Relatório dos amigáveis do EURO: Portugal

Resultados
Sexta-feira: Portugal 0-1 Bulgária (Marcelinho 19)
Anthony Lopes; Vieirinha, Pepe, Bruno Alves, Eliseu (Raphaël Guerreiro 81); William Carvalho (Renato Sanches 74), Adrien Silva (Danny 65), João Mário (Danilo Pereira 75), Rafa (Quaresma 65); Nani (Eder 83), Cristiano Ronaldo

Portugal dominou em Leiria mas acabou derrotado depois de, num dos poucos ataques da Bulgária, o estreante Marcelinho levar a melhor sobre Pepe e Vieirinha, batendo Anthony Lopes com um remate algo feliz. Portugal reagiu bem, mas faltou-lhe inspiração, algo que sobrou ao guarda-redes Vladislav Stoyanov, que defendeu tudo o que havia para defender, incluindo uma grande penalidade de Cristiano Ronaldo, no minuto 66, imitando o feito da última temporada, na UEFA Champions League, ao serviço do Ludogorets Razgrad, frente ao Real Madrid. Renato Sanches, de 18 anos, estreou-se selecção principal de Portugal no minuto 74.

Terça-feira: Portugal 2-1 Bélgica (Nani 20, Ronaldo 40; Romelu Lukaku 62) 
Rui Patrício; Cedric, Pepe, José Fonte, Raphaël Guerreiro; Danilo (Danny 87), Adrien Silva (Renato Sanches 45), André Gomes (William Carvalho), João Mário (Bernardo Silva 45); Nani (Eder 61), Ronaldo (Quaresma 61)

Num jogo trocado de Bruxelas para Leiria depois dos acontecimentos da semana passada na Bélgica, Portugal apostou na mesma mobilidade atacante utilizada na sexta-feira, frente à Bulgária, mas, desta feita, com eficácia na concretização. Pepe acertou na barra no minuto 12 e, pouco depois, Nani inaugurou o marcador. Ronaldo, que falhara um penalty há quatro dias, bateu Thibaut Courtois com um golpe de cabeça, ainda na primeira parte, e apesar de uma Bélgica assolada por várias lesões ter reduzido, quando o entrado Jordan Lukaku colocou a bola na cabeça do irmão, a meio da etapa complementar, Portugal soube segurar a vantagem.

João Mário em acção frente à Bulgária©AFP/Getty Images

O que aprendemos
1) Um dos elementos em foco no Sporting esta época, João Mário, será sem dúvida uma das certezas no EURO, apesar de ter jogado apenas 22 minutos na qualificação.

2) Adrien Silva ocupou com eficácia a ausência por lesão de João Moutinho, revelando-se uma opção válida para Portugal.

3) Raphäel Guerreiro e Eliseu vão dar a Fábio Coentrão muita luta na titularidade na lateral-esquerda.

Questões em aberto
• A falta de pontas-de-lança puros goleadores tem sido um problema para Portugal nos últimos anos. O que fará Fernando Santos face a esta situação?

• A ausência de jogadores com características de pontas-de-lança poderá encorajar Portugal a apostar numa frente mais móvel, num 4-3-3 ou 4-4-2, mas será Cristiano Ronaldo menos eficaz a actuar no centro?

• Portugal tem talento em abundância no meio-campo, mas haverá espaço para tantas estrelas no sector intermediário?

Aspectos a melhorar
Fernando Santos gosta de colocar jogadores rápidos e talentosos na frente, independentemente do nome do adversário, tendo testado a utilização de dois e três jogadores no ataque nos jogos particulares de Março. Frente à Bélgica resultou em pleno, com um meio-campo versátil no apoio ao ataque, ao mesmo tempo que se revela eficaz na cobertura defensiva; frente à Bulgária - em teoria um adversário mais fraco - Portugal foi demasiado cauteloso e apenas tentou uma abordagem mais directa no final. Portugal sente dificuldades ante equipas que defendem bem atrás, pelo que Santos poderá ter de utilizar um tradicional número 9. 

Certezas no EURO (caso estejam aptos)
Guarda-redes: Rui Patrício (Sporting), Anthony Lopes (Lyon)

Defesas: Ricardo Carvalho (Monaco), Pepe (Real Madrid), Fábio Coentrão (Monaco), Bruno Alves (Fenerbahçe), Vieirinha (Wolfsburg), Cédric Soares (Southampton), Eliseu (Benfica)

Médios: João Moutinho (Monaco), Danny (Zenit), Danilo (Porto), William Carvalho (Sporting), João Mário (Sporting)

Avançados: Nani (Fenerbahçe), Cristiano Ronaldo (Real Madrid), Éder (Lille)

A visão dos media
António Tadeia, jornalista e comentador televisivo
"O seleccionador Fernando Santos parece apostar na mobilidade na frente, modelo que precisa de ser trabalhado. Ao mesmo tempo, este novo sistema representa uma mudança de identidade de uma equipa que utiliza habitualmente jogadores que actuam mais recuados, mas talvez pressentindo que irá enfrentar adversários mais defensivos, Santos parece empenhado em colocar mais jogadores no ataque."