Dzagoev está a concretizar um sonho

Se havia algumas dúvidas em relação à capacidade de Alan Dzagoev jogar nos grandes palcos, elas foram respondidas cabalmente no primeiro jogo da Rússia no UEFA EURO 2012, contra a República Checa. O jovem de 21 anos produziu uma exibição sublime e os seus dois golos ajudaram a Rússia a conseguir uma entusiasmante vitória por 4-1.

No entanto, e apesar do seu inegável talento, Dzagoev é um dos jogadores mais modestos que poderíamos conhecer e está decidido a não se deixar deslumbrar. "Este foi o nosso jogo inaugural no Campeonato da Europa", afirmou ao UEFA.com. "É difícil encontrar maior honra do que esta. O mais importante é que ganhámos. A equipa ganhou. Ter sido eu a marcar foi apenas um bónus. Agora tenho de continuar a jogar da mesma forma."

E as coisas até podiam ter sido muito diferentes para o avançado do PFC CSKA Moskva. Há dois meses fracturou um dedo de um pé e a sua participação no torneio esteve em dúvida quase até ao último dia. No entanto, e apesar de ter recuperado mais depressa do que o esperado, as dúvidas sobre a sua condição física mantiveram-se até poucos dias do embate contra a República Checa. A fortíssima concorrência de Marat Izmailov também colocou em perigo o seu lugar no "onze" inicial.

Dzagoev, que regressou à equipa russa no jogo amigável disputado, no passado dia 29 de Maio, contra a Lituânia, explica: "Normalmente tenho mais dificuldade em voltar à plena forma  física depois de uma lesão. Desta vez a recuperação foi mais rápida devido ao treino intenso. Mas ainda havia dúvidas se jogaria de início. Essa decisão só foi tomada no dia do jogo."

Dzagoev foi, com o seu jogo colectivo e fluído, um espinho cravado na equipa checa durante o jogo da sexta feira passada. Sozinho quase conseguiu um "hat-trick" na primeira parte, encontrando facilmente posição para alvejar a equipa adversária. Neste jogou conto com o excelente apoio dos seus colegas avançados, Andrey Arshavin e Aleksandr Kerzhakov. Assim, não é grande surpresa que o jovem elogie o estilo de jogo preconizado por Dick Advocaat.

"O nosso jogo é baseado na agressividade e na pressão constante", diz . "O treinador exige que façamos pressão em todo o campo. Depois de perdermos a bola temos de recuperar imediatamente. A equipa compreende muito bem as suas ideias."

O entendimento entre os jogadores liderados por Advocaat é tão bom que Dzagoev considera que os russos são capazes de "ganhar o Euro", mas, com o jogo contra os co-anfitriões, Polónia, à porta, não deixa de reconhecer que "ainda é demasiado cedo para elevar as expectativas". O atleta explica: "Temos de continuar a jogar da mesma maneira. Se ganharmos o próximo jogo é 99 por cento certo que passamos a fase de grupos."

Dzagoev também explica que "o jogo contra a Polónia será muito mais difícil do que o primeiro", uma vez que os polacos já viram jogar a Rússia. E acrescenta: "Eles viram o que aconteceu, portanto vão levar-nos muito a sério. E o mesmo poderíamos dizer sobre nós. Os polacos causaram uma boa impressão no primeiro jogo. Na primeira parte jogaram muito bem. Na segunda alguma coisa aconteceu. Talvez tenham relaxado quando se viram a jogar contra dez. Isso acontece muito frequentemente."

A exibição de Dzagoev não surpreenderá certamente os adeptos russos que já há algum tempo o vêem passear o seu talento pelos relvados. Enquanto jovem, Dzagoev habituou-se a uma vida de saltimbanco do futebol. Cresceu em Breslan e mudou-se para Vladikavkaz para continuar a sua educação futebolística. As suas exibições num torneio juvenil valeram-lhe um convite para integrar a famosa academia de futebol Yuri Konoplev, em Tolyatti, um projecto idealizado pelo proprietário do Chelsea FC, Roman Abramovich. Como culminar deste trajecto, estreou-se aos 17 anos pela equipa principal do CSKA. No ano seguinte conquistou a primeira internacionalização pela selecção nacional russa, enviando uma bola ao poste na estreia contra a Alemanha.

"Claro que sonhava jogar a Champions League e o EURO, mas nunca pensei que tal viesse a acontecer tão cedo. Quando fui para o CSKA nunca imaginei que, no espaço de três ou quatro meses, conseguiria chegar à equipa titular e marcar golos. Tudo aconteceu muito rapidamente. No início pensei que fosse um sonho. Agora tenho de me adaptar rapidamente a esta realidade."

Quanto ao futuro, diz-se aberto a jogar no estrangeiro desde que isso seja bom para ele e para o clube. Mas neste momento é o EURO que ocupa os seus pensamentos dia e noite: "Tenho tido dificuldades em adormecer. Penso demasiado nos jogos e, a nível do subconsciente, estou muito entusiasmado." É difícil adormecer quando se está a viver um sonho.