Zola acredita em Prandelli
terça-feira, 7 de setembro de 2010
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Gianfranco Zola acredita que a nomeação de Cesare Prandelli como responsável técnico irá trazer “nova mentalidade” à selecção da Itália, na tentativa de esquecer o decepcionante desempenho no Mundial.
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Depois da decepcionante participação no Campeonato do Mundo, a Federação Italiana de Futebol (FIGC) concluiu que era chegada a altura para proceder a mudanças. Cesare Prandelli foi apresentado como novo seleccionador e, com a campanha rumo à fase final do UEFA EURO 2012 no início, o antigo internacional Gianfranco Zola acredita que a "revolução de Prandelli" irá ser um êxito.
Ainda assim, isto não significa que veja o apuramento como um dado adquirido. A Itália começou a fase de qualificação no Grupo C com uma vitória por 2-1 na Estónia e prepara-se para receber as Ilhas Faroé, na terça-feira, antes de enfrentar também Irlanda do Norte, Sérvia e Eslovénia. Tendo estes dois últimos países, tal como a Itália, marcado presença igualmente na prova da África do Sul, Zola mostra-se consciente de que o antigo treinador da ACF Fiorentina e agora seleccionador italiano terá de se adaptar rapidamente ao futebol de selecções.
"Não vai ser um grupo fácil, considerando a situação da Itália, mas tenho fé, pois temos um técnico que alcançou sempre bons resultados nos cargos anteriores, embora esta [treinar uma selecção] seja uma experiência nova para ele", salientou Zola ao UEFA.com. "Ele trabalha muito bem com jogadores jovens e isso permite-nos construir algo de novo, com uma mentalidade diferente e renovada. Espero, do fundo do coração, que o futebol italiano volte a ter êxito."
Extremamente popular durante a passagem pelo comando técnico da Fiorentina, Prandelli não tem quaisquer dificuldades em relacionar-se com jogadores que, apesar de talentosos, são considerados por alguns como difíceis de lidar. Prova disso foi a aposta em Antonio Cassano, chamado de regresso à selecção italiana e autor do golo que restabeleceu a igualdade para a "squadra azzurra" na visita à Estónia, bem como a presença de Mario Balotelli na primeira convocatória elaborada por Prandelli, que se estreou no passado mês de Agosto com a camisola da selecção principal do seu país.
"Ele trabalha muito bem com os jogadores, sejam jovens e estreantes ou tenham já certa experiência e personalidades mais complicadas", explicou Zola. "E isto é fundamental. Neste momento, a selecção de Itália necessita de alguém que seja um verdadeiro líder, que indique o caminho, e que conjugado com um misto de jogadores mais jovens consiga inspirar e renovar a selecção nacional."
Prandelli provou já, ao longo da sua carreira de treinador, ser bem-sucedido no trabalho com jovens jogadores, mas Zola − que desempenhou já as funções de treinador-adjunto da selecção italiana de Sub-21 − sabe o quanto pode ser complicado para os jovens jogadores do seu país afirmarem-se e jogarem regularmente na Serie A.
"Espero que as coisas mudem", referiu. "Mas a verdade é que os jovens não têm muitas possibilidades de jogar no nosso campeonato, o que acaba por retardar o seu desenvolvimento. No início da carreira, um jogador jovem precisa de sentir que as pessoas têm confiança nele e necessita de jogar para adquirir experiência. E isso não acontece em muitos dos principais jogos. Espero que as coisas mudem e acredito ser necessária uma mudança de geração."
E para isso Prandelli vai contar com a ajuda de Gianni Rivera e de Roberto Baggio, que recentemente se juntaram à equipa técnica da FIGC. São ambos antigos "fantasistas", tal como o era Zola. "Creio que a ideia é chamar jogadores que saibam jogar bem com a bola nos pés, de forma a privilegiar o estilo de jogo e melhorar o futebol praticado", afirmou o antigo treinador do West Ham United FC.
"Isto é muito positivo, especialmente quando olhamos para os excelentes resultados alcançados nos últimos tempos pelas selecções da Alemanha. Penso que é muito importante dar prioridade ao futebol jogado. Espero que tomem as decisões acertadas, pois é necessário tomar decisões complicadas para melhorar."