Cinismo "laranja" surpreende campeão mundial
segunda-feira, 9 de junho de 2008
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Holanda 3-0 Itália
Os holandeses assumiram a liderança do Grupo C e interromperam 30 anos sem vitórias sobre a Itália em grande estilo.
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A Holanda conseguiu o primeiro grande resultado deste UEFA EURO 2008, ao bater de forma clara a Itália por 3-0, na jornada de abertura do Grupo C. Numa partida entre fortes candidatos ao título, os holandeses foram melhores em todos os aspectos e aplicaram aos transalpinos a mesma receita que estes costumam utilizar, um meio-campo forte, uma defesa coesa e um contra-ataque "cínico" e letal.
O grande jogo desta primeira jornada do Campeonato da Europa começou de forma frenética, com as duas equipas a entrarem a todo o gás como que a tentarem intimidar o adversário. Destaque especial para a Itália que, um pouco ao invés do que costuma fazer, assumiu o comando das operações iniciais, com diversas movimentações ofensivas.
Ao contrário, a habitualmente ofensiva Holanda começou, aos poucos, a segurar mais a bola na intermediária, com menos elementos na frente de ataque. Uma situação que se manteve durante os primeiros 20 minutos, altura em que a Itália recuou um pouco, tapando os caminhos em frente à sua grande área e tentando, agora sim, o contra-golpe, com os velozes alas Mauro Camoranesi e Antonio Di Natale.
Estas alternâncias de domínio deram emoção à partida, mas a eficácia caiu apenas para o lado da Holanda. Aos 12 minutos, Camoranesi centrou para o coração da área, onde Luca Toni cabeceou com muito perigo, mas ao lado. Aos 17 foi a vez de a turma "laranja" dar o primeiro aviso. Dirk Kuyt serviu Ruud van Nistelrooy na perfeição, este isolou-se e ultrapassou Buffon, mas tropeçou e perdeu ângulo e tempo de remate. Esta foi uma primeira indicação do que viria a seguir.
Decorria o minuto 25 quando o marcador ganhou cor. Após jogada de insistência, Wesley Sneijder rematou forte do lado esquerdo e, em plena pequena área, Van Nistelrooy desviou para o 1-0. A Holanda evidenciava agora a sua veia ofensiva e os transalpinos, surpreendentemente, revelavam alguma descoordenação defensiva. Algo que ficou patente aos 31 minutos. Quando a Itália se balanceava no ataque, aconteceu o 2-0, por Sneijder. Giovanni van Bronckhorst fugiu pela esquerda num rápido contra-ataque, virou de flanco para Kuyt na direita e este, de primeira, assistiu Sneijder na área, que facturou com um remate acrobático.
Antes do intervalo mais duas grandes situações. Aos 42 minutos, Rafael van der Vaart fez um passe rasgado fantástico que isolou Van Nistelrooy e este permitiu a defesa de Gianluigi Buffon. Grande oportunidade desperdiçada. Na resposta, em cima do intervalo, Di Natale recolheu a bola à entrada da área holandesa e rematou forte rente à barra da baliza de Edwin van der Sar. Uma primeira parte surpreendente, com a Itália a provar um pouco do seu "veneno" habitual perante uma Holanda eficaz.
Na etapa complementar, o treinador Roberto Donadoni tirou Marco Materazzi e lançou Fabio Grosso, para dar mais acutilância ofensiva à sua equipa, mas a verdade é que a Holanda continuou a controlar as operações, apesar do maior domínio territorial transalpino e da entrada de Alessandro Del Piero, à passagem da hora de jogo. O meio-campo "laranja" esteve sempre muito bem na ocupação dos espaços e foi inteligente nas trocas de bola.
Del Piero foi, nesta fase, o jogador em maior destaque, a fabricar espaços na grande área holandesa onde não existiam e a rematar algumas vezes para defesas atentas de Van der Sar. Luca Toni, aos 75 minutos, a passe do entrado Antonio Cassano, esteve quase a marcar, mas o atacante, isolado, atirou por cima da barra, quando tentava fazer o chapéu ao guardião contrário. Logo a seguir, numa ponta final de jogo emocionante, Fabio Grosso obrigou Van der Sar a excelente defesa, aos 77 minutos, com um remate em plena grande área, mas o veterano guarda-redes evitou o tento. O mesmo acontecendo com um livre de Andrea Pirlo, no melhor período italiano.
Mas estava escrito que desta feita seria a Holanda a jogar no erro adversário, e o 3-0 haveria de surgir aos 79 minutos. Num rápido contra-ataque, Buffon ainda evitou o tento de Kuyt, mas este acabou por centrar para Van Bronckhorst, que cabeceou para o fundo da baliza. Estava feito o resultado mais dilatado até então no EURO, com a Holanda a bater a Itália pela primeira vez em 30 anos.
"Onzes"
Holanda: Van der Sar (c); Van Bronckhorst, Mathijsen, Boulahrouz (Heitinga 77), Ooijer; Sneijder, Engelaar, Van der Vaart, De Jong, Kuyt (Afellay 81); Van Nistelrooy (Van Persie 70)
Suplentes: Timmer, Stekelenburg, De Zeeuw, Robben, Melchiot, Bouma, De Cler, Huntelaar, Vennegoor of Hesselink
Seleccionador: Marco van Basten
Itália: Buffon (c); Zambrotta, Materazzi (Grosso 54), Barzagli, Panucci; Gattuso, Pirlo, Ambrosini; Di Natale (Del Piero 64), Toni, Camoranesi (Cassano 75)
Suplentes: Amelia, De Sanctis, Chiellini, Gamberini, De Rossi, Borriello, Quagliarella, Perrotta, Aquilani
Seleccionador: Roberto Donadoni
Árbitro: Peter Fröjdfeldt (Suécia)
Melhor em Campo: Wesley Sneijder (Holanda)