Fim de ciclo para Rehhagel
quinta-feira, 1 de julho de 2010
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O percurso de Otto Rehhagel como seleccionador da Grécia terminou ao fim de nove anos, na sequência da eliminação no Mundial, mas o técnico alemão transformou o futebol helénico. O UEFA.com passa em revista o seu percurso.
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A passagem de nove anos de Otto Rehhagel no cargo de seleccionador da Grécia chegou ao fim, no seguimento do afastamento precoce do Campeonato do Mundo, mas o legado do técnico não será esquecido facilmente.
A partida do homem conhecido como "Rei Otto" põe fim a quase nove anos no comando técnico da Grécia, selecção que liderou ao êxito sem precedentes. Com as hipóteses de triunfo avaliadas em 100-1 antes do início do UEFA EURO 2004, a Grécia derrotou de forma sensacional o anfitrião Portugal na final, por 1-0, e conquistou o primeiro troféu do seu palmarés. "O apuramento foi um enorme feito", disse na altura. "Só estávamos interessados no primeiro jogo, mas continuámos em bom nível, fizemos um torneio espectacular e acabámos como campeões europeus."
Quando Rehhagel assumiu o cargo, em Agosto de 2001, esse era um sonho distante. As únicas presenças da Grécia em fases finais tinham acontecido no Campeonato da Europa de 1980 e no Mundial de 1994, tendo somado um empate e cinco derrotas no toal das duas competições. Mas ao escolherem Rehhagel, apostaram no único homem a jogar ou a treinar em 1000 desafios da Bundesliga e que contabilizava no currículo uma passagem de 14 anos pelo Werder Bremen, a conquista da Taça dos Vencedores das Taças em 1991/92 e dois campeonatos da Alemanha. Alcançou ainda o terceiro título ao serviço do 1. FC Kaiserslautern, tendo pelo meio ajudado o FC Bayern München a ganhar a Taça UEFA, em 1995/96.
Com o germânico no comando, uma geração de jogadores helénicos talentosos ganhou um espírito de equipa incrível e conseguiu desafiar todas as probabilidades ao conquistar o ceptro europeu em 2004. A fasquia elevou-se, bem como as expectativas, e a selecção grega ganhou o respeito dos adversários, apesar de permanecer fiel a um estilo de jogo cauteloso, o mesmo que deu dividendos em solo lusitano.
Apesar da proeza de 2004 não se ter repetido, a Grécia é actualmente presença assídua em fases finais de grandes competições, embora não consiga igualar o estatuto. Não obstante não ter conseguido revalidar o título ganho no UEFA EURO 2008, ao quedar-se pela fase de grupos com três derrotas, qualificou-se para essa prova com mais pontos do que qualquer outra nação. Na África do Sul, registou os primeiros golos em fases finais do Mundial, por intermédio de Dimitris Salpingidis e Vassilis Torosidis, num encontro que alcançou igualmente a primeira vitória, por 2-1, frente à Nigéria.
Durante o "reinado" de Rehhagel, a Grécia disputou 106 jogos, tendo vencido exactamente metade, 53, empatado 23 e sofrido 30 derrotas. O legado do técnico alemão, que antes costumava colocar o futebol de clubes em primeiro lugar, é a aproximação do apaixonado público grego à sua selecção.
Sofoklis Pilavios, presidente da Federação Grega de Futebol, falou aos jornalistas antes de embarcar no avião em Joanesburgo que trouxe a selecção helénica de regresso a Atenas: "Rehhagel fez muito por esta equipa e estamos-lhe gratos por isso. São tempos difíceis [na hora da despedida] para ambas as partes."
O seu estado de espírito encontrou eco na comunicação social no dia seguinte. O SportDay, com a manchete "Danke Otto [Obrigado Otto]" e uma foto enorme do treinador germânico, escreveu na primeira página: "Contigo, os nossos sonhos mais loucos tornaram-se realidade em 2004. Com a tua ajuda, os gregos aprenderam que são capazes de alcançar a glória. Hoje, uma nação inteira está-te grata por tudo o que nos deste e dizemos-te adeus com um grande 'obrigado', do fundo do coração."