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Sevilha volta a festejar

Espanhol e Sevilha deram espectáculo em Glasgow, com a formação de Juande Ramos a conquistar a Taça UEFA pela segunda vez consecutiva.

Os adeptos de RCD Espanyol e Sevilla FC que se passeavam pelas imediações de Hampden Park pareciam ter resolvido colocar de lado os elegantes fatos espanhóis, ou pelo menos deixá-los nos seus quartos de hotel, em Glasgow, preparando-se a rigor para celebrar a final da Taça UEFA.

Atmosfera 
Era pouco o toque latino entre os adeptos do Espanhol, vestidos com "kilts" azuis-e-brancos, ao mesmo tempo que outros adeptos das duas equipas colocavam na cabeça os típicos chapéus escoceses "tam o'shanters", por cima das perucas cor de gengibre. Numa noite fria e chuvosa, estes adequavam-se perfeitamente. "Tam O'Shanter" é, também, o nome de um famoso poema de Robert Burns, escrito antes deste tradicional acessório se ter tornado popular, em termos cómicos, por Russ Abbot. Este mesmo Abbot teve um êxito que entrou para os dez mais das tabelas do Reino Unido intitulado "Atmosphere/Oh What an Atmosphere" e estes adeptos espanhóis equipados a rigor estavam a criar a atmosfera ideial para a festa.

Grande palco
Hampden já foi palco de bastantes ocasiões festivas. Casa habitual da selecção da Escócia, o mais central dos três maiores estádios de Glasgow ia receber a sua sexta final europeia. Servindo de separador para uma cidade dividida entre Celtic FC e Rangers FC, este recinto pôde testemunhar momentos memoráveis, como a vitória de 7-3 do Real Madrid CF sobre o Eintracht Frankfurt, na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1960. Ao todo, o recinto acolhera quatro finais de provas da UEFA antes de, completamente renovado, receber o jogo decisivo da UEFA Champions League entre Real Madrid e Bayer 04 Leverkusen, em 2002. Cinco anos mais tarde, o recinto com capacidade para 52 mil espectadores estava a postos para receber nova festa.

Rumo à glória
Os adeptos do Espanhol estavam desesperados por festejar. Partilhando a cidade com o FC Barcelona, coroado rei do futebol europeu há 12 meses, os azuis-e-brancos da Catalunha corriam atrás do seu primeiro título europeu, de modo a complementar as quatro Taças de Espanha que possuem no seu palmarés. O treinador Ernesto Valverde participara como jogador na outra única ocasião em que o Espanhol tinha chegado tão longe numa prova europeia - a final da Taça UEFA de 1988, frente ao Bayer 04 Leverkusen, jogo que a formação catalã acabou por perder nas grandes penalidades, depois de ter vencido a primeira mão, no seu terreno, por 3-0. O Sevilha, detentor do troféu, queria apenas voltar a saborear nova conquista. Campeão espanhol em 1964, a equipa da Andaluzia teve de esperar 58 anos até voltar a celebrar a conquista de um troféu, em Maio do último ano.

Ambição
Ainda assim, apesar de os "kilts" expressamente desenhados para a ocasião e os gritos mais ensurdecedores do lado do Espanhol darem a entender maior ambição de sucesso por parte da turma catalã, as coisas não começaram a correr bem para os homens comandados por Valverde. Depois dos heróicos triunfos que lhe permitiram eliminar pesos pesados do futebol europeu, como o Benfica ou o Werder Bremen, o Espanhol acabou por entrar mal na final e viu o Sevilha adiantar-se cedo no marcador. Adriano Correia foi mais rápido que David García e fugiu pelo flanco esquerdo do ataque do Sevilha, antes de flectir para o meio e colocar a bola no fundo das redes da baliza defendida por Gorka Iraizoz. Juande Ramos, técnico da formação andaluz, tinha demonstrado admiração pelo futebol britânico - a sua equipa deixara para trás o Tottenham Hotspur FC antes de eliminar o CA Osasuna nas meias-finais. E foi um jogador que já actuou em Inglaterra, ao serviço do Manchester City FC, a restabelecer a igualdade. Albert Riera estava a ser um dos melhores homens do Espanhol e conseguiu encontrar espaço nas costas de Daniel Alves, correr para o centro até à entrada da área e, com Javi Navarro a encolher-se e Daniel Alves a mergulhar em desespero, disparou forte e bateu Andrés Palop.

Tudo empatado
Inspirada pela obtenção do golo do empate, a equipa do Espanhol, que poucos consideravam favorita, começou a segunda parte à procura de conseguir concretizar em golos o maior domínio territorial. Duas das suas estrelas nesta campanha na Taça UEFA quase concretizavam a reviravolta no marcador. O organizador de jogo Iván de la Peña desmarcou o capitão Raúl Tamudo e este obrigou Palop a defender por cima da barra; Riera, por seu lado, proporcionou depois a Palop uma defesa ainda mais espectacular. Contudo, novo drama iria exigir do Espanhol maior disponibilidade a nível físico e mental: a expulsão do defesa Moisés Hurtado, aos 68 minutos, devido a ter visto o segundo cartão amarelo por derrubar Aleksandr Kerzhakov. De repente, tudo mudou e era a vez de o Sevilha colocar o Espanhol à prova, sem, contudo, conseguir dar a estocada final. Kerzhakov desperdiçou a sua melhor oportunidade com um remate muito por alto. Frédéric Kanouté parecia ter, por fim, desferido o golpe fatal no coração do Espanhol quando desviou para o fundo da baliza um cruzamento rasteiro vindo do lado direito, efectuado por Jesús Navas, decorria o último minuto da primeira parte do prolongamento.

Heróis
Mas os bravos pupilos de Valverde não se deixaram abater por este novo golpe e continuaram a lutar. Iraizoz realizou uma série de boas defesas e o avançado Luis García evitou males maiores com um excelente corte. Depois, incrivelmente, quando nada o fazia prever, o Espanhol voltou a empatar o jogo. O suplente brasileiro Jônatas ganhou a bola a cerca de 30 metros da baliza e, sem que o lance aparentasse grande perigo, desferiu um potente remate que Palop não conseguiu deter. A bola ainda sofreu um ligeiro desvio em Poulsen, mas a verdade é que o Espanhol tinha feito por merecer essa sorte. Depois de se aguentar durante tanto tempo à beira do precipício, a turma catalã conseguiu ainda arranjar forças para lutar e nunca se rendeu.

Grandes penalidades
Os hinos de vitória entoados pelos adeptos do Sevilha, afinal, tinham chegado cedo demais. A equipa catalã, com apenas dez homens, aguentou então mais cinco minutos e levou a decisão para as grandes penalidades. Nos penalties, contudo, a formação do Espanhol, que já não podia contar com Tamudo e De la Peña, substituídos, para cobrarem as grandes penalidades, acabou por acusar o desgaste e nem o pouco habitual falhanço de Daniel Alves, do Sevilha, a partir da marca dos 11 metros deu alento aos catalães. O desempate das grandes penalidades foi totalmente dominado pelo Sevilha. Mas se existe glória nas derrotas, então esta, apesar de todas as lágrimas vertidas, pertence ao Espanhol. E os cânticos de "Espanhol, Espanhol" entoados pelos adeptos do Sevilha, depois de saudarem os seus heróis, são a prova disso mesmo.

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