Final do Women's EURO 2025: grandes duelos entre Inglaterra e Espanha
domingo, 27 de julho de 2025
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Inglaterra e Espanha defrontam-se em Basileia no domingo, o encontro mais recente do que começa a ser uma grande rivalidade no futebol feminino.
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Inglaterra e Espanha vão medir forças na final do UEFA Women's EURO 2025, no domingo, em Basileia, um confronto que há uma década teria sido uma surpresa numa ocasião deste género mas que agora representa o mais recente capítulo de uma história partilhada inclusive abrange uma final do Campeonato do Mundo Feminino.
Analisamos a evolução de uma rivalidade que é agora um dos principais jogos a nível internacional.
Os primeiros jogos
Espanha e Inglaterra defrontaram-se pela primeira vez a 19 de Dezembro de 1993, em Pamplona, com 3700 espectadores a presenciarem um empate a zero na qualificação para o Women's EURO 1995. O resultado repetiu-se dois meses depois, em Bradford, e a Inglaterra acabou por vencer o grupo, com um ponto de vantagem sobre a Espanha (ambas terminaram invictas e com 29 golos marcados e zero sofridos), e acabou por chegar até às meias-finais.
O "play-off" de 1997
O Women's EURO 1997 foi o primeiro a ter uma fase de grupos e Espanha e Inglaterra defrontara-se no "play-off" para saber qual marcava presença. Marimar Prieto, a estrela espanhola da altura, foi a primeira a marcar à selecção inglesa, apontando um bis na vitória por 2-1 na primeira mão, com Hope Powell a facturar para as britânicas.
A Espanha garantiu o apuramento com um empate a um golo no segundo jogo, em Tranmere, com Prieto a descrever a presença na fase final como "uma experiência muito bonita", após terem chegando às meias-finais. Pouco tempo depois, a Inglaterra apostou em Powell como seleccionadora e não mais falhou uma fase final do Women's EURO, com Kelly Smith, uma jovem avançada nesse play-off contra a Espanha, a apontar para um futuro mais risonho.
Jogos emocionantes na qualificação
Na década seguinte ao Women's EURO 1997, foi a Inglaterra, e não a Espanha, que começou a qualificar-se regularmente para os grandes torneios. Para o Women's EURO 2009, as duas equipas integraram o mesmo grupo de qualificação e a Inglaterra parecia ter assumido o controlo quando derrotou a Espanha por 1-0 em Shrewsbury, com um golo de Karen Carney a dar a primeira vitória oficial sobre as espanholas (antes, em 2001, tinham vencido um amigável em Luton).
Mas quando se voltaram a encontrar, um ano depois, no último jogo do grupo, em Zamora, a Espanha tinha encurtado para três pontos a distância que a separava da Inglaterra, que tinha empatado a zero na recepção à Chéquia. A Espanha sabia que a vitória valia o apuramento para a prova na Finlândia e ao intervalo já vencia por 2-0, graças a Verónica Boquete e Sonia Bermúdez. No entanto a reacção foi forte, com Carney a reduzir e depois a assistir para o golo soberbo de Smith. A Espanha foi afastada no "play-off" pelos Países Baixos, que viria a ser eliminado pela Inglaterra nas meias-finais.
Não passou muito tempo até à desforra, já que Inglaterra e Espanha também se encontraram na qualificação para o Mundial Feminino de 2011. A Inglaterra voltou a vencer em casa, graças ao tento solitário de Katie Chapman, e no jogo fora a Espanha voltou a ter uma vantagem de dois golos, apontados por Adriana Martín e Sonia, mas Rachel Unitt e Faye White marcaram nos últimos 12 minutos e ditaram o empate final, tornando-se decisivas para a qualificação das Leoas.
Primeiro duelo numa fase final: 2013
A Espanha evitou a Inglaterra na qualificação para o Women's EURO 2013 e ambas disputaram a prova na Suécia, onde integraram o mesmo grupo e mediram forças logo na Jornada 1, em Linköping. No seu primeiro jogo numa fase final desde 1997, a Espanha marcou logo aos quatro minutos, através de Verónica Boquete, mas Jill Scott assistiu Eni Aluko para o empate de uma selecção inglesa considerada favorita para este jogo. após ter sido finalista vencida quatro anos antes.
