Portugal quer esquecer desilusão de 2004
domingo, 10 de julho de 2016
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Portugal foi o único país a perder a final em casa, quando foi surpreendido pela Grécia no EURO 2004, mas agora pode infligir a mesma desilusão à França.
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Portugal vai entrar no Stade de France com o objectivo de estragar a festa dos anfitriões, o papel oposto ao que teve na final do UEFA EURO 2004, quando a Grécia destroçou os corações de um país inteiro ao causar a maior surpresa na história do Campeonato da Europa da UEFA.
Na selecção portuguesa restam apenas dois jogadores que estiveram nesse jogo, no Estádio da Luz: Ricardo Carvalho e Cristiano Ronaldo. O extremo, na altura com 19 anos, não conseguiu conter as lágrimas após o apito final, depois de ter visto a sua equipa batida por um cabeceamento de Angelos Christeas na segunda parte.
Portugal já tinha sido surpreendido pela Grécia nesse EURO, quando perdeu por 2-1 no jogo de abertura, no Estádio do Dragão. A equipa de Luiz Felipe Scolari superou esse contratempo ao vencer Rússia e Espanha, conseguindo o primeiro lugar no grupo. Em contrapartida, a Grécia só levou a melhor sobre a Espanha, na luta por uma vaga nos quartos-de-final, graças aos golos marcados.
Um triunfo sobre Inglaterra, no desempate por grandes penalidades, e a vitória por 2-1 frente à Holanda, permitiram a Portugal garantir a sua primeira final de uma grande competição, depois de ter estado várias vezes perto desse objectivo. Já a Grécia continuou a contrariar as expectativas, eliminando a campeã França e a impressionante República Checa.
A final
Apesar de a derrota na estreia ainda estar bem fresca na memória, Portugal era o grande favorito para a final de 4 de Julho de 2004. A equipa de Scolari, que dois anos antes tinha levado o Brasil ao triunfo no Campeonato do Mundo, estava repleta de talento, incluindo cinco jogadores que tinham vencido a UEFA Champions League ao serviço do Porto, o capitão Luís Figo e ainda Ronaldo, a jovem estrela em ascensão.
Os anfitriões dominaram a primeira parte, mas sem conseguirem penetrar na sólida defesa grega, com as situações de maior perigo a serem os remates de longe de Maniche, Pauleta e Miguel.
A Grécia tinha chegado tão longe graças a uma enorme eficácia, que voltou a mostrar na final, ganhando vantagem antes da hora de jogo. Christeas antecipou-se a dois defesas e desviou o canto de Angelos Basinas, para felicidade dos poucos gregos que estavam atrás da baliza.
Incentivado pelo público, Portugal aumentou a pressão mas não encontrou forma de derrubar a muralha grega, com o guarda-redes Antonis Nikopolidis a ser o último elemento de uma defesa sólida.
Enquanto o Mundo estava atónito com o surpreendente triunfo da Grécia, que entrou em prova com hipóteses de sucesso de 1 para 80, Portugal sentiu uma sensação de injustiça depois de fazer 16 remates, face a apenas quatro dos gregos. "É difícil perder desta forma, a jogar tão bem e sem conseguir marcar", afirmou um desiludido Scolari.
Em 2016
Portugal tem sido comparado com a Grécia pela forma como chegou até esta final, não conseguindo ganhar um jogo nos 90 minutos até bater o País de Gales, nas meias-finais.
A equipa portuguesa tem jogadores de grande classe, como Ronaldo e Pepe – que há seis semanas foram campeões europeus de clubes com o Real Madrid - e Renato Sanches, um dos jovens mais promissores desta fase final, mas é o empenho e a determinação que fazem recordar os pupilos de Otto Reggahel.
Informação privilegiada
Fernando Santos trabalhou sete épocas no futebol helénico e sucedeu a Rehhagel como seleccionador da Grécia em 2010. É um treinador experiente que, aos 61 anos, não está disposto a mudar as suas ideias.
"Temos a nossa maneira de jogar. Não interessa se é bonita ou não", afirmou Santos após o triunfo sobre Gales. "Não somos a melhor equipa do Mundo, mas também não somos ingénuos".
Com o planeamento cuidadoso de Fernando Santos e a liderança de Ronaldo, Portugal tem agora uma excelente oportunidade para exorcizar os fantasmas de 2004.
"O EURO 2004 foi especial, tinha apenas 18 anos [sic] e foi a minha estreia em grandes competições", recordou Ronaldo.
"Agora estamos novamente na final e esperamos ganhar. A equipa merece, eu mereço e os adeptos merecem. Espero estar a sorrir no final e que as lágrimas sejam de alegria".