Atlético volta a sorrir
quinta-feira, 13 de maio de 2010
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Catorze anos depois de conquistarem o último título, os "colchoneros" superaram os traumas europeus e voltaram a ganhar uma prova da UEFA, acabando com o inédito sonho do Fulham.
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Foi um prognóstico quase perfeito para a final da primeira edição da UEFA Europa League. Os adeptos do Club Atlético de Madrid foram os primeiros a fazer a festa, enchendo de cânticos a Hamburg Arena, logo seguidos pelos adversários do Fulham FC, que até foram liderados por uma celebridade.
O actor Hugh Grant, provavelmente um dos adeptos mais conhecidos do Fulham, foi um dos ingleses que acompanharam o regresso à Alemanha, onde a equipa havia selado a presença no jogo decisivo na meia-final contra o Hamburger SV. E o momento justificava bem a presença da estrela do cinema: o Fulham disputava a segunda final da sua história, depois de, em 1975 e liderado por Bobby Moore, ter perdido a Taça de Inglaterra para o West Ham United.
Um ano antes, o Atlético tinha sofrido uma frustração ainda maior, já que esteve a 60 segundos de conquistar a Taça dos Clubes Campeões Europeus, mas permitiu o empate do FC Bayern München e acabou por ser derrotado no jogo de desempate, por 4-0.
Esse constituiu apenas um exemplo das desilusões sofridas pelos "rojiblancos" em finais europeias, já que, depois da vitória na Taça dos Vencedores de Taças de 1962, diante da ACF Fiorentina, a equipa de Madrid perderia duas finais da mesma competição: no ano seguinte para o Tottenham Hotspur FC e, em 1986, contra o FC Dynamo Kyiv.
O facto de a quinta final europeia do clube madrileno se disputar em solo germânico, onde conseguira a vitória contra a Fiorentina, dava optimismo extra aos adeptos mais supersticiosos da equipa de Quique Flores, desejosos de ver o Atlético conseguir o primeiro título dos últimos 14 anos. E, aos 32 minutos, os espanhóis fizeram a festa quando Diego Fórlan, herói da meia-final contra o Liverpool FC, marcou o seu quinto golo da UEFA Europa League.
Mas o Atlético tem uma queda especial para as desilusões e como o hino do clube diz “qué manera de sufrir (que maneira de sofrer”), os espanhóis permitiram o empate de Simon Davies cinco minutos depois. Foi a vez dos adeptos do Fulham, que viram a sua equipa jogar com o equipamento alternativo, sonharem com a conquista da Europa.
Tudo empatado novamente e os adeptos do Atlético a terem de se esforçar para recordar os últimos sucessos do clube. Foi em 1996, que os "colchoneros" celebraram pela última vez, ao vencerem a Liga espanhola e a Taça de Espanha sob a presidência de Jesus Gil y Gil, que marcou as conquistas com um passeio de elefante pelas ruas da capital espanhola.
O proprietário do Fulham, Mohamed Al-Fayed, também trouxe um toque mais pitoresco ao clube de Craven Cottage, que, tal como o Atlético de Madrid, também vive nas margens de um rio. Do outro lado do Tamisa, as lojas Harrods, de Al-Fayed, chegaram a ter uma cobra viva a proteger o balcão dos sapatos.
O tempo passava na Hamburg Arena e não havia forma de encontrar a equipa que desempataria as contas entre Espanha e Inglaterra. A Taça UEFA, competição que antecedeu a UEFA Europa League, tinha rumado três vezes a Espanha, conquistada por Real Madrid CF, por Valência CF e por Sevilla FC, e outras tantas a Inglaterra, com os triunfos do Tottenham Hotspur, do Liverpool e do Ipswich Town FC.
Mas o Atlético, apoiado pelo príncipe herdeiro Felipe nas bancadas, teria a última palavra num jogo que parecia destinado ao desempate por grandes penalidades. Na primeira parte do prolongamento, Sérgio Agüero não teve a pontaria necessária para resolver o problema, mas a quatro minutos dos 120 o argentino redimiu-se ao fazer uma assistência perfeita para Fórlan. O uruguaio voltou a não perdoar, acabou com os anos de desilusão do Atlético e colocou um triste ponto final à grande aventura europeia do Fulham.