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Memórias de 1993 assombram França

Invicta há 13 jogos, a França lidera com segurança o Grupo D, faltando-lhe dois jogos em casa, mas o treinador Laurent Blanc sabe por experiência própria que as coisas ainda podem correr mal.

Laurent Blanc espera evitar a campanha de apuramento catastrófica da França para o Campeonato do Mundo de 1994
Laurent Blanc espera evitar a campanha de apuramento catastrófica da França para o Campeonato do Mundo de 1994 ©Getty Images

A França parte para a recta final da fase de qualificação do UEFA EURO 2012 em boa posição. Invictos há 13 jogos, os "bleus" lideram o Grupo D com um ponto de vantagem e têm o luxo de terminar a campanha com dois jogos caseiros, frente a Albânia, na sexta-feira, e Bósnia-Herzegovina, segunda classificada, quatro dias depois. No entanto, a experiência ensinou ao treinador Laurent Blanc a não dar nada por garantido.

Os jogadores de Blanc estão numa posição quase idêntica aos de Gérard Houllier há 18 anos, e como o actual seleccionador francês sabe muito bem, essa campanha não terminou da melhor forma. A precisar de somar apenas um pontos nos dois últimos jogos, em casa, frente a Israel e Bulgária, a equipa que tinha talentos como Marcel Desailly, David Ginola, Jean-Pierre Papin, Eric Cantona e o próprio Blanc, sucumbiu a duas derrotas no Parc des Princes.

"Sabia que iam fazer referência a isso", disse Blanc, quando questionado sobre se era possível uma repetição do desastre na fase de qualificação para o Campeonato do Mundo de 1994. "A comunicação social nunca perde uma oportunidade para falar sobre isso, apesar de não ter a certeza se estes jogadores assistiram a esses jogos. Mas há semelhanças, porque mais uma vez temos dois jogos em casa, frente a equipas que nos podem causar problemas".

Tal como Blanc, também Houllier teve um mau começo ao serviço da França, perdendo um amigável antes de sofrer mais uma derrota, no primeiro jogo oficial, frente à Bulgária, fora de casa. Depois, a equipa recuperou de forma impressionante, vencendo seis jogos e empatando um, antes do colapso final. Quase duas décadas depois, os pupilos de Blanc começaram uma nova era de forma idêntica, perdendo o amigável contra a Noruega, fora, seguindo-se a derrota frente à Bielorrússia, em casa, na abertura do Grupo D. Uma vez mais, a recuperação foi soberba, com cinco vitórias e dois empates nos últimos sete jogos de qualificação.

E é aí que Blanc gostaria que as semelhanças terminassem. "Quando se inicia uma fase de qualificação, sabemos que certos jogos vão ser mais importantes que outros", acrescentou. "Mas é melhor estar sob pressão para tentar atingir algo do que para evitar. Temos que nos certificar que a pressão tem um efeito positivo".

Os adeptos mais supersticiosos podem sentir que os deuses do futebol estão a conspirar contra o bicampeão europeu, depois de um fim-de-semana em que Franck Ribéry, Bacary Sagna, Éric Abidal e Blaise Matuidi se lesionaram ao serviço dos respectivos clubes. Tal como Philippe Mexès, Karim Benzema e Laurent Koscielny, também vão falhar o jogo contra a Albânia.

Ainda assim, Blanc está confiante na obtenção da segunda vitória sobre a equipa de Josip Kuže, apesar de, pelo facto de a Bósnia-Herzegovina também ser favorita a bater o Luxemburgo, em casa, ser mais do que provável que a luta pelo primeiro lugar continue na terça-feira.

Caso isso se confirme, existirão mais do que apenas nervos no Stade de France – e o fantasma de Emil Kostadinov não estará muito longe. A 17 de Novembro de 1993, os anfitriões estiveram a segundos do apuramento, quando, com o jogo empatado a um golo, David Ginola cruzou mal para a área adversária; a Bulgária contra-atacou, Luboslav Penev assistiu Kostadinov e, com Blanc a tentar o corte em desespero, o avançado disparou forte para o fundo das redes.

No que a Blanc diz respeito, desta vez o objectivo é evitar esse final de jogo catastrófico. "Sabemos quantos pontos precisamos, mas não vamos pensar nas contas", destacou o técnico de 45 anos. "Queremos apenas vencer os dois jogos, jogando bem e marcando golos. Só vamos começar a fazer contas nos últimos seis ou sete minutos".

E se as coisas realmente chegarem a esse ponto, Blanc será desculpado por pedir aos seus jogadores para manterem a bola junto à bandeirola de canto, em vez de cruzarem, deixando esgotar os últimos segundos.