Falcao e o "golo especial" pelo Porto
segunda-feira, 18 de maio de 2020
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Autor do tento que valeu ao FC Porto a conquista da Europa League há nove anos, Radamel Falcao relembra essa final frente ao Braga.
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A 18 de Maio de 2011, o FC Porto festejava a conquista do seu segundo troféu da UEFA Europa League, batendo o Sporting de Braga na final realizada em Dublin, por 1-0, graças a um golo apontado por Radamel Falcao. Aproveitando estes dias de confinamento, o UEFA.com entrou em contacto com o avançado colombiano para recordar esse momento especial da sua carreira.
Antecâmara da final...
Havia muita expectativas relativamente à final, mas isso já era verdade para as meias-finais, porque o Benfica e o Braga também estavam presentes, sendo que quase todos contavam que fosse o Benfica a chegar à final. O Braga acabou por vencer essa meia-final, isto numa altura em que nós já estávamos qualificados.
Por isso, foi realmente importante para Portugal, até porque foi a primeira final com dois clubes portugueses. Como disse, havia muitas expectativas à volta do jogo e para nós, os jogadores que disputavam a sua primeira final europeia, foi tudo muito emocionante.
A importância de André Villas-Boas nessa memorável temporada...
Durante essa temporada ele usou seu conhecimento da Liga portuguesa, nomeadamente de todas as equipas e rivalidades, como uma forma de nos motivar em determinados momentos. É óbvio que, nos dias que antecederam a final, ele consciencializou-nos relativamente às características do Braga e alertou-nos para o facto de uma final ser diferente de tudo o resto.
Nesse aspecto, o André Villas-Boas aprimorou-nos como equipa e transmitiu-nos o seu espírito de vitória. Deu-nos esse impulso para nos tornarmos vencedores individualmente e como equipa. Acho que abordámos a partida contra o Braga da maneira mais correcta.
Preparação para uma final...
É inevitável que fiquemos um pouco mais ansiosos antes de uma final. Mas eu acredito que isso é algo de bom e mesmo necessário. É possível gerir esse tipo de emoção até um ponto em que estamos totalmente focados no que aí vem. Penso que tive a capacidade, naqueles momentos, de gerir a ansiedade para me levar a um ponto em que eu estava mais focado, mais preparado e com a atitude ideal para fazer o que eu precisava de fazer.
Como muitas vezes acontece nas finais, há jogadores que ficam tão entusiasmados e ansiosos que, quando chega o momento em que é preciso mostrar serviço, não são capazes. Mas, felizmente, isso não acontece comigo. É verdade que não durmo muito na noite anterior e talvez não consiga dormir a sesta no dia da final porque estou sempre a pensar nisso, mas a minha mentalidade e as minhas emoções estão sempre sob controlo.
Entendimento perfeito com Fredy Guarín...
Acho que isso se deve ao bom relacionamento que tínhamos fora do campo. Essa química reflectia-se, depois, no campo. O Fredy ajudou-me muito desde que eu cheguei ao Porto. Tínhamos um excelente entendimento: sempre que ele recebia a bola estava sempre a olhar para mim.
Ele sabia quais os movimentos que eu costumava fazer, pelo que eu tentava sempre colocar-me em boa posição para receber a bola. Foi perfeito para mim ter jogadores assim. E isso não aconteceu apenas com o Fredy, já que eu também me entendia muito bem com o Hulk, o Cristian 'Cebolla' Rodríguez e o James Rodríguez.
Descrição do golo na final...
Eu costumava correr dependendo do que ele estava a fazer. Se ele estava a avançar no terreno, então eu também avançava. Estava a olhar para ele e a ver o movimento que ele ia fazer. Sabia que ia chegar o momento em que ele me iria procurar, sendo que foi exactamente isso que ele fez. Podemos ver claramente no vídeo do golo que ele olhou para cima para me encontrar e eu já estava lá, pronto para receber o passe.
Estava a esconder-me atrás da defesa e ele sabia que eu ia procurar o espaço. Havia muito vento e eu esperava que a bola caísse mais à frente, pelo que posicionei o meu corpo um pouco mais à frente. Contudo, o vento mudou subitamente de direcção e a bola começou a desacelerar e a fugir de mim, pelo que comecei a recuar e acabei por mover a minha cabeça para trás para que pudesse cabecear a bola. E resultou!