Mata apostado em bater ídolo Raúl

Dizem que não devemos nunca conhecer os nossos heróis, mas tal não foi um problema para Juan Mata quando, ainda um jovem adolescente aspirante a futebolista na academia do Real Madrid CF, se cruzou pela primeira vez com a então estrela maior do clube, Raúl González.

"Tive oportunidade de falar com ele há vários anos, quando ainda alinhava nas camadas jovens do Real", recorda o extremo, que em 2007 se mudou do Real Madrid Castilla, a equipa B da formação "merengue", para o Valencia CF. "Ele seguia sempre com atenção os novos jogadores das camadas jovens e dava-nos alguns conselhos. Penso que é um grande exemplo para todos os futebolistas."

Raúl era o modelo de jogador perfeito a seguir por "todos os jogadores espanhóis", acrescentou Mata. Mas o objectivo do internacional espanhol de 22 anos passa, agora, por bater o seu herói, quando o Valência visitar o FC Schalke 04, quarta-feira, na segunda mão dos oitavos-de-final da UEFA Champions League. E é devido a Raúl que o Valência entrará em desvantagem em Gelsenkirchen, depois de um golo do avançado espanhol na segunda parte do encontro ter valido à formação germânica um empate 1-1 na partida da primeira mão, no terreno do adversário. Mata, ainda assim, mostra-se optimista para o encontro da segunda mão.

"Estivemos na frente no primeiro jogo, tal como pretendíamos, mas não conseguimos ampliar essa vantagem e, na Champions League, sabemos que todas as equipas têm um grande nível e podem marcar a qualquer momento, especialmente quando, como acontece com o Schalke, contam com um jogador como Raúl - ele é o melhor marcador da história da competição e é um jogador extremamente inteligente," salientou Mata.

"O golo que ele marcou custou-nos bastante, pois os golos fora são sempre preciosos, mas acredito que a nossa equipa também pode marcar na Alemanha e mesmo vencer o jogo, passando à ronda seguinte," acrescentou Mata, cuja confiança é corroborada pelo registo de invencibilidade fora de portas apresentado pelo Valência na presente edição da UEFA Champions League. Menos encorajador é o facto de a formação "che" apenas ter vencido por uma vez em dez visitas a solo alemão. Porém, esse triunfo verificou-se precisamente no terreno do Schalke, durante a fase de grupos da edição de 2007/08 da UEFA Champions League.

Mata não está demasiado preocupado com os quatro jogadores - o guarda-redes Miguel Ángel Moyà, o médio David Albelda e o avançado Aritz Aduriz, lesionados, e o lateral-direito português Miguel, suspenso por motivos disciplinares - que não vão efectuar a viagem até à Alemanha, afirmando que poderá até haver "alguma desconfiança entre os adeptos", mas que a equipa comandada por Unai Emery "continua no bom caminho" para atingir os objectivos propostos para a temporada de 2010/11.

"Penso que vamos terminar no terceiro lugar da Liga espanhola. Acredito que a equipa será capaz de segurar essa posição", explicou. "Será muito importante fazer do Mestalla um estádio onde seja muito difícil para as outras equipas conquistar pontos. Na Champions League sinto que poderemos chegar à ronda seguinte e, então, nos quartos-de-final, medir forças com um dos nomes grandes da Europa."

O principal objectivo da equipa passa por assegurar um lugar na UEFA Champions League na próxima temporada, mas quais as perspectivas para a actual presença na prova? "Ir o mais longe possível", respondeu Mata. "Os adeptos merecem ter mais noites de Champions League no seu estádio." Mesmo que para tal seja preciso usar os ensinamentos de Raúl contra o próprio.