Keira Walsh (Inglaterra)
"Walsh conferiu equilíbrio à equipa durante todo o jogo. Foi o elo de ligação entre defesa e ataque e raramente perdeu uma bola. Soube sempre encontrar espaços e servir as colegas da frente na perfeição"."
Painel de Observadores Técnicos da UEFA
Lynsey Hooper, repórter a acompanhar a Inglaterra
Tinha que haver uma heroína e mais uma vez foi uma das suplentes de Wiegman! Abram alas para Kelly, cujo primeiro golo pela selecção deu um título inédito. Não foi um remate bonito mas foi eficaz. E a Inglaterra não se importou com isso: o troféu era seu. Toone pensou que ia ser o destaque quando inaugurou o marcado com um chapéu de classe, mas a Alemanha foi igualmente impressionante para empatar, com Magull a mostrar oportunismo e subtileza numa finalização ao primeiro poste. As "leoas" podem ter sido forçadas a esperar mais 30 minutos – mas após 38 anos de jejum, isso não custava nada?
Anna-Sophia Vollmerhausen, repórter a acompanhar a Alemanha
A seleccionadora Martina Voss-Tecklenburg disse antes do jogo que os detalhes fariam a diferença e isso acabou por ser verdade esta noite. Dois lapsos momentâneos de concentração por parte da Alemanha permitiram à Inglaterra marcar – primeiro por Toone, depois por Kelly. A noite não foi da Alemanha, que ainda assim lutou bravamente termina o torneio de cabeça erguida. Parabéns à Inglaterra; todo o país a apoiou ao longo da prova e o futuro para o futebol feminino só pode ser brilhante.
Reacções
Sarina Wiegman, seleccionadora da Inglaterra: "O que fizemos é incrível. Eu sabia que tínhamos toda a Inglaterra a apoiar-nos e sentimos isso na chegada ao estádio. Durante todo o torneio tivemos muito apoio por parte dos nossos adeptos. Estou muito orgulhoso da minha equipa. Penso que marcámos um ponto de viragem. Este torneio fez muito pelo futebol feminino e pelas mulheres em geral na sociedade, não só na Inglaterra mas também em toda a Europa."
Chloe Kelly, autora do golo da vitória da Inglaterra: "É fantástico! Obrigado a cada pessoa que nos veio apoiar! É disto que os sonhos são feitos. Obrigado a todos os que contribuíram para a minha recuperação. Acreditei sempre que estaria aqui, mas acabar por ser eu a marcar o golo da vitória...é fantástico! Estas raparigas são especiais e este que grupo, incluindo todos os que o integram para além das jogadoras, é especial."
Martina Voss-Tecklenburg, seleccionadora da Alemanha: "Estivemos perto, mas a Inglaterra resistiu à nossa pressão e acabou por ser ela a marcar. Há que lhe dar os parabéns. Estamos muito tristes por termos perdido. Demos tudo, mas não foi suficiente, por isso temos de fazer um pouco mais da próxima vez. Jogos como este ajudam-nos a crescer."
Merle Frohms, guarda-redes da Alemanha: "Foi um jogo tenso e emocionante, como esperávamos. Sabíamos que a Inglaterra era um adversário difícil, mas também sabíamos que já tínhamos vencido adversários difíceis e isso dava-nos confiança. Mas não conseguimos; talvez tenhamos acusado algum nervosismo. E, claro, ao sexto jogo é natural que em alguns momentos as forças comecem a faltar."
Principais Estatísticas
- A Inglaterra conquistou o seu primeiro grande título, depois de ter perdido as finais do Women's EURO de 1984 para a Suécia e de 2009 para a Alemanha.
- A Inglaterra tornou-se no quinto país a conquistar o troféu, depois da Alemanha (oito títulos), Noruega (dois), Suécia (um) e Países Baixos (um).
- A Inglaterra segue o exemplo de Noruega (1987), RFA (1989), Alemanha (1995 e 2001) e Países Baixos (2017) como anfitriões a terem erguido o troféu.
- Wiegman é a primeira treinadora a guiar duas selecções diferentes ao título e também a primeira seleccionadora a ganhar uma final ao leme de um país que não o seu.
- A Alemanha perdeu pela primeira vez uma final depois de ter ganho as oito anteriores que disputou em 1989, 1991, 1995, 1997, 2001, 2005, 2009 (contra a Inglaterra) e 2013.
- A Inglaterra bateu o recorde da Alemanha (2009) de 21 golos marcados no EURO Feminino; o tento da vitória na final o seu 22º no torneio.
- A Inglaterra venceu 18 e empatou dois dos seus últimos 20 jogos (GM106 GS5) desde que Wiegman assumiu o comando.
- O golo de Toone foi o 500º marcado na fase final do EURO Feminino.
- Mead terminou como melhor marcadora com seis golos e cinco assistências, à frente de Popp (seis golos, nenhuma assistência) e Alessia Russo (quatro golos, uma assistência, tudo após sair do banco de suplentes).
- A Inglaterra escolheu o mesmo "onze" inicial em nos seis jogos que disputou na prova. É a primeira vez que tal acontece na fase final de um EURO com fase de grupos, seja feminino ou masculino.
- A Alemanha marcou nos 25 jogos que disputou na fase a eliminar da fase final.
- A assistência de 87.192 pessoas foi a maior de sempre num jogo de selecções na Europa.
Ficha de Jogo
Inglaterra: Earps; Bronze, Bright, Williamson, Daly (Greenwood 88); Stanway (Scott 89), Walsh; Mead (Kelly 64), Kirby (Toone 56), Hemp (Parris 119); White (Russo 56)
Alemanha: Frohms; Gwinn, Hendrich, Hegering (Doorsoun 103), Rauch (Lattwein 113); Magull (Dallmann 90), Oberdorf, Däbritz (Lohmann 73); Huth, Schüller (Anyomi 67), Brand (Wassmuth 46)
O que se segue?
As duas selecções voltam a entrar em acção em jogos oficiais em Setembro, na conclusão da Qualificação Europeia para o Campeonato do Mundo Feminino da FIFA de 2023, a ter lugar na Austrália e na Nova Zelândia no próximo Verão, de 20 de Julho a 20 de Agosto. Quatro das 11 vagas europeias já estão preenchidas por Dinamarca, França, Espanha e Suécia, apuradas como vencedoras dos respectivos grupos.
Ainda sem qualquer golo sofrido e com oito vitórias em oito jogos no Grupo D, a Inglaterra vai carimbar o passaporte para a fase final se não perder como a Áustria (a 3 de Setembro) ou, caso perca, se ganhar depois ao Luxemburgo (a 6 de Setembro). A Alemanha (que lidera o Grupo H - do qual faz parte Portugal - com três pontos de avanço) garantirá o apuramento se vencer a Turquia (3 de Setembro) ou a Bulgária (6 de Setembro).
O Women's EURO, por seu lado, retorna ao seu ciclo normal para a edição de 2023-25, com a escolha do país anfitrião ainda na fase de selecção.