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Roberto Mancini – a importância do espírito de equipa

O treinador vencedor do EURO 2020 revela como a Itália voltou ao topo depois de alguns anos afastada das grandes conquistas.

Roberto Mancini com o troféu Henri Delaunay
Roberto Mancini com o troféu Henri Delaunay UEFA via Getty Images

“Este é um grupo que nunca desanimou, mesmo nos momentos difíceis, apoiando-se mutuamente e colocando o interesse da equipa à frente do individual. Se estamos onde estamos hoje, não é só por um penálti extra marcado com sucesso. É porque fomos transformados pela nossa amizade - um dos sentimentos mais bonitos da vida."

As palavras, não proferidas por Roberto Mancini, mas pelo seu capitão, Giorgio Chiellini, reflectem o espírito de equipa construído por um treinador que assumiu a liderança da selecção italiana num momento delicado, após não se ter qualificado para o Campeonato do Mundo de 2018.

A vitória no EURO 2000 também reafirmou a noção de que o “espírito de equipa” tem a mesma relevância no conjunto bem como entre os próprios jogadores. Mancini embarcou num projecto de renascimento com o apoio de ex-companheiros como Alberico Evani, Fausto Salsano, Giulio Nucciari e Angelo Gregucci, com o seu companheiro de ataque na grande equipa da Sampdoria dos anos 90, Gianluca Vialli, como chefe da delegação. As celebrações de ambos junto à linha testemunham a paixão e o compromisso que os une.

A caminhada da Itália rumo à glória no EURO 2020

Quão importante foi o espírito de equipa? O que fez para que o criar?

Os jogadores foram excepcionais porque formaram um bom grupo de seres humanos - boas pessoas em primeiro lugar, o que era essencial. Além disso, os jogadores mais experientes ajudaram os mais jovens na integração. Isso também foi bastante simples, e eles merecem muito crédito por terem criado um grupo que realmente queria jogar bom futebol. Não é que eu achasse que tudo seria fácil, até porque há sempre dificuldades, mas nós conseguimos. Estivemos 50 dias juntos, o que foi difícil, mas devo dizer que tudo passou rapidamente. Isso é um sinal de que os jogadores se deram bem.

Também implementou um estilo mais positivo, focado no ataque. Quão difícil foi fazer isso depois da decepção de 2018?

Na verdade, foi muito simples, porque encontrei jogadores que queriam fazer algo especial. Eles ficaram entusiasmados com o projecto porque era algo diferente para eles. Estavam curiosos para ver o que nós, italianos, poderíamos fazer. Obviamente demorou algum tempo, mas não tanto assim. Sempre que nos víamos, tudo corria bem, porque eles conseguiam sempre criar algo especial.

Veja a chegada da campeã europeia Itália

A Itália foi capaz de se adaptar taticamente a diferentes adversários. Como não trabalha com os jogadores com tanta frequência, como conseguiu preparar diferentes sistemas táticos?

Foi um esforço de grupo. Tentámos trabalhar diferentes formas de jogar, bem como o aspecto da preparação física. Procurámos melhorar as nossas qualidades individuais e como equipa. Conseguimos, todos juntos, porque os jogadores mostraram muita vontade.

Quão importante foi para o grupo que pudesse fazer cinco ou seis substituições?

Acho que foi importante para todos porque os jogadores acabaram de sair de uma temporada exaustiva, então acho que foi um aspecto muito positivo. Já estávamos a trabalhar como grupo há muito tempo e os jogadores que saíram do banco sabiam o que fazer. Na verdade, devo dizer que sempre que eles entraram, deram algo mais, porque quando havia um jogador menos fresco, um jogador novo aparecia com vontade de melhorar a prestação da equipa- e nem sempre é o caso. Devo dizer que foram excelentes, todos, todas as vezes - em cada jogo, aqueles que entraram fizeram algo especial. É importante que a identidade da equipa permaneça a mesma, mesmo quando trocamos três ou quatro jogadores. Todos eles sabem o que fazer e o produto final não muda.

A reacção de Mancini à conquista da Itália

Quais foram os momentos mais importantes rumo à vitória final?

Acreditámos mesmo no que tínhamos feito antes do EURO, mas, claro, o jogo importante - crucial - foi o primeiro. Numa competição a eliminar, o primeiro é sempre o mais difícil. Depois, quando nos habituamos à competição, torna-se diferente.

O EURO 2020 deu-lhe alguma lição importante?

Que nunca se desiste até o fim. Não é algo que aprendemos no EURO 2020, mas é algo que foi confirmado nesta competição. Os jogadores devem sempre acreditar nas suas habilidades e qualidades, porque todos os jogos começam 0-0. Nunca se desiste por nenhum motivo porque no futebol de hoje pode-se sempre dar a volta.

Viu alguma tendência táctica que poderia ser útil na formação de treinadores?

Penso que todos os treinadores jogaram para atacar e para vencer, então essa é a tendência a seguir. Porque a nível europeu, se seguirmos esta tendência e tivermos jogadores de qualidade, estamos mais perto da vitória. Podemos mudar a formação ou a forma de jogar, mas no final, são 11 jogadores no campo. Portanto, tudo se resume à mentalidade e ao desejo de vencer - mesmo que estejamos a conceder mais oportunidades ao adversários, dando-lhe mais espaço. Eu acredito que esta é a base de tudo.

Leia o relatório técnico do UEFA EURO 2020 (em inglês)