O que Portugal precisa para acertar o passo
segunda-feira, 20 de junho de 2016
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"Não temos de nos preocupar, há que manter a calma," disse Ricardo Carvalho ao EURO2016.com. Mas do que precisa realmente Portugal para encarrilar após dois empates frustrantes?
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Sábado à noite, em Paris, debaixo dos holofotes e do "glamour" da Cidade Luz, o palco era perfeito. No entanto, os actores esqueceram-se das suas deixas. Num Parc des Princes completamente lotado, Portugal não conseguiu melhor do que um frustrante nulo frente à Áustria.
"Fizemos mais do que o suficiente para sairmos daqui com uma vitória", salientou o defesa Ricardo Carvalho, de 38 anos, ao EURO2016.com. "A equipa continua confiante. Não temos de nos preocupar, há que manter a calma".
Efectivamente, apesar da desilusão do resultado, o ambiente no quartel-general em Marcoussis continua animado e optimista antes do jogo de quarta-feira, com a Hungria, o qual é imperativo vencer.
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Trata-se de um encontro que o seleccionador Fernando Santos já catalogou como "uma final". Assim sendo, o que poderão ele e Portugal fazer de diferente perante o surpreendente líder do Grupo F para assegurarem o resultado de que tanto necessitam?
O nível exibicional talvez mostre não ser necessária nenhuma revolução em termos de mexidas na equipa, mas há naturalmente espaço para alguns ajustes. O capítulo da finalização tem, sem dúvida, sido um problema. Com maior eficácia, Portugal podia muito bem estar no topo do grupo com mais quatro pontos somados do que os dois que tem e a passagem aos oitavos-de-final estaria mais do que assegurada. Mas a verdade é que a selecção portuguesa encontra-se actualmente no terceiro lugar e necessita de somar os três pontos em Lyon, para seguir em frente sem depender de terceiros.
Portugal efectuou uns impressionantes 50 remates nesta fase final (lidera destacada neste particular), mas marcou apenas um golo – apontado por Nani no empate a um com a Islândia. Acertou nos postes – de bola corrida e de grande penalidade – e viu os guarda-redes Hannes Halldórrson e Robert Almer tornarem-se autênticos heróis à sua custa. Agora, não se poderá dar ao luxo de permitir que o veterano húngaro Gábor Király tenha a mesma felicidade.
"No próximo jogo teremos de mostrar o nosso futebol, a nossa atitude e, acima de tudo, marcar golos," resumiu Nani.
As estatísticas não enganam. Portugal beneficiou de 11 cantos contra a Islândia e dez contra a Áustria, mas raramente criou perigo a partir dessas jogadas, tendo os cruzamentos sido quase sempre interceptados logo pelo primeiro defesa, logo ao primeiro poste. E o mesmo se aplica nos livres.
Nem João Moutinho, nem Ricardo Quaresma têm estado à altura nesse capítulo, apesar de a equipa colocar sempre jogadores altos como Pepe, Ricardo Carvalho, André Gomes, William Carvalho e Cristiano Ronaldo na grande área adversária.
O lateral-esquerdo Raphael Guerreiro mostrou um pouco da sua qualidade na cobrança de lances de bola parada, como o livre em que cruzou na perfeição para o cabeceamento certeiro de Ronaldo frente aos austríacos – ainda que o lance tenha sido invalidado por fora-de-jogo. O novo reforço do Dortmund poderá ser uma boa opção de Fernando Santos para a marcação de cantos.
No meio-campo, muitos defendem a titularidade de Renato Sanches. Depois da fantástica época de estreia no Benfica e de uma transferência de €35 milhões de euros para o Bayern, o médio de 18 anos acabou por ganhar um lugar na lista de convocados para o UEFA EURO 2016.
Com Moutinho mais como organizador de jogo e William mais concentrado nas tarefas defensidas, a exuberância, velocidade, potência física e capacidade de acelerar o jogo do jovem Renato podem ser exactamente aquilo de que Portugal necessita.
"Os adeptos esperam golos e vitórias", salientou Nani. "E nós também. O mais importante é estarmos confiantes. Podemos garantir o primeiro lugar do grupo no próximo jogo".