Hungria 3-3 Portugal: os dois lados da história
quarta-feira, 22 de junho de 2016
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Joseph Walker, repórter afecto a Portugal, e Matthew Watson-Broughton, seu homólogo junto da Hungria, recuperam o fôlego e abordam o jogo emocionante que foi o empate 3-3 entre as duas equipas.
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Joseph Walker e Matthew Watson-Broughton, repórteres do EURO2016.com, testemunharam um clássico no Stade de Lyon, esta quarta-feira, no jogo entre Hungria e Portugal, que teve seis golos e mais voltas e reviravoltas do que uma montanha russa. Eis como o recordam.
Joseph Walker, repórter de Portugal (@UEFAcomJoeW): Bem Matt, não sei o que sentes, mas os meus níveis de adrenalina ainda estão no máximo. Vamos tentar acalmar. A maneira mais fácil de começar: o "onze" da Hungria ...
Matthew Watson-Broughton, repórter da Hungria (@UEFAcomMattWB): Na verdade, não foi surpresa ver Bernd Storck poupar os quatro jogadores que tinham um cartão amarelo, nem que tenha optado por dar a titularidade a Szalai em detrimento de Tamás Priskin. Não o critico pelas alterações. E a equipa de Portugal?
Joe: Bem, foi uma grande surpresa deixar Ricardo Quaresma no banco, mas Fernando Santos voltou ao já mais que testado esquema de 4-4-2, que pareceu funcionar ... mais ou menos. Desde o início, Portugal comandou o jogo e parecia que iria ser desta que ia "abrir o ketchup". Mas depois, quase do nada, apareceu aquele disparo de Zoltán Gera ...
Matt: Gera, à entrada da área, à procura de fazer a recarga depois de uma bola afastada num canto, é uma imagem de marca. Mesmo aos 37 anos, ele tem queda para golos espectaculares.
Joe: Foi um Gera "vintage", a fazer recordar os bons velhos tempos.
Matt: Continuei a sentir que Portugal estava no jogo e a ser muito perigoso quando atacava a defesa húngara, e isso ficou evidente quando Ronaldo viu Nani a desmarcar-se aos 42 minutos. Temi o pior.
Joe: É engraçado que digas isso, porque a Hungria sempre me pareceu ameaçadora no contra-ataque. O ritmo da equipa encostou Pepe e Ricardo Carvalho às cordas. Temi o pior quando Gera marcou e pensei que Portugal podia perder a cabeça, mas a equipa merece crédito por ter mantido a compostura. O intervalo surgiu, no entanto, em má altura.
Matt: Honestamente, temi que a equipa da Hungria, cheia de alterações, pudesse ser permeável na segunda parte e sofrer imenso. Ao mesmo tempo, tive esperança que o tipo de jogadas em que os húngaros são perigosos pudessem surgir, e as minhas preces foram atendidas num livre directo, bem ao jeito de Balázs Dzsudzács, aos dois minutos do segundo tempo.
Joe: Sim, percebo o que dizes. Santos fez uma substituição de risco, quando fez entrar Renato Sanches, mas a tendência de Portugal para fazer as coisas da forma mais difícil acentuou-se com aquele livre, que nasceu de uma jogada desnecessária e com culpas para os portugueses.
Matt: Esse remate desviado podia ter tido um impacto terrível no moral dos portugueses, mas a reacção foi imediata e teve mérito, com um certo jogador a entrar para a história do EURO, com um toque de calcanhar.
Joe: Que grande golo para entrar na história! Quando o remate desviado de Dzsudzsák entrou, pensei que "o destino não estava com a equipa", mas o golo de Cristiano Ronaldo fez-me acreditar que Portugal podia ganhar e ficar na frente do grupo. A equipa tinha recuperado de duas desvantagens – e agora ia partir para a vitória.
Foi então que o raio caiu pela segunda vez. Eliseu brincou com o fogo, convidando Dzsudzsák a usar o pé esquerdo. Pensei apenas "dá-lhe o lado direito", mas não. Estava feito o 3-2. Santos ainda tinha uma arma para lançar. Colocou Ricardo Quaresma em campo e tirou dividendos.
Matt: Portugal mostrou de que calibre é feito, ainda para mais quando Ronaldo tem tempo e espaço para cabecear, sem marcação. Ao fim de pouco mais de uma hora, três golos para cada lado e o jogo continuava em aberto.
Joe: Sim, estava, apesar de Portugal estar com quatro jogadores de ataque em campo, deixando o miolo em desvantagem. A seguir, Ákos Elek acertou em cheio no poste e pensei que o melhor era matar o jogo e não deixar que se partisse. Os adeptos – as duas claques foram magníficas – não pensavam o mesmo e os de Portugal imploravam para a equipa atacar, atacar, atacar.
Matt: O que esperavas dos últimos 20 minutos?
Joe: A incerteza pairava no ar? Tinha a calculadora da mão, estava a ver a classificação do grupo e estava à espera de mais seis golos. Ambas as equipas pareceram esgotadas, devido à intensidade da partida.
Quando Santos fez entrar Danilo para o lugar da Nani, mostrou que estava contente com o empate, um resultado que também pareceu agradar à Hungria. O jogo estava decidido e pensou-se que Portugal voltaria a defrontar a Inglaterra num EURO. Mas isso seria demasiado fácil para a selecção portuguesa e um golo da Islândia nos instantes finais mudou tudo. Venham os oitavos-de-final!