Portugal cai perante alemães letais
quinta-feira, 19 de junho de 2008
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Portugal 2-3 Alemanha
A selecção alemã revelou-se letal em Basileia, colocando um cruel ponto final no sonho português.
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Portugal despediu-se esta quinta-feira do UEFA EURO 2008, ao perder por 3-2 nos quartos-de-final, frente à Alemanha. A "mannschaft" revelou-se letal no St. Jakob-Park, em Basileia, com Bastian Schweinsteiger, Miroslav Klose e Michael Ballack a assinarem os tentos da formação de Joachim Löw. Nuno Gomes e Hélder Postiga marcaram pela selecção portuguesa.
Os primeiros minutos ofereceram uma intensa e apaixonante luta pelo comando do meio-campo, sem que nenhuma das equipas conseguisse garantir tal desiderato. O equilíbrio traduziu-se em constantes alternâncias na posse de bola, ainda que a magia dos passes de Deco fosse, aqui e ali, colocando em sentido os flancos germânicos. O primeiro remate à baliza só surgiu aos 15 minutos e nasceu de mais uma pequena pérola de Deco, que solicitou a entrada de Simão na direita, com o extremo português a rematar para uma defesa segura de Jens Lehmann. E foi preciso esperar apenas mais cinco minutos para João Moutinho desperdiçar a primeira grande ocasião de golo do encontro. Bosingwa foi à linha no lado direito e cruzou para a entrada do médio do Sporting, mas este hesitou e acabou por atirar por cima da barra com a coxa.
A Alemanha ia limitando as suas acções ofensivas a esporádicas incursões de Bastian Schweinsteiger pelo lado direito, mas quis o destino que o médio do FC Bayern München voltasse a revelar a mesma inspiração que lhe permitiu bisar frente a Portugal no jogo de atribuição do terceiro lugar no Mundial de 2006. Estavam decorridos 22 minutos quando Michael Ballack e Lukas Podolski combinaram bem na esquerda, com o último a cruzar na perfeição para a entrada vitoriosa de Schweinsteiger, que se adiantou a Paulo Ferreira e bateu Ricardo. Fazendo jus à frieza e letalidade que sempre foram a sua imagem de marca, os alemães chegaram ao 2-0 aos 26 minutos. Schweinsteiger cobrou um livre descaído na esquerda e cruzou para a área portuguesa, aparecendo o embalado e desmarcado Klose a cabecear para o fundo da baliza.
Portugal abanou, mas sem nunca cair. Mesmo já sem João Moutinho, que foi substituído por Raul Meireles à meia-hora de jogo, devido a lesão, os comandados de Luiz Felipe Scolari encheram o peito e partiram de imediato em busca da redenção. Liderada pelo omnipresente Deco e com Bosingwa a criar desequilíbrios no seu flanco, a equipa portuguesa logrou mesmo reduzir a cinco minutos do intervalo. Cristiano Ronaldo surgiu em posição privilegiada e rematou para uma boa defesa de Lehmann, mas a bola sobrou para Nuno Gomes, que não perdoou na recarga, de nada valendo a desesperada tentativa de corte de Christoph Metzelder. Completamente por cima, Portugal esteve a escassos centímetros de restabelecer a igualdade mesmo em cima do intervalo, mas Ronaldo não foi feliz.
A vontade de marcar cedo com que a equipa portuguesa regressou dos balneários causou problemas madrugadores à Alemanha, como atestam os cartões amarelos vistos pelos laterais Arne Friedrich e Philipp Lahm. O 2-2 só não foi uma realidade aos 57 minutos porque Pepe cabeceou por cima da barra a um metro da linha fatal, isto após Deco ter desviado de cabeça ao primeiro poste, na sequência de um canto. Asfixiada pelo vendaval português, a Alemanha sentia dificuldades inclusive em sair do seu meio-campo, mas praticamente na primeira vez em que o conseguiu chegou ao 3-1. Schweinsteiger, sempre ele, cobrou um livre na esquerda e cruzou para a área portuguesa, com Ballack a aproveitar a indecisão de Paulo Ferreira e Ricardo para cabecear para o fundo das redes.
Scolari não perdeu tempo e fez entrar Nani para o lugar de Nuno Gomes, com Ronaldo a derivar para o papel de ponta-de-lança. A desvantagem de dois golos teve um natural impacto negativo na manobra de ataque de Portugal, com a vontade de fazer tudo rápido a emperrar o entusiasmante carrossel das "quinas". Os remates à baliza alemã (quase eles de fora da área) iam sucedendo-se à mesma velocidade com que diminuíam as esperanças portuguesas. O suplente Hélder Postiga ainda logrou reduzir para 3-2 aos 87 minutos, ao desviar de cabeça um cruzamento de Nani, mas o sonho de repetir o épico jogo dos quartos-de-final de há quatro anos, frente à Inglaterra, não passou de uma mera ilusão.
Reacções
Hans-Dieter Flick, treinador-adjunto da Alemanha: "Tinha uma aposta e disse que hoje íamos marcar num lance de bola parada. Existiram dois, por isso talvez devesse ter duplicado o valor apostado. Estava convicto que íamos marcar pois Portugal corre riscos em situações destas. Temos vários jogadores que são muito bons no jogo aéreo e mostrámos que somos exímios em lances de bola parada".
Luiz Felipe Scolari, seleccionador de Portugal: "Tínhamos designado determinados jogadores para marcarem o Ballack e ouros jogadores alemães, mas nos livres os nossos jogadores foram com adversários errados e a Alemanha aproveitou. Sou o principal responsável pela eliminação, porque escolho os jogadores e as tácticas. Estou muito desiludido porque tínhamos qualidade para alcançar as meias-finais, mas num jogo decisivo como este tivemos falhas de concentração".
"Onzes"
Portugal: Ricardo; Paulo Ferreira, Carvalho, Pepe, Bosingwa; Simão, Moutinho (Raul Meireles 31), Deco, Petit (Hélder Postiga 73), Ronaldo; Nuno Gomes (c) (Nani 67)
Suplentes: Nuno, Rui Patrício, Bruno Alves, Fernando Meira, Hugo Almeida, Miguel, Jorge Ribeiro, Quaresma, Miguel Veloso
Seleccionador: Luiz Felipe Scolari
Alemanha: Lehmann; Lahm, Metzelder, Mertesacker, Friedrich; Hitzlsperger (Borowski 73), Ballack (c), Rolfes, Schweinsteiger (Fritz 83); Podolski, Klose (Jansen 89)
Suplentes: Enke, Adler, Westermann, Frings, Gómez, Neuville, Trochowski, Odonkor, Kuranyi
Seleccionador: Hans-Dieter Flick
Árbitro: Peter Fröjdfeldt (Suécia)
Melhor em Campo: Bastian Schweinsteiger (Alemanha)