Houve mais ocasiões flagrantes nos instantes iniciais mas o golo seguinte só aconteceu aos 85 minutos, por Jenni Hermoso. A Inglaterra voltou a conseguir responder, por intermédio de Laura Bassett na sequência de um canto, mas quando o empate parecia o desfecho final, uma suplente de 19 anos, de seu nome Alexia Putellas, viu o seu cabeceamento desviar em Karen Bardsley e entrar na baliza. A Espanha chegou aos quartos-de-final e este torneio marcou a caminhada de Putellas rumo ao topo do futebol feminino. A Inglaterra despediu-se da prova com apenas um ponto e terminou também a passagem de Powell pela selecção, após 15 anos. No entanto, as bases que tinha estabelecido foram cruciais e isso ficou provado pelo facto de desde então a Inglaterra ter sempre chegado às meias-finais do EURO e do Mundial.
Novo reencontro: 2017
Inglaterra e Espanha voltaram a defrontar-se na fase de grupos do Women's Europeu em 2017, na Jornada 2, em Breda, sob chuva intensa. Ambas tinham vencido na ronda inaugural mas desta vez foi a Inglaterra a marcar primeiro, com Fran Kirby a finalizar com tranquilidade ao fim de pouco mais de 90 segundos.
A Espanha viria a registar 78 por cento de posse de bola mas não conseguiu empatar; ao invés, sofreu mais um golo, quando a cinco minutos do fim Jordan Nobbs assistiu Jodie Taylor para o 2-0. Ambas as equipas avançaram, com a Espanha a alcançar os quartos-de-final e a Inglaterra as meias-finais, cada uma consolidando-se como presença assídua nas fases mais adiantadas dos grandes torneios.
Quartos-de-final: 2022
O primeiro jogo a eliminar entre estas equipas foi há apenas três anos, no último Women's EURO. A Inglaterra passou tranquilamente pela fase de grupos, enquanto a Espanha, sem a lesionada Putellas, terminou em segundo, atrás da Alemanha, ditando este confronto em Brighton e Hove.
A Espanha, tal como cinco anos antes, teve mais posse de bola e no início da segunda parte a suplente Athenea assistiu Esther González para o golo inaugural. O sonho da Inglaterra em ser campeã em casa parecia estar a desvanecer, mas a seis minutos do fim as suplentes Alessia Russo e Ella Toone combinaram para o empate, cabendo a Georgia Stanway, no prolongamento, deixar ao rubro os quase 29.000 espectadores presentes, com um típico remate de longe brilhante, permitindo às inglesas prevalecerem no único jogo da sua caminhada em que estiveram a perder.
Final do Mundial Feminino: 2023
Uma década antes, uma final do Campeonato do Mundo entre Inglaterra e Espanha teria parecido uma aposta arriscada, mas quando se defrontaram em Sydney, parecia um encontro pré-destinado entre a campeã europeia e uma equipa cujo primeiro grande título parecia uma inevitabilidade, principalmente porque o seu núcleo-duro era cada vez mais o do Barcelona, dominante ao nível de clubes, e onde se incluíam Putellas e Aitana Bonmatí, novamente em grande forma.
Após ocasiões nas duas balizas, Olga Carmona marcou aos 29 minutos, e embora Mary Earps tenha defendido o penálti de Jenni Hermoso, a Espanha segurou a vitória e conquistou o seu primeiro grande troféu. Domingo pode ser o terceiro, pois entretanto juntou ao palmarés a UEFA Women's Nations League 2023/24, enquanto o duelo entre Inglaterra e Espanha será a primeira final do Women's EURO que reedita a do Mundial anterior (embora tenha acontecido o contrário, quando a Alemanha derrotou a Suécia e conquistou o Women's EURO 2001 e depois o Mundial 2003).
Dois jogos renhidos em 2025
As equipas já se encontraram duas vezes este ano, quando integraram o mesmo grupo da Women's Nations League. A Inglaterra venceu o primeiro encontro, em Wembley, por 1-0 , graças ao golo de Jess Park, mas quando se voltaram a defrontar, no mês passado, em Barcelona, na Jornada, a Espanha só precisava de um ponto para chegar novamente à fase final.
Russo, a cumprir a 50ª internacionalização, colocou a Inglaterra a vencer ao intervalo. No entanto, Clàudia Pina (que algumas semanas antes tinha marcado golos cruciais para ajudar o Barcelona a vencer o Chelsea nas meias-finais da UEFA Women’s Champions League) entrou perto dos 60 minutos e no espaço de 12 minutos marcou duas vezes, com o tento que garantiu a vitória por 2-1 a ser especialmente impressionante.