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Baía recorda tempos de glória do FC Porto

Vítor Baía realizou um sonho de criança quando ajudou o FC Porto a vencer a Taça UEFA em 2003, frente ao Celtic, por 3-2, num triunfo que marcou a ascensão do treinador José Mourinho no panorama europeu.

O FC Porto festeja a conquista da Taça UEFA em 2003
O FC Porto festeja a conquista da Taça UEFA em 2003 ©Getty Images

Celtic FC 2-3 FC Porto (ap)
Estadio Olimpico, Sevilha, 21 de Maio de 2003
Larsson 47 e 57; Derlei 45+1 e 115, Alenichev 54

A final da edição 2002/03 da Taça UEFA juntou dois dos mais reputados clubes europeus e dois dos mais brilhantes jovens treinadores, José Mourinho (FC Porto) e Martin O'Neill (Celtic FC). Ainda assim, foi Mourinho quem saiu vencedor, numa partida em que o "Special One" se deu a conhecer ao continente europeu com uma vitória emotiva no prolongamento do jogo de Sevilha. Foi uma final adequada para duas das equipas mais empolgantes da competição. Henrik Larsson terminou a campanha com 11 golos, menos um do que Derlei, do FC Porto, cujo golo da vitória foi o primeiro a decidir a Taça UEFA através da regra do golo de prata.

"Excelente exemplo"
Num jogo renhido, discutido taco-a-taco, Derlei e Larsson trocaram golos em cada parte, antes de Dmitri Alenichev restabelecer a vantagem do FC Porto. Larsson respondeu de novo quase de imediato, mas o prolífico Derlei teve a palavra final e marcou o golo da vitória a cinco minutos do fim do prolongamento. Mourinho classificou o jogo de "um excelente exemplo para aqueles que gostam de futebol"; foi também um exemplo da ameaça que o FC Porto viria a constituir na edição seguinte da UEFA Champions League, também ela vitoriosa. Vítor Baía, guardião do FC Porto na altura, revive um encontro memorável.

Vítor Baía
Houve momentos fantásticos, momentos que nos marcaram porque foi a primeira final europeia disputada por esta geração de jogadores do FC Porto. O nível de emoção durante o jogo era tremendo. Houve incerteza constante acerca do resultado, mas acabámos por conseguir vencer no prolongamento, a cinco minutos do fim. Nesse dia, sentimos que estávamos a escrever uma página de história, quase como se tivéssemos visto na televisão. Foi um sonho ajudar o FC Porto a conquistar um troféu europeu. Significou bastante para essa geração de jogadores e as emoções sentidas durante o jogo, em especial na parte final, marcaram-nos de forma profunda.

Nesses anos tínhamos uma confiança inabalável. Talvez se deva ao facto de o nosso treinador ser uma pessoa bastante confiante e ter uma enorme ambição: José Mourinho. Formávamos uma equipa que se adequava à sua visão do jogo. Éramos capazes de nos manter sólidos em qualquer tipo de ambiente. Terminámos a primeira parte a vencer por 1-0, graças a um golo de Derlei. O Celtic começou melhor a etapa complementar. Tivemos uma pequena desconcentração e isso permitiu ao adversário alcançar o empate, mas reagimos muito bem.

Quando o Celtic voltou a marcar, ficou claro que era um impulso adicional para eles, mas nós não cedemos. Estivemos sempre no controlo dos acontecimentos e fizemos o 2-1, antes de voltarmos a sofrer o empate. Depois, o Derlei encontrou forças quando mais ninguém as tinha e fez o 3-2. Foi algo realmente espectacular. Aqueles cinco minutos foram os mais longos das nossas vidas, porque o Celtic, jogando no habitual estilo britânico, podia causar estragos no jogo aéreo.

Quando soou o apito final, estavam todos os jogadores na minha grande área e a equipa inteira correu para o outro lado do campo para ir ter com os adeptos, porque eles também mereceram a vitória. Foi uma temporada inesquecível, indescritível, porque nasci para o futebol no FC Porto. Formei-me lá. Era um sonho de criança. O facto de também ter ajudado o FC Porto tornou-o ainda mais fantástico. Este troféu significou um pouco mais para mim porque foi o primeiro conquistado ao serviço do clube, apesar de mais tarde ter vencido a Champions League e de já ter erguido a Taça dos Vencedores das Taças pelo FC Barcelona.