Dino Zoff aos 70: cinco jogos inesquecíveis
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
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Para celebrar o 70º aniversário de Dino Zoff, recordamos a grande carreira do guarda-redes da Juventus e da selecção de Itália com uma mão cheia de jogos marcantes numa carreira de 22 anos.
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Dino Zoff celebra esta terça-feira o seu 70º aniversário, quase três décadas depois de levantar o troféu do Campeonato do Mundo e 44 anos após ter ajudado a Itália conquistar o Europeu de 1968. Conhecido como "Il monumento del calcio italiano (O monumento do futebol italiano)", o antigo guarda-redes é uma das personalidades futebolísticas mais respeitadas no país transalpino. Somou 112 internacionalizações e, como treinador, conduziu a selecção "azzurri" à fase final do UEFA EURO 2000. Nas palavras do próprio: "Sempre preferi as acções às palavras."
Aos 14 anos media apenas 1,60 metros de altura e a avó fazia-o beber oito ovos crus para acelerar o crescimento, mas o sacrifício acabaria por compensar: muito tempo depois jogou cartas com o Presidente italiano Sandro Pertini, o seleccionador Enzo Bearzot e o colega de equipa Franco Causio no voo de regresso a Roma após ganhar o Campeonato do Mundo. São apenas dois exemplos de episódios que valeram a Zoff o estatuto de figura de culto em Itália. O UEFA.com celebra o aniversário do antigo guarda-redes da Udinese Calcio, AC Mantova, SSC Napoli e, sobretudo, da Juventus, recordando cinco momentos marcantes de uma carreira que durou 22 anos.
10 de Junho de 1968: Itália 2-0 Jugoslávia, repetição da final do Campeonato da Europa de 1968
Zoff teve uma estreia simplesmente espectacular na selecção. Aos 26 anos, debutou na segunda mão dos quartos-de-final contra a Bulgária, em que a Itália recuperou de uma derrota, por 3-2, em Sófia, vencendo em casa por 2-0. Confirmado como primeira escolha para a fase final, a ser disputada por quatro equipas em Itália, Zoff não sofreu qualquer golo na meia-final contra a União Soviética (0-0), que acabaria por ser decidida por uma moeda ao ar.
A Jugoslávia dominou a final em Roma, mas Zoff ajudou a Itália a conseguir um empate (1-1), após prolongamento, e viu a decisão ser adiada para o jogo de repetição, dois dias mais tarde. E, à quarta internacionalização, o guarda-redes somou o terceiro jogo sem sofrer golos para se tornar campeão europeu com uma vitória por 2-0. "Sentimos muitos problemas diante da Jugoslávia", recordou Zoff. "Para ser honesto, não merecemos o empate no primeiro jogo, mas fomos simplesmente perfeitos na partida de repetição."
14 de Novembro de 1973: Inglaterra 0-1 Itália, jogo particular
Fabio Capello marcou o golo mais famoso da sua carreira como jogador, mas a primeira vitória italiana em Wembley não teria sido possível sem uma série de estupendas defesas de Zoff: duas na primeira parte a remates de Tony Currie e uma ainda mais espectacular depois do intervalo a negar o golo a Emlyn Hughes.
Este encontro realizou-se durante o recorde mundial de 1142 minutos seguidos de Zoff sem sofrer golos. Segundo classificado na votação para Bota de Ouro de 1973, atrás de Johan Cruyff, nas vésperas do Mundial de 1974 a imagem de Zoff surgiu na capa da revista Newsweek com o título: "O melhor do Mundo."
18 de Maio de 1977: Athletic Club 2-1 Juventus (total 2-2, Juve ganhou devido aos golos fora), segunda mão da final da Taça UEFA
A Juventus chegou a Bilbau após vencer a primeira mão, por 1-0, em Turim e não demorou a ampliar a vantagem com um tento de Roberto Bettega. No entanto, o Athletic foi para o ataque em San Mamés e Javier Irureta e Carlos Ruiz deram a volta ao jogo e deixaram os bascos a um golo da vitória. Mas Zoff estava na baliza e a Juventus levantou o troféu.
"Depois do segundo golo deles, o Zoff chutou a bola para fora da baliza", lembra Giovanni Trapattoni. "Perguntou-me quantos minutos faltavam. Respondi-lhe que faltavam 12 e ele não escondeu a sua desilusão. Foi muito difícil resistir até ao apito final, mas os minutos foram passando e, depois, o melhor guarda-redes do Mundo estava a sorrir novamente."
15 de Março de 1978: Juventus 1-1 AFC Ajax (total 2-2, Juve venceu por 3-0 nos penalties), segunda mão dos quartos-de-final da Taça dos Clubes Campeões Europeus
Tida como uma das melhores exibições de Zoff nas competições europeias, o encontro acabou com todos os jogadores da Juve a abraçarem o guarda-redes e os adeptos a gritarem "Dino, Dino". Os "bianconeri" tinham acabado de garantir a presença nas meias-finais: o Ajax não converteu nenhuma das suas grandes penalidades e Zoff defendeu as tentativas de Ruud Geels e de Pim van Dord.
Mas a Juventus acabaria por ser eliminada nas meias-finais e Zoff acabou por nunca vencer a Taça dos Campeões: perdeu duas finais, uma das quais de forma surpreendente ante o Hamburger SV, em Atenas, decidida com um golo de Felix Magath. "Foi a maior desilusão da minha carreira", disse Zoff, a propósito. "Tínhamos uma equipa de campeões, muitos dos quais tinham ganho o Mundial no ano anterior, além do Michel Platini e do Zbigniew Boniek. Chegámos à final sem perder qualquer jogo, mas, depois, aquele golo do Magath..."
5 de Julho de 1982: Itália 3-2 Brasil, segunda fase de grupos do Campeonato do Mundo de 1982
O favorito Brasil só precisava de um empate para chegar às meias-finais, mas a Itália viu-se a vencer por 3-2 com o famoso "hat-trick" de Paolo Rossi. Os sul-americanos partiram desesperadamente para o ataque e o defesa-central Óscar teve um cabeceamento incrível que apenas Zoff conseguiu travar com um mergulho fantástico para a esquerda.
"Não foi a minha melhor defesa, mas, provavelmente, foi a mais importante", lembrou o antigo guarda-redes. "Sabia que a bola não tinha entrado, mas foi terrível esperar pela decisão do árbitro enquanto os jogadores brasileiros gritavam a pedir que o golo fosse validado." E foi essa defesa que permitiu à Itália chegar às meias-finais, fase na qual bateu a Polónia, antes da vitória, sobre a República Federal da Alemanha, por 3-1, que permitiu a Zoff tornar-se no mais velho jogador a levantar a o troféu de campeão mundial.