Portugal confiante e sem receio da Espanha
terça-feira, 26 de junho de 2012
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Paulo Bento quer “melhorar a história" e ver Portugal ultrapassar a Espanha nas meias-finais, enquanto Vicente del Bosque pretende “desactivar Cristiano Ronaldo" naquele que considera "o jogo mais importante da nossa vida”.
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Paulo Bento quer “continuar a melhorar a história" de Portugal rumo à segunda presença numa final do torneio na últimas três edições e ultrapassar a Espanha nas meias-finais do UEFA EURO 2012, esta quarta-feira, em Donetsk, enquanto Vicente del Bosque pretende “desactivar Cristiano Ronaldo e não tem dúvidas: “Estamos perante o jogo mais importante da nossa vida.”
Com média de 61 por cento de posse de bola depois dos quatro jogos realizados na prova da Polónia e da Ucrânia, a Espanha lidera a estatística neste particular, o que não constitui qualquer surpresa, pois alicerçou nisso grande parte do êxito das conquistas do UEFA EURO 2008 e do Campeonato do Mundo de 2010. Bento sabe-o e por isso pretende contrariar o facto. “O jogo vai ter momentos em que iremos conseguir dominar, não tenho dúvida em relação a isso”, referiu. “Queremos ter a bola, mas sabemos que do outro lado vai estar um adversário que normalmente tem superado nesse item praticamente todas as e equipas.”
Bento, que vai fazer alinhar o ponta-de-lança Hugo Almeida no ataque no lugar do lesionado Hélder Postiga – enquanto a principal dúvida na Espanha é saber quem terá a mesma função, o médio Cesc Fàbregas a actuar como “falso 9” ou Fernando Torres –, salienta não querer “não andar a reboque da selecção espanhola”. “Temos de ter a ambição, coragem e paciência. Pressionar o adversário, mas saber em que zonas o queremos fazer e com quem. Não queremos passar o tempo a defender, queremos dividir o jogo com a campeã mundial e europeia, ser uma equipa organizada e ambiciosa para continuar a melhorar a história do futebol português.”
Consciente da árdua tarefa que os seus pupilos terão pela frente, Bento realça que até a Espanha também tem debilidades. “Estamos perante uma equipa campeã da Europa e do Mundo, que, após o jogo com a Suíça [derrota por 1-0 no primeiro encontro na fase de grupos do Mundial de 2010] não voltou a perder, mas é verdade que teve dificuldades contra a Itália, contra a Croácia e contra a França, apesar do domínio. A grande identidade que criou tem a ver com a forma como consegue manter a posse durante muito tempo e através desse domínio chegar com muita gente ao último terço do campo.”
Portugal foi a última selecção a conseguir derrotar os espanhóis no EURO, quando Nuno Gomes apontou o golo na vitória de 1-0 na fase de grupos de 2004, cujo resultado apurou os portugueses e afastou os vizinhos da Península Ibérica. Além disso, o último desafio entre ambas as equipas, um amigável disputado em Novembro de 2011, terminou com goleada lusitana por 4-0 naquela que constituiu mesmo da maior derrota da selecção “roja” desde 1963. “É muito difícil repetir um resultado tão desnivelado, mas é possível ganhar à Espanha”, reconhece o seleccionador da equipa das "quinas", eliminada porém no derradeiro confronto oficial entre ambos os países, nos oitavos-de-final do Mundial da África do Sul.
Do outro lado, à procura de continuar a fazer história e tornar a Espanha na primeira selecção a ganhar três provas internacionais seguidas, Del Bosque não está com meias medidas. “Estamos perante o jogo mais importante da nossa vida”, disse o seleccionador espanhol. “Esperamos ficar na história do futebol mundial". Para tal, deixa a receita: “Vamos tentar desactivar o Ronaldo, como fizemos no Mundial, com marcações boas. Aí não vimos o mesmo Ronaldo.”
Sobre algum favoritismo atribuído à sua equipa, Del Bosque diz: “Há pressão nas duas equipas. Nós porque defendemos o título e somos campeões mundiais e Portugal porque está à porta de poder fazer história. Em quase tudo estamos a 50 por cento. Qualquer detalhe mínimo que pode não ter relevância será fatal.”
Com mais dois dias de descanso para os jogadores de Portugal em relação aos da Espanha, o assunto não apoquenta nenhum dos treinadores. “Estes jogadores são talentos físicos, não devemos preocupar-nos excessivamente com a questão física”, refere Del Bosque, para quem “a maturidade desta equipa também se mostra no campo, não só nas ordens do treinador, mas durante o próprio jogo. Temos jogadores que sabem perfeitamente entender os problemas que se nos vão apresentando.” Bento, por seu lado, afirma: “Só o jogo o poderá dizer. Mas, mais do que outra coisa qualquer, isso não nos pode fazer adormecer e deixar embalar pelo tema.”