A experiência como caminho para o êxito
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
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O seleccionador da França, Laurent Blanc, olha para o futuro com uma "nova geração" de jogadores e aposta na experiência para devolver os "bleus" ao topo do futebol europeu e mundial.
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Um treinador não precisa de ter sido um grande jogador para ter sucesso no banco de suplentes e José Mourinho é a prova viva disso mesmo. Ainda assim, Laurent Blanc acredita que a sua imensa experiência como atleta o vai ajudar a devolver a França ao topo do futebol mundial.
O antigo defesa do FC Internazionale Milano e Manchester United FC teve uma carreira excepcional, embora os seus grandes sucessos tenham sido alcançados com a camisola azul da França. Blanc foi elemento fundamental da selecção que venceu o Campeonato do Mundo de 1998 e o Campeonato da Europa de 2000, somando qualquer coisa como 97 internacionalizações, sendo capitão em oito ocasiões, liderando a equipa na conquista do Europeu.
"Ser seleccionador nacional é um trabalho que todos sonham ter", admitiu Blanc ao UEFA.com. "Estar ao serviço do nosso país, representar a nossa nação. A selecção foi sempre muito importante ao longo da minha carreira e continua a ser agora como treinador. Ser seleccionador francês é uma honra e aceitei o cargo com muito orgulho".
Blanc até pode ter o cargo que sempre sonhou, mas o início da aventura foi tudo menos um sonho. No primeiro jogo oficial, a França foi surpreendida, em casa, pela Bielorrússia, no dia 3 de Setembro. Perder no Stade de France, onde os "bleus" levantaram a Taça do Mundo em 1998 e onde estiveram 11 anos sem conhecer o sabor da derrota, foi um duro revés para o homem conhecido como "Le Président".
"A derrota de Paris foi muito difícil de superar", admitiu o treinador do FC Girondins de Bordeaux. "Sobretudo porque, apesar de não termos feito uma exibição fantástica, não merecíamos perder. Os jogadores ficaram conscientes que tivemos a pior estreia possível".
Mas os desaires inesperados fazem parte do futebol e não há qualquer hipótese de Blanc entrar em pânico por causa disso. E os jogadores souberam a opinião do técnico. "Temos de lhes dizer que confiamos neles, porque fomos nós que escolhemos a equipa. Temos de lhes dizer que achamos que fomos melhores do que a Bielorrússia nesse jogo, mas que no futebol nem sempre a melhor equipa ganha", explicou.
A França não tem vivido tempos fáceis, mas a situação até nem é nova para Blanc, que passou por situação idêntica a meio da década de 90, quando a nova e talentosa geração de jogadores tentava afirmar o seu valor. O objectivo, agora, é começar um novo ciclo de sucesso. "Quando existe um problema de transição ele deve-se, normalmente, a um problema de gerações", referiu. "Estamos a tentar começar uma nova geração, com alguns bons jogadores que ainda não são excepcionais".
A França falhou a qualificação para as fases finais dos Mundiais de 1990 e 1994 antes de construir uma selecção que conseguiu conquistar tudo. Blanc recorda o "perfeito espírito de equipa" do final dos anos 90, afirmando: "Tínhamos jogadores que eram estrelas nas suas respectivas equipas, mas que estavam 100% empenhados quando jogavam pela França. Temos de redescobrir certos valores que perdemos na selecção nacional francesa".
Blanc está convencido que a sua enorme experiência ao mais alto nível o vai ajudar a tirar o máximo do actual grupo de jogadores. "Posso partilhar essa experiência com os jogadores franceses que jogam em grandes clubes de outros países", explicou o antigo defesa central do FC Barcelona, Olympique de Marseille e SSC Napoli. "Julgo que me dá uma certa credibilidade junto dos jogadores. Assim, quando discutimos algo, posso dizer-lhes que sei do que estou a falar, que posso falar sobre isso, que posso ajudar".
A mensagem parece ter surtido efeito em Sarajevo, onde a França venceu, por 2-0, a Bósnia-Herzegovina, rival no Grupo D de apuramento para o UEFA EURO 2012. E Blanc já sorri quando recorda a exibição. "Três dias depois [da derrota com a Bielorrússia] precisávamos de uma reacção forte frente a uma selecção que ainda é o rival mais perigoso do grupo. Os jogadores tinham a consciência que já estávamos encostados à parede. Julgo que responderam [aos críticos] da melhor maneira possível".