Como o Dnipro chegou até Varsóvia
sexta-feira, 15 de maio de 2015
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O triunfo do Dnipro sobre o Nápoles nas meias-finais voltou a provar a eficácia da estratégia do treinador Myron Markevych, como explica Igor Linnyk, do UEFA.com.
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Com a sua equipa obrigada a disputar os jogos em casa em Kiev, o treinador do FC Dnipro Dnipropetrovsk, Myron Markevych, mostrou-se várias vezes preocupado com a falta de apoio por parte dos adeptos ao longo desta campanha na UEFA Europa League.
Até aos quartos-de-final, os amantes do futebol residentes na capital ucraniana foram sempre dando prioridade a assistir pela televisão aos jogos fora do FC Dynamo Kyiv em vez de se deslocarem ao estádio para assistirem ao vivo aos jogos do Dnipro mas, com o Dínamo eliminado, Markevych terá certamente ficado satisfeito com os 62.344 espectadores que estiveram presentes para assistir ao triunfo por 1-0 do Dnipro sobre o SSC Napoli 1-0 e ao consequente apuramento para a final.
A chuva torrencial que se fez sentir não demoveu os adeptos de se deslocaram em massa para apoiarem a última representante ucraniana em prova e as condições mais pesadas do terreno terão até constituído uma ajuda importante para a abordagem mais defensiva ao jogo apresentada pelo Dnipro, apostado em travar as intenções de Rafael Benítez vencer a prova pela terceira vez – depois de ter já erguido o troféu ao leme de Valencia CF (2003/04) e Chelsea FC (2012/13).
A estratégia do Dnipro mostrou-se, uma vez mais, perfeita, com Markevych a transportar o seu famigerado "autocarro" de Nápoles para Kiev. O Dnipro até começou por pressionar alto e atacar com vários homens, mas depressa retomou o Plano A, seguindo as instruções do seu treinador e não se deixando levar pela vontade de jogar de forma demasiado aberta.
A sua principal missão passava por fechar os espaços e perseguir os adversários em todo o terreno, algo que cumpriu em grande estilo. Denys Boyko teve algum trabalho mas só foi chamado verdadeiramente à acção uma vez, quando um passe a rasgar de Gökhan Inler deixou Gonzalo Higuaín na cara do guarda-redes da casa, após uma falha defensiva da sua equipa; porém, pela quarta vez na eliminatória, o guardião de 27 anos, em grande forma, levou a melhor no um-para-um com o internacional argentino.
Não foi ele, contudo, o único herói no conjunto das duas mãos. Yevhen Seleznyov tinha apontado o seu golo 100 na Liga ucraniana dois dias antes do jogo da primeira mão, mas serão certamente os dois golos que marcou ao Nápoles que deixarão para sempre o seu nome bem marcado na história do clube. Ironicamente, o avançado de 29 anos apenas assumiu a titularidade em virtude da lesão sofrida pelo colega Roman Zozulya.
Um exemplo perfeito da forma como Markevych tem sabido sempre tirar partido das circunstâncias em prol do Dnipro. Consciente de que o Nápoles possuía uma equipa mais dotada tecnicamente, o treinador da turma ucraniana não teve problemas em assumir uma postura mais orientada para o resultado. O que lhe faltava em técnica individual, o Dnipro apresentou em determinação e, contando com um jogador como Yevhen Konoplyanka, tem sempre alguém pronto para conduzir a equipa para a frente.
Foi de Konoplyanka - talvez a única estrela de renome do Dnipro - a assistência para o golo de Seleznyov que, esta quinta-feira, colocou a cereja no topo do bolo em Kiev. Mas, como uma vez mais ficou provado, a força do Dnipro não reside apenas num só homem. Reside, sim, no conjunto de todos eles.