A taça que faltava
sexta-feira, 23 de maio de 2003
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Celtic 2-3 FC Porto (após prolongamento)
Um golo de Derlei, aos 115 minutos, deu a primeira Taça UEFA ao FC Porto e a Portugal.
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Por Adrian Harte, em Sevilha
O FC Porto tornou-se na primeira equipa a vencer um troféu através da regra do "golo de prata", depois de subjugar um impetuoso Celtic FC que também procurava levar para casa a Taça UEFA pela primeira vez. Derlei foi o herói que, depois de uma excelente prestação na competição, conseguiu marcar o derradeiro golo aos 115 minutos de um empolgante jogo no Estádio Olímpico de Sevilha.
Hartson e Hélder Postiga de fora
Como era esperado, o técnico do Celtic, Martin O'Neill optou por colocar Chirs Sutton na frente, fazendo dulpa com Henrik Larsson, depois da baixa confirmada de John Hartson. No lado oposto, José Mourinho chamou Nuno Capucho para apoiar Derlei no ataque, uma vez que Hélder Postiga não podia fazer par com o melhor marcador, uma vez estar castigado.
Condições sufocantes
O tempo sufocante marcou o ritmo compassado em que se disputou a final, mesmo que a tónica tivesse sido colocada mais no esforço do que na arte dos jogadores. No entanto, o jogo de passes rápidos do FC Porto foi, desde cedo, posto em evidência, obrigando o Celtic a ter de aplicar-se ainda mais e a pressionar de forma mais dura, o que forçou Joos Valgaeren a ver um cartão amarelo logo aos oito minutos de jogo.
Impressionante Deco
Deco foi o maestro do jogo de passes curtos do FC Porto, mas, em ambos os lados, faltava aquele toque de génio capaz de cortar a respiração ao adversário. O jogo só ficou mais aberto à passagem do minuto 32, com Capucho a fazer um passe para Deco, que, sem inspiração, rematou directo para Douglas. O Celtic respondeu segundos mais tarde, quando Larsson desmarcou Didier Agathe na direita, que não conseguiu o cruzamento perfeito, enviando a bola bem mais alta que Sutton. Aos 35, o Celtic fez nova ameaça à baliza portista, mas Larsson não conseguiu encher o pé para o remate, após o desvio de Sutton.
Derlei marca
No entanto, o FC Porto terminou a primeira parte em claro ascendente. Aos 41 minutos de jogo, Deco driblou calmamente Dianbobo Baldé, mas não foi capaz de ultrapassar Douglas, o qual salvou o primeiro golo com as pernas. Esta jogada foi o aviso do golo de Derlei, ao cair da primeira parte. O cruzamento de Deco encontrou Dmitri Alenichev sozinho na área, cujo remate não impediu que Douglas tentasse segurar a bola. A tentativa saiu gorada e só conseguiu desviar a bola para perto de Derlei. O brasileiro rematou forte e sem hipóteses, fazendo o seu décimo primeiro golo na competição.
Larsson empata
A vantagem não durou muito tempo, já que o Celtic entrou fortíssimo na segunda parte, anulando a vantagem dois minutos após o reatamento. Após um período de prolongada pressão, Agathe cruzou pela direita e, apesar de este lance parecer não trazer perigo para a baliza portista, Larsson acabou por mostrar a sua mestria ao cabecear para o canto mais distante da baliza, registando o seu décimo golo na Taça UEFA e o 200º da sua carreira no Celtic, perante a impotência do guardião portista, Vítor Baía.
Marca e torna a empatar
O FC Porto voltou a ficar em vantagem cinco minutos depois, graças, uma vez mais, ao brilhantismo de Deco. Um excelente passe em arco para Alenichev permitiu ao russo finalizar com estilo uma oportunidade fácil e fazer o 2-1. Mais uma vez, a vantagem foi provisória, desta vez apenas por três minutos. Larsson foi, de novo, o autor do empate. Ao elevar-se de forma espectacular, Larsson cabeceou para o seu segundo golo e consequente nova igualdade.
Oportunidade para Alenichev
O jogo abrandou depois do segundo empate, mas ao ver o prolongamento a aproximar-se, o Celtic quase presenteou o FC Porto, quando um passe errado de McNamara foi parar aos pés de Alenichev, o qual não conseguiu melhor que rematar por cima da baliza.
Drama ao cair do pano
O prolongamento viu um futebol cauteloso de ambas as formações. O Celtic conseguiu manter a segurança mesmo depois da expulsão, aos 96 minutos, de Baldé, por acumulação de cartões amarelos. Mas não conseguiu aguentar até ao final. Derlei não se intimidou com a aproximação de Douglas e, depois de já ter driblado McNamara, rematou forte e conseguiu que a bola passasse pelo guardião e dois defesas que estavam junto à linha de golo. Além de assegurar ao FC Porto um novo título europeu depois de 16 anos de espera, mesmo com a expulsão de Nuno Valente por acumulação de cartões amarelos, este golo também confirmou Derlei como o melhor marcador da Taça UEFA com 12 golos, à frente de Larsson.