Checoslováquia vence batalha rumo à final do EURO 1976

Os Países Baixos não eram equipa para se deixar perturbar por uma chuva torrencial – dois anos antes, no Campeonato do Mundo, tinham vencido a Argentina por 4-0 em condições adversas –, mas a Checoslováquia estragou os seus planos com um triunfo por 3-1, após prolongamento, numa cidade de Zagreb assolada por um temporal inclemente.

Por toda a sua reputação enquanto equipa de muitos talentos, os holandeses, orquestrados pelo maravilhoso Johan Cruyff, nunca foram lentos na luta pelo direito a jogarem o futebol que sabiam. No Mundial, frente ao campeão Brasil, por exemplo, mostraram uma acutilância notável. No entanto, neste torneio, reduzidos a nove jogadores depois das expulsões de Johan Neeskens e Wim van Hanegem, acabaram por perder força.

Apesar de o cartão vermelho exibido a Jaroslav Pollák ter deixado os checos reduzidos a dez jogadores quando Neeskens foi expulso, também já estavam a ganhar por 1-0.

Igualando os holandeses tacticamente e mantendo Cruyff e Van Hanegem longe da sua baliza, chegaram merecidamente à vantagem a meio da primeira parte. Antonín Panenka cobrou um livre na esquerda, que três holandeses não conseguiram interceptar, para a cabeçada vitoriosa de Anton Ondruš, um defesa-central esguio e de cabelo preto que muitas das vezes saía da defesa com a bola controlada, ao jeito de Franz Beckenbauer.

Dois minutos depois, Piet Schrijvers, num corte de carrinho, evitou que o remate de Marián Masný entrasse na baliza, depois de ter sido isolado por um passe a rasgar de Karol Dobiaš. Com o tempo a esgotar-se, Ondruš teve a sua próxima contribuição, não pelos melhores motivos, ao desviar um cruzamento de Ruud Geels para a própria baliza –, mas os problemas da formação "laranja" estavam apenas a começar. Neeskens viu o cartão vermelho três minutos depois e Cruyff viu o cartão amarelo, o segundo na competição, e soube desde logo que ia falhar a final caso a Holanda se apurasse. Algum do estado de espírito da equipa pode ter-se esvaído com este episódio.

E tudo começou a desmoronar-se aos nove minutos da segunda parte do prolongamento, quando o cruzamento longo de František Veselý foi cabeceado por Zdeněk Nehoda, isolado ao segundo poste. Com nova expulsão, desta feita de Van Hanegem, Veselý correu sozinho e contornou o guarda-redes antes de fazer o terceiro tento da sua equipa, apurando os checos para a final.

Equipas

Johan Cruyff lidera a equipa holandesa na meia-final diante da ChecoslováquiaIcon Sport via Getty Images

Checoslováquia: Viktor; Dobiaš, Čapkovič (Jurkemík 106), Ondruš (c), Pivarník, Gögh; Panenka, Móder (Veselý 91), Pollák; Masný, Nehoda
Suplentes: Biros, Švehlík, Vencel
Treinador: Václav Ježek

Países Baixos: Schrijvers; Suurbier, Rijsbergen (Van Hanegem 37), Van Kraay, Krol; Neeskens, Jansen, Cruyff (c), Willy van de Kerkhof; Rep (Geels 65), Rensenbrink
Suplentes: Peters, Ruiter
Treinador: George Knobel

Árbitro: Clive Thomas (País de Gales)