A viagem de Dumornay do Haiti a Lyon e à final da Women's Champions League

A perder por 2-0 a dez minutos do fim do jogo da primeira mão das meias-finais da UEFA Women's Champions League contra o Paris Saint-Germain, o panorama não era animador para o Lyon.

Mas depois tudo se compôs e acabou por vencer por 3-2 para, na semana seguinte, garantir um lugar na final de sábado, em Bilbau, contra o Barcelona. A reviravolta teve a assinatura de Melchie Dumornay, de 20 anos, autora do golo do empate antes de assistir Amel Majri, além de ter marcado na segunda partida, no Parc des Princes.

Na verdade, tratou-se da primeira vez que Dumornay, chegada ao Lyon esta época vinda do Reims, foi titular na Champions League. No entanto, o talento da jogadora do Haiti já era conhecido há muito tempo, quer em torneios juvenis da CONCACAF, quer depois no Reims e no Campeonato do Mundo Feminino da FUFA do ano passado.

Em palavras ao UEFA.com, Dumornay fala sobre os seus primeiros tempos no Haiti, a mudança para a Europa e a passagem pelo Lyon.

Sobre o seu início como futebolista no Haiti

Antes de mais, o futebol é muito especial para nós no Haiti. Toda a gente adora futebol no Haiti. Somos verdadeiros fãs e loucos por este desporto. Enfrentei desafios devido ao meu tamanho e aofacto de ser rapariga. No início, foi bastante difícil, mas quando comecei a entrar mais no jogo, estávamos todos a lutar pelo que queríamos e pela aceitação. Mais importante ainda, eu fui aceite por toda a gente. No meu bairro, toda a gente sabia o meu nome.

Sobre a mudança para França e para o Reims aos 18 anos

Mudar do Haiti para a França e adaptar-me ao meu novo clube não foi fácil. A cultura dentro e fora do campo [era nova para mim]. Foi bom falarmos a mesma língua dentro de campo. No entanto, foi um pouco mais difícil adaptar-me à cultura extra relvado. Tive companheiras de equipa muito boas que souberam apoiar-me e orientar-me nessas questões.

Sobre jogar pelo Lyon

Como devem saber, vir para o Lyon era um sonho e agora sinto que estou a viver esse sonho. Estou muito feliz; tenho colegas de equipa que conhecia de longe e com quem estou agora a conviver. Por isso, estou muito feliz e está a correr muito bem. Temos um grupo muito unido e penso que isso fez a diferença, apesar dos desafios que enfrentámos no início da época.

Sobre ajudar na reviravolta contra o Paris

Só joguei assim tão bem contra o Paris nessa meia-final graças a toda a equipa. Por isso, estou muito feliz por poder ajudar a equipa marcando golos e ajudando as minhas companheiras a marcar. Era isso que queria fazer no início da época e consegui-o, pelo que estou muito contente.

Sobre a final

Antes de mais, é muito especial. Vai ser a minha primeira final da Champions League. Sinto-me muito honrada por poder representar o meu país num palco tão grande. Haverá muita gente do meu país a querer vir e a querer estar presente neste momento especial. Sinto-me muito honrada e agora estou concentrada em mim e na minha equipa para poder preparar-me da melhor forma possível para esta final tão importante.