Giuliano seguindo os passos de Hulk no Zenit
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017
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Tal como na época passada, há um brasileiro a fazer furor com a camisola 7 depois de Hulk na tentativa de levar o Zenit à conquista de títulos: Giuliano passa em revista seis meses brilhantes.
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Tal como na época passada, há um brasileiro a fazer furor com a camisola 7 após a saída de Hulk para o Shanghai, da China, na tentativa de levar o Zenit à conquista de títulos. Em entrevista ao UEFA.com, o médio Giuliano, chegado do Grêmio no Verão passado, passa em revista seis meses brilhantes durante os quais apontou 14 golos em 23 partidas em todas as competições.
Em destaque na fase de grupos da UEFA Europa League, o centrocampista de 26 anos recorda ainda o marcante confronto com o Macabbi Telavive em Israel, fala do novo reforço e compatriota Hernani, bem com como dos outros falantes de língua portuguesa do plantel da equipa da Rússia, entre os quais Luís Neto: "Gosta de contar piadas e de imitar as pessoas – e faz isso muito bem!"
UEFA.com: Como tem sido a sua adaptação ao Zenit?
Giuliano: Foi muito rápida. Tive uma passagem pelo Leste europeu na Ucrânia e preparou-me muito para este momento. Cheguei numa fase muito madura da minha vida e da minha carreira. A minha adaptação nestes seis meses foi excelente em termos de números e de crescimento profissional. Estou bastante feliz. A cidade de São Petersburgo é espectacular, muito bonita, mesmo no Inverno, quando fica um clima ruim e pouca gente na rua.
UEFA.com: De que maneira esta segunda passagem pela Europa é diferente da primeira, no Dnipro, onde esteve entre 2011 e 2014?
Giuliano: Na Ucrânia sofri bastante principalmente no primeiro ano, de adaptação, mudança de idioma e de país. Nunca tinha saído do Brasil e tive mais dificuldade. Mas em termos de êxito, o meu segundo ano na Ucrânia compara-se muito com o que iniciei no Zenit em termos de números e bons desempenhos.
UEFA.com: Fale-nos de 2016: regressou à selecção do Brasil após quatro anos de ausência, ajudou o Grêmio a vencer a Copa do Brasil e tem estado em alta no Zenit...
Giuliano: Realmente vivi um ano especial. Regresse ao Brasil com o objectivo de voltar à selecção brasileira. Estava a fazer um bom campeonato no Grêmio e, coincidentemente, quando saí e fiz o primeiro jogo recebi com o Zeni recebi a ligação de que estaria regressando à minha selecção. Isso foi motivo de muito orgulho. De seguida as coisas correram bem, comecei a fazer muitos golos e a estar presente em todas as convocações – e isso fez com que o meu ano alavancasse.
UEFA.com: O Zenit passou sem grandes problemas a fase de grupos, com cinco vitórias em seis jogos e 17 golos marcados. Que balanço faz da fase de grupos? Pode o Zenit ganhar a Europa League depois de 2008?
Giuliano: Conseguimos jogar a fase de grupos num nível muito bom, muito alto. O nosso primeiro jogo [no terreno do Maccabi Telavive, em Israel] deu-nos um incentivo maior e mudou a nossa história na competição, ou pelo menos naquela fase. Estávamos perdendo por 3-0 com 73 minutos jogados e conseguimos uma virada incrível para 4-3. Deu-nos muita motivação e depois as coisas aconteceram naturalmente. Merecemos ser o primeiro do grupo, mas agora a competição dificulta ainda mais. Queremos chegar o mais longe possível, mas sabemos que vamos encontrar bastante dificuldade nesse caminho.
UEFA.com: Precisamente, com o Zenit a perder por 3-0 o Giuliano fez três assistências e marcou um golo (o terceiro) numa reviravolta fenomenal. Fale-nos de cada tento e das emoções no final do jogo...
Giuliano: Consigo até falar sobre as emoções sentidas durante o jogo! Depois de estarmos a perder por 3-0, a sensação dentro de campo era: “acaba logo esse jogo!”. E aí, de repente, com o primeiro golo conseguíamos não perder por zero. Quando fizemos o segundo crescemos animicamente e acreditámos que era possível, no mínimo, empatar.
[No golo do empate] comecei a jogada atrás e levei uma pancada no tornozelo, fiquei no chão e o jogo seguiu. Entretanto a bola veio para mim e eu estava mancando; seguiu para o lado esquerdo e fui ainda devagar, mas depois corri para dentro da área e consegui finalizar. Aquele 3-3 foi o sentimento de empatar um jogo que parecia não termos condições. E ainda havia uma surpresa para o final: uma assistência, um cruzamento e uma linda cabeçada do [Luka] Djordjević – explodimos de alegria!
UEFA.com: - Com seis golos e quatro assistências, o Giuliano é o atacante mais eficiente da competição. A que se deve este desempenho?
Giuliano: Acho que se deve à minha forma de jogar, numa posição que realmente me agrada muito. Não estou acostumado a estes números, pois jogava em posições diferentes e não sou um jogador que faça muitos golos, sou mais de fazer assistências. Estar nessa função como segundo atacante, mas com muita liberdade, tanto de criação como de chegada na área, facilita-me muito as coisas. Considero-me um jogador “chato” – vou a todas as bolas, a todos os ressaltos, por isso acredito que muitas vezes acabo sendo premiado.
