Beckenbauer, líder da geração de 72 da República Federal da Alemanha
segunda-feira, 8 de janeiro de 2024
Sumário do artigo
Franz Beckenbauer, que faleceu aos 78 anos, ajudou a desencadear uma era de ouro para a selecção da República Federal da Alemanha quando foi capitão da equipa até à glória em 1972. Aqui recorda aquela grande equipa, desde a “figura paterna” de Helmut Schön até o “fenomenal” Gerd Müller.
Conteúdo media do artigo
Corpo do artigo
Líbero de grande classe numa equipa da República Federal da Alemanha igualmente majestosa, Franz Beckenbauer recorda a formação que capitaneou até à glória no Campeonato da Europa de 1972. O "Kaiser" reflecte sobre a influência do treinador Helmuth Schön, os golos de Gerd Müller e a desilusão de falhar a revalidação do título em 1976.
Porque é que a equipa de 1972 era tão boa?
Franz Beckenbauer: Demorou até nos entendermos em campo. Quando o Campeonato do Mundo de 1970 terminou, era altura de mudanças. Os grandes jogadores dessa equipa deixaram de jogar e foi preciso apresentar outros.
Esta equipa uniu-se e penso que o jogo em Wembley foi muito importante. Foi a primeira vez que uma equipa alemã ganhou em solo inglês – algo histórico e muito bom para a nossa confiança. Acreditámos que, quem consegue vencer a Inglaterra em Wembley, pode bater qualquer adversário.
Foi capitão durante vários anos – acha que a equipa de 1972 foi a melhor?
Beckenbauer: Sim, mas o Europeu de 1972 não foi assim tão difícil de ganhar. Tivemos apenas um jogo complicado e na fase final havia apenas quatro equipas, actualmente são 16.
O que é que Helmuth Schön significava para si e para a selecção alemã?
Beckenbauer: Helmuth Schön era como um pai para nós. No futebol moderno, algo assim não é possível. Helmuth Schön era um ser humano incrível. Todos gostavam dele pois preocupava-se com os jogadores.
Existem bastantes histórias sobre Gerd Müller – pode falar-nos sobre ele?
Beckenbauer: Gerd Müller era um fenómeno. Graças a Deus representou o Bayern e a selecção alemã. Sem ele, não creio que alguma vez tivéssemos ganho o Europeu ou o Mundial. Ele sabia melhor do que ninguém como marcar golos.
Que recordações tem da derrota frente à República Checa, no desempate por penáltis da final de 1976?
Beckenbauer: Depois de ganhar o Europeu em 1972 e o Mundial em 1974, a equipa estava um pouco enfraquecida. Em 1976 já não contámos com alguns dos grandes jogadores, entre eles Gerd Müller e [Wolfgang] Overath. Isso deixou um vazio que ninguém conseguiu preencher.
Por isso, ficámos bastante felizes por chegar sequer à fase final, e ainda mais com a presença na final, a primeira a ser decidida nos penalties. Mas como não estávamos à espera dos penalties, perdemos.