Alemanha no seu melhor

De acordo com o treinador-adjunto Hans Dieter-Flick, "a Alemanha é uma equipa talhada para as fases finais", mas houve momentos durante a fase de grupos do UEFA EURO 2008™ em que essas palavras não se ajustaram. Tendo começado a prova como uma das favoritas, as exibições da Alemanha no Grupo B sugeriram que seria difícil ultrapassar Portugal nos quartos-de-final. Ainda assim, os germânicos melhoraram quando foi preciso e não deixaram que a Turquia os surpreendessem nas meias-finais de Viena, onde garantiram o confronto com a Espanha.

Caminhada até à final
A Alemanha começou a prova de forma promissora, derrotando a Polónia por 2-0, com dois tentos do avançado de origem polaca, Lukas Podolski. No entanto, a equipa esteve muito abaixo das suas capacidades na subsequente derrota por 2-1 frente à Croácia, com o golo de Podolski, aos 79 minutos, a ser fraca consolação, já depois de Darijo Srna e Ivica Olić terem colocado a Croácia em vantagem. A posterior ausência de Bastian Schweinsteiger frente à Áustria, por castigo, foi outro rude golpe, apesar de os germânicos terem recuperado a compostura e vencido um dos co-anfitriões por 1-0, em Viena, com um golo sensacional de Michael Ballack, na conversão de um livre directo, assegurando o segundo lugar do grupo.

Depois de ultrapassada a fase de grupos pela primeira vez desde 1996, a Alemanha eliminou Portugal, até aí uma das selecções mais consistentes da prova, no jogo dos quartos-de-final, disputado em Basileia. Apesar da suspensão imposta ao seleccionador alemão Joachim Löw, depois da expulsão frente à Áustria, a sua equipa foi mais forte e venceu por 3-2, graças aos golos de Schweinsteiger, Miroslav Klose e Ballack. Klose e Schweinsteiger voltaram a marcar na meia-final diante da Turquia, que nunca desistiu e viu Semih Şentürk empatar a partida a dois golos, mas desta vez o último remate certeiro, aos 90 minutos, coube ao alemão Philipp Lahm.

Registo em finais
Alemanha venceu três e perdeu duas das finais do Campeonato da Europa em que participou. Os adeptos da "mannschaft" mais supersticiosos querem sobretudo evitar pensar na sequência de resultado, dado que cada triunfo na prova seguiu-se uma derrota no encontro decisivo.
• 1972 URSS V 3-0
• 1976 Checoslováquia D 2-2 ap, 2-5 nos penalties
• 1980 Bélgica V 2-1
• 1992 Dinamarca D 0-2
• 1996 República Checa V 2-1 ap

Momento-chave
O regresso à competição de Schweinsteiger após cumprir um jogo de castigo para marcar o primeiro golo frente a Portugal revelou-se importante e deu confiança à equipa. Também o tento da vitória diante dos turcos, da autoria de Lahm, chegou em boa hora.

Jogador em destaque
Tem que ser Ballack. Se a sua influência foi menor no início da fase final, mostrou capacidade de liderança quando foi necessário. O golo fantástico frente à Áustria garantiu a passagem aos quartos-de-final, e depois voltou a mostrar a sua qualidade em lances aéreos, marcando o terceiro e decisivo golo frente a Portugal, quando a formação lusa ameaçava chegar ao empate.

Tácticas
Após utilizar o esquema táctico de 4-2-2-2, com Torsten Frings e Ballack a preencherem o meio-campo, Löw mudou para um 4-2-3-1 frente a Portugal. Isto significou que as alas ficaram entregues a Podolski e Schweinsteiger e, para além disso, Ballack teve uma função mais ofensiva, que capitalizou a sua propensão para marcar, revivendo os desempenhos do Mundial de 2002. Löw utilizou o mesmo esquema diante da Turquia, embora Frings tenha substituído o lesionado Simon Rolfes ao intervalo, de modo que o médio do Werder Bremen poderá voltar a ser titular frente à Espanha.

Registo no desempate por penalties
A Alemanha venceu cinco dos seis encontros resolvidos através da marcação de grandes penalidades, onde se incluem as vitórias nas meias-finais do EURO '96™ e dos Mundiais de 1982 e 1990. A única derrota surgiu na final do Campeonato da Europa de 1976, frente à Checoslováquia, quando o lendário remate de Antonín Panenka lhe negou a conquista do troféu, no seu primeiro desempate deste tipo.

Caminhada até ao UEFA EURO 2008™
A Alemanha foi a primeira selecção a garantir a qualificação para a fase final quando, a 13 de Outubro de 2007, empatou a zero na República da Irlanda, embora os resultados seguintes tivessem tirado algum brilho à campanha efectuada pela equipa de Joachim Löw. Empates com o País de Gales e Chipre e a derrota em casa diante da República Checa, por 3-0, eclipsaram a goleada de 13-0 em San Marino a 6 de Setembro de 2006, naquela que constituiu a maior vitória em jogos do Campeonato da Europa. Nesse encontro, Podolski apontou quatro golos e tornou-se apenas no segundo jogador alemão a conseguir tal feito, depois de Gerd Müller frente à Albânia, em 1967.

Reacções
• "Se fosse eu o treinador, punha-me a jogar". Palavras de Torsten Frings depois de ter entrado ao intervalo na meia-final, numa altura em que se prepara para voltar à titularidade diante da Espanha.

• "Apostei que íamos marcar através de um lance de bola parada. Como conseguimos dois golos, se calhar da próxima vez duplico a aposta". – Flick, treinador-adjunto germânico depois de Klose e Ballack terem marcado de cabeça, na sequência de livres, frente a Portugal.

• "Ela disse-me o que fazer e eu segui o seu conselho. Primeiro disse para não voltar a fazer nada de estúpido, e eu cumpri. Depois, que devia jogar como tinha feito há dois anos. O que queriam que eu fizesse? Quando a chanceler nos pede algo, devemos obedecer!" – Schweinsteiger seguiu os conselhos da chanceler alemã Angela Merkel, ao lado da qual assistiu à partida frente à Áustria.

O que escreveu a imprensa
• "Agora aproveitem a oportunidade e façam história", disse Franz Beckenbauer, citado pelo jornal Bild, após a Alemanha eliminar a Turquia.

• "Schweinsteiginho - mais duas vitórias até à conquista da Europa" – O jornal Abendzeitung elogia a exibição de Schweinsteiger, considerado o Melhor em Campo, depois de a Alemanha ter vencido Portugal e garantido a passagem às meias-finais da competição.

• "Por favor, continuem a tropeçar" – O jornal Süddeutsche Zeitung aplaude o regresso aos bons velhos tempos em que a Alemanha impunha a sua lei sobre os adversários, depois da vitória frente à Áustria.

• "C(ro)atástrofe" – O jornal Bild não encarou a derrota frente à Croácia de ânimo leve.