UEFA.com: O primeiro jogo oficial do Zenit após a pausa de Inverno na Rússia é logo contra o Anderlecht na UEFA Europa League. O que conhece da equipa belga?
Giuliano: Temos um jogo muito importante e difícil pela frente contra o Anderlecht. Sabemos como joga, vamos analisar os pontos fortes para sabermos o que temos de neutralizar e tentar explorar os pontos fracos. Estamos muito bem preparados mentalmente, queremos vencer e passar esta fase para continuar na competição.
UEFA.com: Está numa temporada bastante goleadora. O que mudou no seu estilo de jogo para marcar tantos golos e fazer tantas assistências?
Giuliano: Em termos de assistências não mudou muito, mas tem a ver com a forma como joga a equipa. Noutras formações jogava noutro sistema e até mais pelas alas, e isso muitas vezes limita poder chegar dentro da área. Por isso, essa liberdade que tenho aqui é o que me deixa à vontade – é isso que está a fazer a diferença.
UEFA.com: Qual é a sua relação com o treinador Mircea Lucescu?
Giuliano: O Lucescu foi treinador do Shakhtar durante muito tempo e joguei bastante contra ele. Acho que o incomodei bastante e por isso ele pediu a minha contração.
UEFA.com: Foi ele a razão que o fez vir para o Zenit?
Giuliano: Ele ligou-me a perguntar se eu tinha interesse em vir, disse que sim e começaram as negociações. Sem dúvida foi porque ele acreditou em mim. Muitas das coisas que ele ensina fazem sentido e quando se consegue colocar isso em prática com perfeição as coisas acabam dando certo.
UEFA.com: Como se sente por ter herdado a camisola 7 que era do Hulk no Zenit?
Giuliano: Quando cheguei, o Zenit passou-me alguns números disponíveis e entre eles estava o 7, mas não me tinha dado conta de que tinha sido do Hulk, o maior ídolo da equipa. E quando comecei a marcar golos começaram as comparações. Não foi algo premeditado, aconteceu.
UEFA.com: O Hulk é, de alguma maneira, uma forma de inspiração para si?
Giuliano: Na vida, no futebol! É um excelente jogador, já conquistou muitas coisas na carreira e jogou ao mais alto nível. Em qualquer momento ele acaba sendo um exemplo.
UEFA.com: Esta é a primeira experiência do Hernani na Europa e no Leste europeu. Que conselhos pode dar-lhe para se adaptar melhor?
Giuliano: É preciso ter um pouco de paciência com ele, pois não é fácil a adaptação. Vem do futebol brasileiro, diferente, e ainda é muito jovem, só tem 22 anos. É a primeira vez que sai do Brasil, não pegou frio nem neve, factores que dificultam a adaptação do jogador brasileiro. Mas a sorte é que o grupo tem bastantes estrangeiros e vários jogadores que falam o idioma dele – e isso facilita a adaptação mais rápida.
UEFA.com: O Giuliano defrontou o Hernani no campeonato brasileiro, em Junho, você pelo Grémio e ele pelo Atlético Paranaense – o que recorda desse embate?
Giuliano: Recordo o golo dele contra a minha equipa, de pé esquerdo de fora da área, num chute bem bonito.
UEFA.com: O que pode ele trazer ao Zenit e como é ele como jogador?
Giuliano: A qualidade de chute, de passe e a arrancada são características que fizeram com que o treinador o trouxesse. Espero que possa colocar isso em campo o mais rápido possível para nos ajudar – e certamente vai ajudar-nos.
UEFA.com: Fale-nos um pouco do outro compatriota seu, Maurício, e dos portugueses Danny e Luís Neto...
Giuliano: O Maurício está sempre com a gente. Não tive tanto contacto com o Danny, porque esteve muito tempo lesionado e só agora está regressando aos treinos e aos jogos. Acompanhei o Neto nestes seis meses e ele gosta de contar piada e de imitar as pessoas – e faz isso muito bem! São pessoas espectaculares, que alegram o nosso ambiente. Fazemos um ambiente descontraído, porque não é fácil ficar em concentração nos estágios.
UEFA.com: E qual a razão de usar os pulsos ligados nos jogos?
Giuliano: Na verdade, já tive problemas no punho, de cair e virar, por isso é para segurar melhor, mas também porque gosto, é algo que faço desde pequeno. Acostumou e acabou virando ritual.
Estatísticas da fase de grupos da UEFA Europa League
Golos | Assistências | ||
6 | Aritz Aduriz (Athletic) | 6 | Bořek Dočkal (Sparta) |
6 | Giuliano (Zenit) | 5 | Francesco Totti (Roma) |
5 | Edin Džeko (Roma) | 4 | Nikola Kalinić (Fiorentina) |
5 | Guillaume Hoarau (Young Boys) | 4 | Marlos (Shakhtar) |
5 | Łukasz Teodorczyk (Anderlecht) | 4 | Giuliano (Zenit) |