UEFA Women's Champions League: Tendências tácticas da temporada 2021/22
quinta-feira, 25 de agosto de 2022
Sumário do artigo
A análise dos Observadores Técnicos da UEFA para a temporada 2021/22 da UEFA Women's Champions League destaca áreas como a pressão alta e o envolvimento das laterais.
Conteúdo media do artigo

Corpo do artigo
Os Observadores Técnicos da UEFA, presentes em todos os jogos da fase a eliminar da UEFA Women's Champions League 2021/22 partilharam no Relatório Anual da competição a sua visão sobre as tendências que identificaram na prova.
O UEFA.com destaca algumas das principais conclusões.
Pressionar para ter sucesso
Esta foi a primeira época da UEFA Women's Champions League com uma fase de grupos completa e a equipa de Observadores Técnicos quis destacar como a competição se desenvolveu. Em 2018, o relatório observou como poucas equipes operavam com sucesso a pressão alta, mas tudo mudou no espaço de quatro anos.
Cico clubes – Chelsea, Barcelona, Lyon, Bayern Munique e Real Madrid – permitiram aos seus adversários 10.0 ou menos passes por acção defensiva antes de recuperarem a bola, o que talvez esteja ligado à melhoria das condições atléticas, com 10% de aumento no que toca à intensidade da corrida das jogadoras (sprints de mais de 23km/h) em posse de bola em relação a 2020 e 2021, e de 30% sem posse de bola.
As duas equipas mais eficazes neste parâmetro foram Lyon e Barcelona, que marcaram nove golos ao longo da temporada a partir de recuperações de bola no terço de ataque. Ambas acabaram por chegar à final e, nas suas notas sobre esse jogo, a seleccionadora da República da Irlanda, Vera Pauw, observou: "O Lyon abordou e lutou pela bola com uma pressão alta no ataque, fazendo transições ofensivas imediatas após ganhar a posse de bola. Isso impediu que o Barcelona não fosse capaz de começar o jogo da forma como estava habituado."
Percentagem de posse de bola não dita a lei
Talvez por causa disso, dominar a posse de bola não tenha sido necessariamente sinónimo de uma superioridade avassaladora. É verdade que algumas equipas que tiveram dificuldades na fase de grupos tiveram pouca de bola: o HB Køge teve 24% de posse de bola e acabou o Grupo C com zero pontos, tendo que recorrer a passes longos para a frente em jogos em que foi dominado por completo, como frente ao Barcelona.
Mas, por outro lado, o Lyon mostrou o que pode ser feito com paciência e contra-ataque na hora certa. A posse de 61% do Barcelona na final pode ter sido a menor da temporada por parte do conjunto catalão, mas constitui mesmo assim uma parcela significativa num jogo que acabou por perder por 3-1. E os 39% do Lyon foram até mais altos (em 1%) do que havia registado na segunda mão das meias-finais frente ao Paris Saint-Germain, em que venceu por 2-1.
A sua percentagem média de 51,4% de posse de bola ao longo da competição foi apenas a oitava entre os clubes participantes na prova, e a segunda mais baixa entre os oito clubes que chegaram aos quartos-de-final. Mas a capacidade do Lyon em ganhar a bola no último terço do terreno, em zona ofensiva - como o Barcelona sentiu na pele - foi uma arma potente, com o técnico Jonatan Giráldez a admitir que sua equipa estava "confusa" na final, quando os oito vezes campeãs pressionaram alto a turma catalã, afectando o seu habitual jogo de posse.
De regresso às defesas-laterais
Em 2020/21, os Observadores Técnicos notaram que as defesas-laterais estavam a subir muito menos do que em temporadas anteriores e essa tendência continuou. Nenhum dos apurados para os quartos-de-final jogou com alas, preferindo uma defesa a quatro, com as laterais a tenderem a apoiar as extremos em vez de avançarem com a bola.
No Lyon, por exemplo, Ellie Carpenter e Delphine Cascarino à direita, e Selma Bacha e Melvine Malard à esquerda, mostraram bom entendimento, tal como Amy Lawrence-Kadidiatou Diani e Sakina Karchaoui-Sandy Baltimore no Paris. A velocidade é crucial, tal como o entendimento, com as defesas-laterais a adoptarem abordagens diferentes quando atacam: Bacha correu várias vezes pela linha para cruzar e Marta Torrejón, do Barcelona, mostrou uma preferência para cortar para dentro.
Enquanto isso, Real Madrid e Juventus usaram as suas laterais de forma conservadora, cobrindo as avaçadas das alas velozes e vicado ainda mais o quanto o papel deste tipo de defesas pode ser versátil, com as qualidades individuais de cada uma a influenciarem os planos táticos dos treinadores. O seleccionador de sub-23 da Finlândia Sub-23, Jarmo Matikainen, afirmou: "As defesas laterais estão a melhorar cada vez mais em termos de capacidade aeróbica, técnica e força".