Liderança em jogo

Boa disposição
Em teoria, o encontro entre a ultra-disciplinada equipa de Lars Lagerbäck, principal rival durante a fase de qualificação do UEFA EURO 2008™, deveria ser motivo para alguma preocupação e apreensão. Em vez disso, Aragonés esteve confiante, bem-humorado e evidentemente ansioso por uma grande noite no Stadion Tivoli Neu. Questionado por um jornalista sueco sobre as fotografias de Sergio Ramos numa discoteca de Innsbruck, durante a semana, o treinador, de 69 anos, afirmou: "Era o dia de folga! Tiveram sorte por não me apanharem também numa discoteca. Gosto de música 'disco', mas prefiro flamenco. Pensei que iam mostrar-me algo pior". Foi a gargalhada geral. E a sua evidente boa disposição estendeu-se às questões sobre Fernando Torres.

Relação paternal
"Tive uma conversa com ele, mas nunca houve problemas", afirmou, referindo-se à ideia de que o avançado do Liverpool FC continuava aborrecido com o facto de ter sido substituído perante a Rússia. "Por vezes construímos um sentimento paternal em relação a alguns jogadores e trabalho com ele há muito tempo, mas só integrou as minhas equipas com mérito". Torres e David Villa merecem os lugares. Foi a dupla que arruinou a estratégia russa e ambos voltaram a treinar juntos no último treino antes do encontro de sábado. Mas há outros dois factores que poderão ser vitais frente à Suécia. A equipa de Lars Lagerbäck é muito boa no jogo aéreo, mas não conta com Niclas Alexandersson (lesionado nos gémeos) e Christian Wilhelmsson (perna) na ala direita, uma fraqueza que a Espanha conta aproveitar.

Enorme qualidade
"A Suécia tem jogadores altos que ganham as bolas pelo ar e é isso que temos de contrariar", disse Aragonés. "Acho que o nosso lado esquerdo está em grande forma. O David Silva pode jogar em qualquer posição e o Capdevila pode alinhar como defesa-central, lateral, médio e faz assistências para golos". Fredrik Stoor deverá superiorizar-se a Mikael Dorson para render Alexandersson, mas o que mais preocupa Lagerbäck, para além de ter de alterar a equipa que venceu a campeã Grécia, por 2-0, é que esta se apresente totalmente concentrada. "Nos últimos anos, aprendemos que, contra eles, se perdermos um pouco a concentração vão fazer estragos. Se tiverem a bola e nós estivermos desconcentrados eles jogam como se fossem a melhor equipa do Mundo. Foi o que aconteceu quando perdemos em Madrid [3-0], mas acho que isso não vai repetir-se". Obviamente, o que o técnico pretende é uma reedição do triunfo da Suécia, por 2-0, em Estocolmo, que precedeu o desaire no Santiago Bernabéu.

Avançados de classe
Ao passo que a Espanha deverá apresentar o mesmo "onze" que exibiu diante da Rússia, Lagerbäck tem uma decisão importante para tomar em relação a Zlatan Ibrahimović. A recuperar de problemas num joelho, o dianteiro sueco poderá disputar apenas parte do encontro ante a Espanha. "Mas o facto de não ter sentido dores durante o jogo e último treino é um bom sinal", afirmou o técnico. "A dupla que forma com o Henrik [Larsson] é de enorme qualidade e o Henrik regressou a este torneio apenas porque cumpre todos os requisitos de um avançado do futebol moderno". A forma como a Espanha vai lidar com a exibição do antigo avançado do FC Barcelona acrescenta ainda mais interesse ao embate.