Perfil do semifinalista: Itália
terça-feira, 26 de junho de 2012
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As expectativas não eram muito elevadas, após derrotas nos jogos de preparação, mas aos poucos a Itália cresceu, mostrou o que vale e agora aponta à terceira final europeia da sua história.
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Tendo em conta a forma como decorreu a preparação para a prova, é um pequeno milagre a Itália ter atingido as meias-finais do Campeonato da Europa. Uma derrota por 3-0 frente à Rússia, apenas uma semana antes do arranque do UEFA EURO 2012, constituiu nada mais, nada menos do que o terceiro desaire consecutivo da "squadra azzurra" em jogos amigáveis, enquanto o tirunfo sobre a República da Irlanda, que acabou por garantir a passagem aos quartos-de-final, foi apenas o primeiro da selecção italiana em sete jogos em fases finais de grandes torneios. Ainda assim, os pupilos de Cesare Prandelli começaram, aos poucos, a redescobrir o futebol fluído que lhes permitiu terminar invictos a fase de qualificação e a sua confiança está a crescer.
Táctica: A derrota diante da Rússia e a lesão nos gémeos que impossibilitou Andrea Barzagli de alinhar nos dois primeiros encontros da fase de grupos forçou Prandelli a mudar o seu tradicional 4-3-1-2 para um 3-5-2, com o médio Daniele De Rossi a descer do meio-campo para o centro da defesa, composto por três elementos. A Itália dispôs de bastante posse de bola e criou algumas oportunidades de golo neste sistema, mas acabou por somar dois empates 1-1, depois de ter estado a vencer por 1-0 em ambos os jogos. Com o regresso de Barzagli, Prandelli voltou ao seu sistema tático preferido e somou a primeira vitória na prova, frente à Irlanda, antes de controlar por completo o jogo dos quartos-de-final, frente à Inglaterra.
Jogador-chave: Andrea Pirlo foi o maestro da selecção italiana que conquistou o Campeonato do Mundo de 2006 e a sua influência na equipa continua a ser tão forte como sempre. Ao longo do torneio coordenou as operações do meio-campo da "squadra azzurra", efectuando um sem número de passes com conta, peso e medida, determinantes para os resultados obtidos pela equipa. Entre os seus momentos de maior magia, destaque para o passe a rasgar por completo a defesa contrária que permitiu a Antonio Di Natale inaugurar o marcador frente à Espanha, o pontapé livre superiormente marcado frente à Croácia, que colocou a Itália na frente do marcador, e o penalty "à Panenka" marcado com todo o sangue frio do mundo no desempate por penalties ante a Inglaterra, nos quartos-de-final. Alessandro Diamante fez questão de salientar: "Mesmo cansado, Pirlo é o melhor médio do Mundo."
Registo nas meias-finais do EURO:
05/06/1968 Itália 0-0 URSS (após prolongamento, ITA venceu na moeda ao ar) (Nápoles)
22/06/1988 URSS 2-0 Itália (Estugarda)
29/06/2000 Itália 0-0 Holanda (após prolongamento, ITA venceu 3-1 no desempate por penalties) (Amesterdão)
Campo de treinos: A Itália vai no seu 24 de Prandelli. O seleccionador italiano faz os seus jogadores trabalharem muito nos treinos, e estes estão a conseguir, com sucesso, praticar um futebol mais expansivo. Durante uma sessão de treino, Mario Balotelli e Di Natale aliaram-se para rasteirar Antonio Cassano. "Ah, então vocês querem que eu me lesione, não é?", gritou o avançado da Udinese Calcio, enquanto os seus concorrentes a um lugar no ataque se riam. A prova de que os jogadores parecem dar-se bem uns com os outros. "A atmosfera entre o nosso grupo é excelente", garantiu Cassano ao UEFA.com. "Os meus colegas e eu estamos a divertir-nos bastante mas, no final, o que mais importa são os resultados".
Registo em Varsóvia: Cassano tem boas memórias de Varsóvia, mas talvez seja o único futebolista italiano a tê-las. O avançado do AC Milan marcou o seu primeiro golo com a camisola da Itália precisamente na capital polaca, logo no seu jogo de estreia, em 2003, mas a "Squadra Azzurra" acabou por perder esse amigável por 3-1. O outro jogo que a Itália havia disputado antes em Varsóvia tinha terminado com um 0-0, em 1975, na fase de qualificação para o Campeonato da Europa de 1976.
Os clubes italianos também não se têm dado muito bem com as suas visitas a Varsóvia. Em seis jogos das competições europeias de clubes em solo polaco entre o Legia e formações da Serie A, apenas um terminou com a vitória dos visitantes, quando o FC Internazionale Milano levou a melhor por 1-0, na Taça UEFA de 1985/86. Os restantes encontros resultaram em duas derrotas e três empates a um golo, o último dos quais obtido pela Udinese, na Taça UEFA de 1999/2000, num jogo visto do banco pelo guarda-redes suplente da Itália, Morgan De Sanctis.
O que melhorar: Prandelli está a tentar contrariar o "instinto natural da sua equipa para defender quando se vê em vantagem". Depois de ter deixado fugir vantagens de 1-0 diante de Espanha e Croácia, o seleccionador italiano identificou o velho problema que está a tentar exorcizar. "Recuamos demasiado no terreno; o nosso subconsciente diz-nos que assim conseguiremos segurar a vantagem", explicou o técnico. "Precisamos de mudar essa mentalidade". Para além disso, embora seja uma justa semi-finalista, tendo dominado a posse de bola em três dos quatro encontro que disputou, a selecção italiana soma três empates em quatro jogos, sobretudo por culpa da falta de eficácia que tem demonstrado no capítulo da finalização.
Um olhar visto de casa: "A melhor Itália desde o Mundial da Alemanha atingiu as meias-finais do EURO 2012 graças a uma vitória nos penalties. Merecia ter garantido a vitória bem antes do sofrimento das grandes penalidades, mas esse sofrimento confere um sabor ainda mais especial à notícia do apuramento. Esta é uma Itália que ganha com o coração, com classe e com determinação". (La Gazzetta dello Sport).
O treinador do Manchester City FC, Roberto Mancini, por sua vez, acrescentou: "Na segunda parte e no prolongamento sufocámos a Inglaterra. Esmagámo-los e não os deixámos respirar; estiveram sempre à mercê do nosso golpe de misericórdia, que teimou em não aparecer. Mas digo-vos uma coisa: a Itália vai estar na final, onde vai defrontar Portugal".
A frase: "Podemos praticar um futebol progressista. Desde que procuremos assumir a iniciativa de jogo, somos uma excelente equipa. Mas, se recuamos para tentar proteger um resultado, tornamo-nos numa equipa amedrontada". Prandelli deixa bem claro o que quer da sua equipa.