Clemente procura clemência

O seleccionador da Sérvia, Javier Clemente, aposta em sarar as feridas da dolorosa derrota frente ao Cazaquistão por ocasião da recepção a Portugal, que se apresenta em Belgrado em excelente momento de forma.

Precedente azeri
A 11 de Junho de 2003, ainda como parte integrante da Sérvia e Montenegro, os sérvios perderam em Baku, por 2-1, numa partida de qualificação para o UEFA EURO 2004™, permitindo ao Azerbaijão registar o primeiro triunfo da sua história num encontro oficial. Quatro anos volvidos, a Sérvia voltou a estar do lado errado da história, uma vez que Cazaquistão conseguiu, com resultado igual, a primeira vitória desde que passou a integrar a UEFA. E claro que os sérvios voltaram a colocar-se a jeito, despertando uma vaga de duras críticas por parte da Imprensa do seu país. O "Sportski Zurnal" delega as responsabilidades no treinador espanhol, não poupando nas palavras ao fazer manchete com a seguinte frase: "Clemente é uma farsa". Insatisfeito com o insucesso, o jornal questiona, ainda, o facto de o treinador de 57 anos ter deixado no banco os defesas Mladen Krstajić e Ivica Dragutinović.

Sem justificação
Como é óbvio, tudo poderia ser esquecido se a Sérvia conseguisse vencer, esta quarta-feira, a selecção de Portugal, mas primeiro é necessário identificar os erros cometidos no jogo com o Cazaquistão. "Não tivemos muitos lapsos no processo defensivo, mas perdemos demasiadas oportunidades soberanas", reconhece Clemente. "As condições climáticas e a diferença horária não foram problema. O relvado era mau, mas isso nada justifica".

Solidariedade institucional
Após o encontro de sábado, o presidente da Federação de Futebol Sérvia, Zvezdan Terzić, colocou-se ao lado do seleccionador: "Perdemos uma batalha, mas não a guerra, e estou convicto de que conseguiremos o nosso objectivo, terminando num dos dois primeiros lugares do grupo de modo a alcançar o apuramento para a fase final".

Žigić suspenso
Mas para terem êxito nesta missão, os sérvios necessitam de recuperar os níveis de confiança frente a Portugal. O facto de poderem voltar a contar com o capitão Dejan Stanković (cumpriu castigo no sábado) é, sem dúvida, um ponto positivo, mas a ausência do ponta-de-lança Nikola Žigić - castigado na sequência do segundo cartão amarelo recebido na ponta final da partida com o Cazaquistão -, constitui rude golpe na estrutura atacante.

Longa caminhada
De qualquer forma, Clemente descarta a possibilidade de a pressão se apoderar da sua equipa. "Nós estávamos decepcionados, mas, agora, estamos a preparar-nos para a noite de quarta-feira", aponta. "Não está na nossa filosofia termos medo. Vamos seguir em frente. A qualificação é uma longa caminhada - uma derrota nunca é decisiva e uma vitória não representa muito". É escusado dizer que representará imenso se for conseguida frente a Portugal...