Nas asas da Taça UEFA
segunda-feira, 8 de maio de 2006
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Erguer a Taça UEFA pode colocar as equipas na rampa de lançamento para o sucesso na UEFA Champions League, à semelhança do que aconteceu com José Mourinho e Rafael Benitez.
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A Taça UEFA funcionou com uma espécie de laboratório para equipas que, posteriormente, haveriam de vencer a UEFA Champions League em várias fases da história da competição. O mais recente exemplo dessa tendência dá pelo nome de FC Porto, equipa então treinada por José Mourinho.
Rampa de lançamento
O triunfo na Taça UEFA não garante a conquista de um troféu ainda mais importante no futuro, mas a experiência de um trajecto de sucesso nas competições europeias fornece o tipo de mentalidade ganhadora que, muitas vezes, contribui para resultados substancialmente mais expressivos. Disputar a Taça UEFA e conquistá-la coloca os clubes numa valiosa rampa de lançamento para o futuro. Uma plataforma que pode catapultar equipas e treinadores para novos momentos de glória.
O exemplo do "dragão"
O FC Porto é, neste particular, um belo exemplo. Os "dragões" iniciaram uma interessante sequência com o triunfo na final da Taça UEFA sobre o Celtic FC, em 2003. Superiormente comandada por José Mourinho, a equipa do FC Porto festejou, na época seguinte, a conquista da UEFA Champions League. A experiência recolhida ao longo de um trajecto de sonho na Taça UEFA foi potenciada até ao limite na temporada seguinte, com uma vitória, por 3-0, sobre o AS Monaco, que ofereceu aos portistas o segundo título europeu da história do clube.
Benítez segue as pisadas
O passo seguinte na carreira de José Mourinho, que haveria de orientar pela última vez o FC Porto no relvado de Gelsenkirchen, antes de ingressar no Chelsea FC, encontra curioso paralelo com o que aconteceu no Valencia CF, após vencer a Taça UEFA em 2004. Sucessor de José Mourinho na galeria de técnicos vencedores da prova, Rafael Benítez conduziu a formação espanhola ao sucesso na Taça UEFA, batendo o Olympique de Marseille na final.
Espelho de Mourinho
No entanto, o treinador espanhol estaria longe de adivinhar que este era apenas o primeiro degrau de uma imitação perfeita do percurso do técnico português, confirmada nos meses seguintes. E as semelhanças não se limitaram ao facto de ter seguido as pisadas de José Mourinho ao continuar a carreira em solo britânico, pois haveria de protagonizar, imediatamente, a transição de vencedor da Taça UEFA para a UEFA Champions League, ao liderar a conquista do quinto título europeu do Liverpool FC, apenas 12 meses volvidos.
Moralização
É praticamente impossível explicar o impacto provocado pela conquista do primeiro título europeu e as implicações mentais e psicológicas que daí advêm, mas é igualmente difícil provar que não existe qualquer relação entre as duas competições. A velha máxima "sucesso trás sucesso" tem um fundo de verdade quando aplicada à Taça UEFA.
A libertação do Liverpool
Na década de 70, o Liverpool venceu a Taça UEFA por duas vezes num curto espaço de tempo, mas teve de esperar por 1977 para erguer a Taça dos Campeões Europeus. A conquista da Taça UEFA na época anterior proporcionou valiosa experiência na arte de abordar os jogos das competições europeias e conferiu à equipa a confiança mental que permite transformar bons jogadores em futebolistas de elite.
Ajax volta a brilhar
A vitória na Taça UEFA não é, no entanto, condição fundamental para o sucesso na UEFA Champions League. E foram várias as equipas que, no passado, vincaram esta evidência. O AFC Ajax não necessitou de vencer qualquer competição europeia antes de dizimar a concorrência no início da década de 70, ao celebrar a conquista de três títulos europeus consecutivos. Porém, o clube holandês teve de esperar 22 anos para erguer o quarto troféu e, de seguida, inscrever o nome na lista de vencedores da Taça UEFA, antes de, passados mais alguns anos, voltar aos títulos europeus com o sucesso na UEFA Champions League, em 1995.
Na rota do sucesso
O mesmo se aplica ao Liverpool, que esperou 21 anos para voltar a ser campeão europeu. A verdade é que o regresso ao trono do Velho Continente deu-se, uma vez mais, poucos anos volvidos sobre a conquista da Taça UEFA. Perante este quadro, é fácil concluir que o vencedor da actual edição da Taça UEFA, para além da enorme honra de entrar para uma galeria de vencedores repleta de grande nomes do futebol do Velho Continente, poderá estar na rota de sucessos ainda mais significativos no futuro.