O UEFA.com funciona melhor noutros browsers
Para a melhor experiência possível recomendamos a utilização do Chrome, Firefox ou Microsoft Edge.

Recuperações memoráveis na UEFA Europa League

A precisar de virar uma desvantagem de 3-0 frente ao Sevilha, a Fiorentina pode procurar inspiração nas equipas que conseguiram anular diferenças iguais ou mesmo superiores.

Erich Ribbeck e Cha Bum-Kun com a Taça UEFA em 1986
Erich Ribbeck e Cha Bum-Kun com a Taça UEFA em 1986 ©Getty Images

O cenário é sombrio para a ACF Fiorentina após a derrota por 3-0 com o Sevilla FC na primeira mão das meias-finais da UEFA Europa League. No entanto, o UEFA.com recorda que há vários exemplos de recuperações semelhantes na história da prova.

2013/14, quartos-de-final 
FC Basel 1893 3-0 Valencia CF  
Valencia CF 0-5 (ap) FC Basel 1893
 
Um golo de Valentin Stocker em período de compensação parecia ter sido a última estocada para o Valência, mas o ambiente frenético do Mestalla ajudou a uma recuperação memorável. A equipa de Juan Antonio Pizzi aceitou o desafio com entusiasmo, Paco Alcácer bisou e um golo de Eduardo Vargas forçaram à disputa de um prolongamento na segunda mão.

O Basileia desmoronou-se na meia-hora suplementar. Marcelo Díaz e Gastón Sauro foram expulsos antes de Alcácer completar o seu “hat-trick” e Juan Bernat estabelecer o resultado final em 5-0. Se o estádio fosse coberto, o telhado teria saltado com o entusiasmo dos adeptos. "Sabíamos que era importante marcar, pelo menos um golo, na primeira parte, felizmente fizemos logo a seguir o segundo", recordou Bernat. "Foi um jogo de sonho e dedicamos esta vitória a todos os adeptos, eles merecem."

1987/88, final
RCD Espanyol 3-0 Bayer 04 Leverkusen
Bayer 04 Leverkusen 3-0 RCD Espanyol (Leverkusen vence 3-2 no desempate por penalties)
A presença de dois clubes que se estreavam em finais europeias sugeria que se iria assistir a um embate equilibrado, mas o Espanyol parecia caminhar tranquilamente para vencer a final, então disputada a duas mãos, depois de vencer por 3-0 em Espanha, no primeiro jogo, graças a dois golos de Roberto Losada e um de Miguel Soler. E, com 45 minutos jogados da segunda mão, a vantagem de três golos da turma espanhola mantinha-se. A formação de Javier Clemente parecia ter já uma mão no troféu.

Mas o Leverkusen tinha lido um guião diferente. Milton Tita, Falko Götz e Cha Bum-kun marcaram no espaço de uns intensos primeiros 25 minutos do segundo tempo, levando a decisão do vencedor para um inesperado prolongamento. Acabou mesmo por ser necessário recorrer ao desempate por pontapés da marca de grande penalidade, no qual o Espanyol chegou a ter uma vantagem de 2-0. Só que, de seguida, o guarda-redes do Leverkusen, Rüdiger Vollborn, defendeu três penalties consecutivos e a sua equipa obteve um triunfo memorável. "Estou em êxtase por podermos celebrar esta vitória", afirmou o treinador do Bayer, Erich Ribbeck. "É um dos maiores momentos dos 84 anos de história deste clube. Penso que esta final estava destinada a ser decidida nos penalties. Agora estamos autenticamente no paraíso".

1987/88terceira eliminatória
Budapest Honvéd FC 5-2 Panathinaikos FC
Panathinaikos FC 5-1 Budapest Honvéd FC
O Panathinaikos estava em alta, após ter afastado a Juventus na ronda anterior, mas três semanas depois da histórica vitória que tinha obtido em Turim a turma grega viu-se claramente batida em Budapeste. O Honvéd chegou aos 5-0 em 63 minutos, com Kálmán Kovács a marcar por quatro vezes e Imre Fodor a assinar o outro golo. Dimitris Saravakos viria a marcar dois golos que, na altura, pareciam ser de mera consolação, mas que viriam a ser decisivos quinze dias duas. Apesar da derrota por 5-2 na Hungria, 75 mil espectadores encheram por completo o Estádio Olímpico de Atenas para o jogo da segunda mão, esperançados num milagre.

