Crónica do Palma 1-1 Sporting (ap, 5-3pens) na final da Futsal Champions League: Anfitriões completam estreia de sonho
domingo, 7 de maio de 2023
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O Palma deixou em êxtase o público da casa após ser cem por cento certeiro para bater o Sporting nos penáltis e sagrar-se campeão europeu.
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O Palma conquistou o título europeu na época de estreia na UEFA Futsal Champions League, com o anfitrião a encantar os adeptos no Velòdrom Illes Balears-Mallorca ao derrotar o bicampeão Sporting numa final emocionante, decidida nos penáltis.
Jogo em poucas palavras: Eficácia nos penáltis faz Palma festejar
Quando o jogo começou, o recinto lotado, maioritariamente com adeptos espanhóis mas também com inúmeros portugueses, já estava ao rubro. Os minutos iniciais também foram intensos mas com poucas ocasiões flagrantes para ambos, que tinham construídos os triunfos das meias-finais com golos madrugadores. Aos poucos o Palma ficou mais perigoso mas encontrou em Guitta uma barreira quase intransponível.
No entanto o brasileiro nada pôde fazer aos 14 minutos, quando Luan Muller, seu homólogo, partiu desde a sua baliza, passou por três adversários e já em esforço assistiu Mario Rivillos, que mesmo de ângulo apertado atirou a contar.
Depois disso e até ao intervalo, Muller teve muito trabalho mas respondeu à altura, travando os remates perigosos de Tomás Paço e João Matos. Na etapa complementar, Diego Cavinato, autor de um golo espetacular na vitória do Sporting sobre o Anderlecht, testou o guardião, enquanto no meio-campo contrário Rivillos interceptou um passe de Guitta mas depois permitiu a recuperação deste para evitar o golo, com o Nº14 leonino mais tarde a evitar o tento de Mancuso com uma estira oportuna.
Pauleta também ficou frustrado quando Muller conseguiu desviar o seu remate para o poste, situação que repetiu momentos depois com o mesmo jogador. No entanto, a oito minutos para do fim Zicky empatou, sendo mais rápido a reagir ao remate de Cavinato defendido por Muller e facturando de calcanhar.
Os anfitriões quase fizeram o 2-1 perto do fim, numa incursão de Guitta cujo remate Muller defendeu, com a bola a sobrar para Chaguinha e este a rematar de longe para a baliza vazia, acertando na trave. Guitta voltou a ser salvador quando negou o golo a Cleber e garantiu o prolongamento, fase que se desenrolou com poucas ocasiões flagrantes.
O guardião Muller, eleito Jogador do Torneio, defendeu o primeiro remate do Sporting, da autoria de Pany Varela, e após duas tentativas para cada lado, Carlos Barrón, capitão e guarda-redes suplente do Palma, e Neves, do Sporting, viram o vermelho directo após uma altercação na sequência de um penálti convertido. O quinto e decisivo remate coube a Rivillos, que rematou forte e colocado para espoletar os festejos pelo primeiro grande título no palmarés do Palma. Nada mau para um plantel que até esta época tinha apenas quatro jogadores com experiência de competições europeias.
Reacções
Luan Muller, guarda-redes do Palma e Jogador do Torneio: “Estou sem palavras. Nem nos meus melhores sonhos pensei que isto iria acontecer um dia. Que noite! Cada jogador deixou tudo o que tinha em campo e é simplesmente incrível que possamos levantar o troféu e dizer que somos campeões. Poder ajudar a minha equipa no desempate por penáltis e conquistar o prémio de Melhor Jogador do Torneio... Só espero não acordar amanhã e ter sido um sonho".
Antonio Vadillo, treinador do Palma: "Com tudo o que passámos, esta campanha é digna de um filme. Hoje rezei muito. Não vi os penáltis, logo não soube o que se passou nem que tínhamos ganho. Apenas rezei para que esta modalidade não voltasse a ser tão cruel connosco".
