Análise de desenpenho na final da UEFA Europa League: Tottenham Hotspur vs Manchester United
sábado, 24 de maio de 2025
Sumário do artigo
Steve Cooper, Observador Técnico da UEFA, fala sobre forçar os adversários a jogar em determinadas zonas e sobre a arte de defender na grande área na vitória do Tottenham na final da Europa League contra o Manchester United.
Conteúdo media do artigo
Corpo do artigo
“Este é um plano de jogo claro com o qual estão absolutamente comprometidos e que executam a um nível muito elevado.”
A avaliação acima foi feita pelo Observador Técnico da UEFA, Steve Cooper, depois de analisar o trabalho defensivo do Tottenham Hotspur durante o triunfo na final da UEFA Europa League frente ao Manchester United.
A final foi decidida por um único golo de Brennan Johnson e, para a unidade de análise de desempenho da UEFA, que trabalha com Cooper, o aspecto do desempenho dos Spurs que mereceu maior atenção foi a defesa.
Tottenham joga dentro da forma do United
O trabalho dos Spurs sem bola pode ser dividido em três áreas: tempo passado num bloco baixo, num bloco médio e num bloco alto. O gráfico acima mostra o tempo exacto passado em cada bloco durante a final de quarta-feira.
O vídeo abaixo é instrutivo ao mostrar como a abordagem do Tottenham mudava consoante o bloco em que se encontrava. “Neste vídeo, o Tottenham pressiona a bola no bloco médio quando esta vai para a ala e depois, no bloco alto, procura pressionar o guarda-redes e o defesa-central”, explicou Cooper.
Primeiro, vemos os homens de Ange Postecoglou num bloco baixo, antes de passarem para um bloco médio. O que é notável aqui é o trabalho dos seus avançados, Johnson e Richarlison, dentro da forma do adversário, a fim de perturbar o meio-campo do United.
“É muito claro que Johnson e Richarlison estão a defender o interior do campo”, acrescentou Cooper. “Se os Spurs vão permitir algum passe, terá de ser para as alas. Este é um exemplo muito bom de dois jogadores ofensivos que entendem o seu papel na parte central do campo.”
Como se pode ver no vídeo, quando a bola vai a ala, é esse o gatilho para pressionar. “Ficou muito claro que a responsabilidade do lateral – seja ele Pedro Porro ou Destiny Udogie – era pressionar as bolas que iam para os laterais do United.”
Outro pormenor assinalado por Cooper é quem cobre o espaço quando o lateral sai e, aos 25 segundos, vemos Pedro Porro a avançar sobre Patrick Dorgu, com Rodrigo Bentancur a cobrir Mason Mount atrás.
No final da sequência, os Spurs obrigam o United a jogar para trás, e o seu compromisso com a pressão alta é ilustrado pela visão de Johnson a correr para a direita para bloquear a tentativa de colocar a bola no extremo.
Cooper acrescentou: “Este é um bom exemplo de uma equipa que está em sintonia, com jogadores muito claros sobre as suas responsabilidades individuais. Vimos isso através das suas acções repetidas, como Johnson e Richarlison defendendo o interior, ou os laterais saindo sobre os laterais do United, ou Bentancur a pressionar Mount.”
Com este segundo gráfico, vemos uma repartição do número de acções defensivas em cada terço do campo pelos jogadores dos Spurs – com 44% dentro do seu terço defensivo. Vale a pena acrescentar que 53 das 118 acções defensivas neste terço foram dentro da sua grande área – e as localizações exactas dessas acções estão mapeadas no gráfico abaixo.
O Tottenham excelente a defesa na grande área
Numa noite em que os Spurs foram confrontados com 15 cruzamentos para a sua área – três vezes mais do que o United – fizeram um bom número de desarmes. Para Cooper, o segundo excerto do segundo vídeo é particularmente pertinente como exemplo da sua profundidade a defender em Bilbau.
Como se pode ver abaixo, primeiro Kevin Danso e depois Micky van de Ven fazem cortes de cabeça. O primeiro cabeceamento de Danso limpa o lance da área e, depois, a linha defensiva dos Spurs pressiona bem. Tão importante quanto isso é a forma como se reposicionam, com Van de Ven a ler e a reagir ao passe aéreo de Bruno Fernandes e a afastar a bola de cabeça.
Cooper não poupou elogios a Van de Ven: “É um trabalho de pés muito bom da parte dele. Vemo-lo numa boa posição corporal, de lado, pronto para correr para a frente, mas também pronto para correr para trás. Depois, coloca os pés correctamente de modo a posicionar-se para disputar o cabeceamento, para poder saltar, e a técnica do cabeceamento faz com que seja o corte efectivo.”
O vídeo termina com um exemplo de uma excelente defesa individual de Yves Bissouma, que bloqueia a tentativa de cruzamento de Diogo Dalot.