Motivados pelo ruidoso apoio dos seus adeptos, o Panathinaikos precisou de apenas 55 minutos para anular a desvantagem trazida do primeiro jogo. Vangelis Vlachos bisou antes do intervalo e Kostas Antoniou fez o 3-0. József Fitos reavivou as esperanças do Honvéd, mas Kostas Mavridis e Kostas Batsinilas confirmaram a reviravolta na eliminatória, para gáudio do público. "Fomos cilindrados em Budapeste por um jogador baixinho de nome Kovács, que marcou quatro golos", recordou o então treinador do Panathinaikos, Vasilis Daniil. "Por isso, em Atenas, em vez de voltar a colocar em campo o meu melhor defesa, Giannis Kallitzakis, que era muito alto, decidi sacrificá-lo e apostar em Lakovos Chatziathanasiou, porque ele tinha uma estatura física mais baixa, e acabou por resultar".~

1985/86, terceira eliminatória
VfL Borussia Mönchengladbach 5-1 Real Madrid CF
Real Madrid CF 4-0 VfL Borussia Mönchengladbach (Real Madrid apurado graças aos golos fora)
Totalmente gelado, 15 dias antes, pelas temperaturas negativas da Alemanha, a missão do Real Madrid na segunda mão frente a um Borussia Mönchengladbach orientado por Jupp Heynckes era ainda mais complicada perante a ausência dos castigados Hugo Sánchez, Rafael Gordillo e Chendo, bem como do lesionado Manuel Sanchís. Contudo, a turma madrilena teve um arranque de jogo perfeito e viu Jorge Valdano colocá-la a vencer por 2-0 ao fim de apenas 18 minutos de jogo. O ritmo dos "Merengues", porém, abrandou e, com apenas quinze minutos para jogar, a recuperação parecia destinada a não se consumar, mas Santillana tinha outras ideias.

O avançado marcou dois golos nos derradeiros 14 minutos, o segundo dos quais no minuto 89, e colocou o Real na eliminatória seguinte, numa caminhada que só terminaria com a derrota na final, diante do 1. FC Köln. "Foi um feito digno de ficar na história do futebol espanhol", salientou Juanito, atacante do Real. "Disputei dois Campeonatos do Mundo e conquistei vários títulos pelo Real Madrid, mas a recuperação alcançada nessa noite foi brutal. Foi uma das melhores noites da minha vida".

1984/85, segunda eliminatória
Queens Park Rangers FC 6-2 FK Partizan
FK Partizan 4-0 Queens Park Rangers FC ((Partizan apurado graças aos golos fora)
A jogar em Highbury, no estádio do Arsenal FC, em vez de no seu habitual Loftus Road, o QPR não acusou o ambiente menos familiar. Embora se tenha visto a perder por 2-1 a certa altura, e mesmo encontrando-se reduzida a dez elementos, a turma londrina recuperou e acabou por vencer por 6-2, com Gary Bannister a exibir-se a grande altura e a bisar na partida. Porém, não foi suficiente. O treinador do QPR, Alan Mullery, já tinha vivido uma experiência menos feliz diante de adversários jugoslavos, 16 anos, quando se tornou no primeiro internacional inglês a ver um cartão vermelho com a camisola da sua selecção, frente à Jugoslávia. E, desta feita, vviu a sua equipa abrir mão, em Belgrado, da vantagem de quatro golos que levava na bagagem, acabando eliminada devido aos golos fora. Mullery não durou muito mais tempo ao leme do QPR.

Zvonko Živković, médio do Partizan, autor de uma assistência e do decisivo quarto golo no segundo jogo, tinha regressado do serviço militar obrigatório apenas três dias antes do encontro, mas sentiu que esse foi um grande momento para si e para os seus colegas. "Depois de um longo período afastado do futebol vi-me num estádio perante 50 mil espectadores", recordou. "Sentimos a emoção que envolvia o encontro e acreditávamos que, juntos, podíamos dar a volta à eliminatória e seguir em frente. Não é justo destacar alguém individualmente num jogo como aquele. Enquanto equipa alcançámos algo de notável. Esse jogo foi, sem dúvida, um momento marcante das nossas carreiras".

1975/76, segunda eliminatória
Ipswich Town FC 3-0 Club Brugge KV
Club Brugge KV 4-0 Ipswich Town FC
"Será um milagre se conseguirmos marcar quatro golos sem o Ipswich marcar nenhum", afirmou Georges Leekens, então defesa do Club Brugge e, mais tarde, seleccionador belga, depois de ver a sua equipa siar de Inglaterra com uma derrota por 3-0, na primeira mão. Mas o tal milagre aconteceu mesmo.

A formação belga entrou em campo a todo o gás e ao fim de meia-hora de jogo na partida da segunda mão já vencia por 2-0, graças a golos de Raoul Lambert e Daniël De Cubber. Depois, Ulrik Le Fèvre aproveitou uma recarga para restabelecer a igualdade na eliminatória ainda antes do intervalo e, embora a equipa orientada por Ernst Happel tenha mantido sempre o ascendente no jogo, teve de esperar até dois minutos do apito final do segundo tempo pelo quarto golo, que carimbou o triunfo na eliminatória. O seu autor foi outro futuro seleccionador da Bélgica, René Vandereycken, que de cabeça deu o melhor seguimento a um cruzamento de Le Fèvre, quebrando os corações dos jogadores do Ipswich e selando aquele a que Lambert chamou o jogo mais memorável da sua carreira. "O nosso melhor jogo foi na final, contra o Liverpool, em Anfield, mas o encontro ante o Ipswich foi, sem dúvida, o mais espectacular".