Portugal testa pontaria frente à Espanha

Quando Portugal defrontar a Espanha, na primeira meia-final do UEFA EURO 2012, o jogador mais perigoso da prova vai tentar manter a bitola frente ao país onde costuma jogar ao nível de clubes.

Depois de outra temporada goleadora ao serviço do Real Madrid CF, Cristiano Ronaldo deixou a sua marca na competição nos últimos dois jogos da selecção, ao marcar três golos, todos os apontados por Portugal ante a Holanda e a República Checa na fase de grupos e quartos-de-final, respectivamente.

Com a opção da Espanha em optar por colocar Cesc Fàbregas como "falso número 9" – em detrimento de pontas-de-lança como Fernando Llorente e Fernando Torres –, a manter acesa a discussão, o número de remates de Ronaldo, que costuma actuar no lado esquerdo do tridente ofensivo, é um dos mais destacados aspectos da prova até ao momento.

Por ar ou pelo chão, o extremo de 27 anos, influente na vitória sobre a Espanha por 4-0 no particular disputado há 19 meses, tem sido a principal ameaça da selecção de Portugal. Os seus 29 remates na prova (quatro dos quais acertaram nos postes) constituem novo máximo de um jogador em todas as edições do EURO, enquanto os 14 no alvo são quase metade dos 33 da equipa.

A Espanha leva 44 remates à baliza, segunda da classificação geral, atrás dos 50 da Itália, mas são mais distribuídos, apesar de Portugal não ser apenas Ronaldo. Contra os checos, os portugueses tentaram 26 cruzamentos em jogo corrido, mais que qualquer outra equipa havia feito em qualquer jogo do UEFA EURO 2012.

Nani, que joga no outro flanco do ataque, é a principal fonte abastecedora de jogo ofensivo. As 19 tentativas de assistência são um número sem par na competição da Polónia e da Ucrânia, e dão que pensar, decerto, ao defesa-esquerdo Jordi Alba quando este tentar as suas tradicionais arrancadas pelo flanco.

Que Portugal (76) tenha feito quase o dobro das tentativas de cruzamentos da Espanha (37) é pouco surpreendente, se virmos o tipo de jogadores disponíveis. Previsível é também o domínio da "roja" relativamente ao passe e à posse de bola, que dão fama ao famoso "tika-taka".

Portugal tem 1164 passes completos e um total de 46% de eficácia nesse capítulo por jogo, ao que a Espanha responde com 2616 e 61% de eficácia. Fundamental nestes números é o trio do meio-campo composto por Xavi Hernández, Xabi Alonso e Sergio Busquets, o primeiro e o último a fazerem parte daquilo que um dia Alex Ferguson apelidou do "carrossel de passes" do FC Barcelona.

É tamanho o domínio da Espanha neste capítulo que seis dos dez jogadores que completaram mais passes no UEFA EURO 2012 actuam na equipa de Del Bosque: Xavi (371), Alonso (318), Busquets (300), Sergio Ramos (266), Alba (253) e Andrés Iniesta (240).