"O plano era neutralizar os pontos-fortes do Sporting. Eles são muito fortes em situações de bola parada e com o Guitta no ataque. Acho que conseguimos pará-lo ou pelo menos fazer o Sporting pensar duas vezes. Conseguimos defender os seus pivôs muito bem, impedindo que Zicky e Cavinato aparecessem em zonas perigosas do ringue. Estivemos muito bem defensivamente, tivemos que sofrer muito nos minutos finais porque eles empurraram-nos para trás com passes longos.
"Volto a dizê-lo, adoro o Sporting e acho que o Nuno Dias é o melhor treinador do Mundo na preparação dos jogos, mas hoje fomos perfeitos".
Nuno Dias, treinador do Sporting: “Foi uma partida muito equilibrada e poderia ter caído para qualquer lado. Perder dói sempre, mas assim talvez doa um pouco mais. Fomos a melhor equipa na segunda parte e no prolongamento, mas isso não significa muito, visto que não ganhámos o troféu. Jogámos muito bem e estou muito orgulhoso dos meus jogadores porque deram tudo o que tinham esta noite. Temos de dar os parabéns ao Palma, e o apoio dos seus adeptos foi crucial para eles".
João Matos, capitão do Sporting: “Debatemo-nos com a intensidade e a vontade do Palma no primeiro tempo, melhorámos muito depois do intervalo e fomos muito melhores que eles nesse segundo tempo e no prolongamento. É muito difícil perder assim, mas precisamos de manter a cabeça erguida, porque fizemos o melhor que pudemos. Não é a primeira vez que estamos nesta posição e provavelmente não será a última, mas é a maneira como recuperamos que conta. Fizemos isso no passado e voltaremos a fazer agora".
Estatísticas-chave
- O Palma é o quinto estreante a conquistar o título (sem contar com a edição inaugural).
- Das 22 edições, clubes espanhóis ganharam um total de 12.
- Rivillos também marcou duas vezes frente ao Sporting na final de 2017, na altura pelo Inter.
- O Sporting foi a primeira equipa a disputar seis finais no espaço de sete anos. Desde que o torneio se passou a designar como Futsal Champions League, em 2018/19, só por uma vez não esteve no jogo decisivo.
- O Sporting disputou a final pela terceira vez seguida, repetindo o recorde que tinha igualado entre 2017 e 2019 e que partilha com Dynamo (2005, 2006, 2007 e 2012, 2013, 2014), Inter (2016, 2017, 2018) e Barça (2020, 2021, 2022).
- Nuno Dias, treinador do Sporting, orientou o seu 15º jogo na fase final, naquela que foi a sua sétima participação e sexta final, ambos recordes na competição.
- João Matos, capitão do Sporting, disputou o seu 19º jogo na fase final e a sua sétima final separada (alguns jogadores disputaram oito finais, incluindo as duas mãos no formato pré-2007). Nas meias-finais, João Matos tornou-se no primeiro jogador a cumprir 75 jogos na competição.
- Esta foi a primeira final desde 2014 a ter prolongamento. Tal nunca tinha sido necessário nas seis finais anteriores do Sporting.
- Esta foi apenas a segunda final a ter prolongamento desde 2008, quando o Ekaterinburg venceu o Murcia. Tal como com o Ekaterinburg, este foi o primeiro grande título do Palma (mesmo contando com as provas nacionais).
Jogo do terceiro e quarto lugar: Benfica leva bronze
Antes, no Velòdrom Illes Balears-Mallorca, o Benfica conquistou o terceiro lugar pelo segundo ano consecutivo, apesar da recuperação tardia do Anderlecht, a primeira equipa belga a chegar às meias-finais desde 2007.
Ivan Chishkala marcou primeiro para o Benfica e voltou a marcar no início da segunda parte, após Gréllo ter feito o 1-1 com que se tinha chegado ao intervalo. Diego Nunes aumentou a vantagem e Arthur fez o 4-1, parecendo colocar o resultado fora do alcance dos belgas. O guarda-redes Diego Roncaglio, que representou o Benfica, e Gréllo reduziram para a margem mínima mas as Águias aguentaram nos instantes finais e seguraram a vitória.