Villas-Boas trilha caminho
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Sumário do artigo
André Villas-Boas estreia-se nas competições europeias quando o FC Porto defrontar o Genk no "play-off" da UEFA Europa League, mas o jovem treinador de 32 anos insiste não querer comparações com José Mourinho.
Conteúdo media do artigo
Corpo do artigo
Contratado no início de Junho aos 32 anos, André Villas-Boas tornou-se no mais jovem treinador da história do FC Porto e, numa altura em que se prepara para liderar os "dragões" nas competições europeias pela primeira vez na quinta-feira, no arranque do "play-off" da UEFA Europa League frente ao KRC Genk, as coisas talvez não pudessem estar a correr-lhe melhor.
A vitória por 2-0 frente ao campeão Benfica, a 7 de Agosto, permitiu-lhe conquistar um troféu logo na estreia oficial à frente da equipa, ao passo que na Liga começou com um triunfo por 1-0 na deslocação ao terreno da Naval, no fim-de-semana passado e, enquanto os resultados continuarem a ser positivos, as comparações com um dos seus mais famosos antecessores irá continuar.
"Desde que regressei a Portugal não tenho feito outra coisa do que afastar-me da clonagem que me tentam fazer ao José Mourinho", afirmou Villas-Boas no começo deste mês. "Não temos o mesmo carácter e personalidade. Temos formas diferentes de comunicar e trabalhar." E Villas-Boas sabe do que fala, pois integrou as equipas técnicas de Mourinho no FC Porto, Chelsea FC e FC Internazionale Milano.
Mas a sombra de Mourinho, agora técnico do Real Madrid CF, ainda paira sob o Estádio do Dragão. Contratado em Janeiro de 2002 quando tinha 39 anos, passou o resto da temporada 2001/02 em jejum antes de ganhar dois títulos, uma Taça de Portugal, a Taça UEFA de 2002/03 e a UEFA Champions League de 2003/04, situação que fez o Chelsea apostar nele em 2004.
Instado a comentar a chegada do seu antigo colaborador ao comando do FC Porto, Mourinho, de 47 anos e agora técnico do Real Madrid CF, afirmou numa entrevista ao jornal português Record: "Se ganhar tudo é o treinador perfeito. Agora não venham fazer comparações comigo."
Villas-Boas era ainda um jovem na altura em que trabalhou pela primeira vez no FC Porto, onde entrou pela mão de Bobby Robson, por sinal um dos mentores de Mourinho. Aos 25 anos integrava a equipa técnica deste e seguiu-o de êxito em êxito em Portugal, Inglaterra e Itália, antes de cortar o cordão umbilical e iniciar na Académica a aventura como treinador principal, em Outubro do ano transacto.
Os "estudantes" terminaram no 11º lugar da Liga, mas os 23 jogos realizados no campeonato pela equipa de Villas-Boas persuadiram os "dragões" a apostar nele para substituir Jesualdo Ferreira. E a decisão não deverá deixar de ter levado em conta que Mourinho também chegara ao FC Porto apenas com 28 jogos no campeonato no currículo: nove ao serviço do Benfica e 19 na União de Leiria.
Explicando a sua filosofia no futebol num texto publicado no jornal O Jogo, Villas-Boas parece ter uma abordagem diferente relativamente ao estilo menos vistoso de Mourinho: "Futebol é espectáculo e criatividade, mas também é organização, critério e eficácia. Organização não quer dizer tédio, mas sim disciplina, inteligência, pensamento e conhecimento."
Mesmo assim, Villas-Boas não se sentiu na obrigação de efectuar mudanças radicais; o FC Porto continua a jogar maioritariamente numa táctica de 4-3-3, na qual o médio João Moutinho, contratado ao Sporting por 11 milhões de euros neste Verão, constitui a única cara nova, enquanto Raul Meireles, segundo o técnico, tem sido pouco utilizado devido a "opção técnica". Além disso, a saída do capitão Bruno Alves para o FC Zenit St Petersburg, por 22 milhões de euros, deixou ao defesa-central Rolando a tarefa de ser a âncora do sector defensivo, embora o facto que não o atemorize.
"É sinal de que as pessoas acreditam que posso dar mais", afirmou o internacional português de 24 anos numa recente entrevista publicada no "site" Maisfutebol. "Vou ajudar o André a ganhar muitos troféus. No fim, o trabalho de um treinador resume-se ao número de títulos que conquista."
E se tais números acabarem por chegar aos de Mourinho, então as comparações passarão a ser com certeza bem-vindas.