Grécia conquista a Europa
domingo, 4 de julho de 2004
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Portugal 0-1 Grécia
Um golo de Angelos Charisteas deu o primeiro título europeu à Grécia diante do país anfitrião.
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Vinte e dois dias depois do primeiro encontro entre as duas equipas, a história repetiu-se, pois a Grécia bateu o favorito Portugal e sagrou-se pela primeira vez campeã da Europa.
Sem Giorgios Karagounis devido castigo, Otto Rehaggel lançou Giannakopoulos como suporte aos dois avançados, Angelos Charisteas e Zisis Vryzas. Na selecção portuguesa, Scolari repetiu o “onze” que derrotou a Holanda. Os primeiros minutos serviram para reforçar o favoritismo dos anfitriões, com Portugal a tomar conta do encontro desde o apito inicial.
A formação grega concentrou-se junto da sua área, à espera de algum sinal português de fragilidade defensiva para desferir o seu ataque, mortal para equipas favoritas à conquista do Europeu, como foi o caso da França e República Checa. Miguel, aos 11 minutos, teve a primeira oportunidade para marcar, mas Antonios Nikopolidis defendeu para canto, com a equipa helénica a responder aos 15 minutos, quando Charisteas viu Ricardo tapar todos os caminhos para o seu remate. Pauleta, no minuto seguinte, rematou à entrada da área com o guardião grego a defender com alguma dificuldade.
Dada a atitude bem diferente das duas equipas, a bola esteve sobretudo, no meio-campo, numa árdua luta para sua posse. Este facto fez com que as situações de golo escasseassem nos minutos seguintes, com Maniche a ser a excepção, num bom remate de pé direito, aos 22 minutos. Com Pauleta “preso” entre os dois centrais, Figo e Cristiano Ronaldo a não conseguirem ganhar vantagem nas alas, a equipa grega neutralizou o sistema ofensivo português, que viveu de lançamentos longos e sem perigo para a baliza de Nikopolidis.
A defesa portuguesa respondeu com a mesma eficácia, não permitindo que Ricardo tivesse de fazer qualquer defesa, dado que o único remate helénico à sua baliza nos primeiros 45 minutos saiu ao lado. Portugal terminou a primeira parte com 56 por cento de posse de bola e quatro remates, num primeiro tempo em que o ritmo foi pouco elevado, como prova a existência de 24 faltas assinaladas.
A equipa portuguesa voltou do balneário com Paulo Ferreira em campo, que substituíra Miguel, por lesão, aos 43 minutos, num regresso do defesa-direito ao EURO 2004, perante o mesmo adversário, com o conjunto lusitano a voltar a empurrar a Grécia para junto da sua área, graças a acções individuais de Cristiano Ronaldo e Deco. Aos 57 minutos, Charisteas saltou mais alto do que Costinha, após a transformação de um pontapé de canto de Angelos Basinas na direita do ataque helénico, para, de cabeça, adiantar a Grécia no marcador, no primeiro remate à baliza portuguesa.
Aos 60, Costinha deu o seu lugar a Rui Costa, no início da reacção portuguesa, já que, no minuto seguinte, o médio ofensivo do AC Milan, criou perigo na direita, sem que Pauleta correspondesse ao seu cruzamento. Com quatro cantos em dois minutos, Portugal esteve perto de marcar, mas faltou sempre a referência na área para aparecer aos vários cruzamentos, onde o “gigante” Traianos Dellas foi sempre mais forte. Scolari lançou Nuno Gomes para o lugar de Pauleta, aos 73 minutos, para o último quarto de hora do encontro.
Com a colocação do jovem do Manchester United FC ao lado de Nuno Gomes da frente de ataque, Cristiano Ronaldo, aos 72 minutos, dispôs de uma bela oportunidade para marcar, com o seu remate a sair por cima da barra. Rui Costa, por duas vezes, também tentou o remate à entrada da área, sempre sem a melhor direcção. Ricardo Carvalho, aos 81 minutos, voltou a estar perto de marcar, mas o remate voltou a encontrar o corpo de Nikopolidis. A selecção portuguesa tentou a igualdade até ao final, mas os gregos conseguiram tapar da melhor forma os caminhos para a sua baliza, tendo conseguido guardar a preciosa vantagem.
Reacções
Otto Rehhagel, treinador da Grécia: "Foi um feito pouco comum para o futebol grego e especialmente para o futebol europeu. A equipa muito bem. O adversário era tecnicamente melhor que nós, mas aproveitámos as nossas oportunidades. Devíamos ter feito o 2-0. Os gregos fizeram história no futebol hoje. É sensacional."
Angelos Charisteas, avançado da Grécia: "É um momento único, que muitos de nós poderão nunca mais viver e acredito que merecemos. Chegámos até aqui eliminando grandes equipas e hoje enfrentámos um Portugal muito forte. Apesar disso, conseguimos ganhar o troféu. É o melhor momento da minha carreira. Acho que não havia como perder a taça hoje. Na altura não sabia como, mas sabia que íamos erguer [o troféu] hoje."
Luiz Felipe Scolari, treinador de Portugal: "Pedimos perdão a todos os portugueses porque não conseguimos alcançar o objectivo que todos queríamos. É difícil perder assim... jogar assim e não marcar. Eles venceram defensivamente porque sabem jogar dessa maneira. Os gregos demonstraram a qualidade naquilo em que são melhores. Foram superiores nos lances pelo ar, nas bolas paradas e no posicionamento individual. Isto é futebol."
Equipas
Portugal: Ricardo; Nuno Valente, Ricardo Carvalho, Jorge Andrade, Miguel (Paulo Ferreira 43); Figo (c), Costinha (Rui Costa 60), Deco, Maniche, Ronaldo; Pauleta (Nuno Gomes 74)
Suplentes: Quim, Moreira, Rui Jorge, Fernando Couto, Petit, Simão, Beto, Tiago, Postiga
Treinador: Luiz Felipe Scolari
Grécia: Nikopolidis; Fyssas, Dellas, Kapsis, Seitaridis; Basinas, Katsouranis, Zagorakis (c); Giannakopoulos (Venetidis 76), Vryzas (Papadopoulos 81), Charisteas
Suplentes: Chalkias, Katergiannakis, Dabizas, Tsiartas, Kafes, Georgiadis, Goumas, Lakis
Treinador: Otto Rehhagel
Árbitro: Markus Merk (Alamanha)
Melhor em Campo: Theo Zagorakis (Grécia)