Zidane revive Verão dourado de 2000
segunda-feira, 5 de março de 2012
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O triunfo no Mundial de 98 fez com que a imagem de Zinédine Zidane fosse projectada no Arco do Triunfo, mas foi no UEFA EURO 2000 que o próprio considerou estar no auge das suas capacidades futebolísticas.
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A 12 de Julho de 1998 nasceu um dos ícones do futebol mundial. Momentos após bisar frente ao Brasil e levar a França ao título no Campeonato do Mundo, a cara de Zinédine Zidane era projectada no Arco do Triunfo, em Paris, com o número 10 a contemplar os enormes festejos que tiveram lugar nos Campos Elísios.
A prestação deste modesto, mas brilhante futebolista de origem argelina, que entretanto se tornou num símbolo da multicultural França da actualidade, na final frente ao Brasil, entrou para a história da modalidade, mas a do UEFA EURO 2000 não lhe ficou atrás. Dois anos depois, dominou a fase final de uma forma que somente Diego Maradona conseguira em 1986. Desde o jogo inaugural, frente à Dinamarca, até à final com a Itália, Zidane brilhou a grande altura com toques inteligentes, passes precisos, uma visão de jogo de mestre ou arrancadas triunfantes. "Acreditava em mim próprio. Diria que o ano 2000 foi um dos melhores da minha carreira. Tudo o que fazia, saía-me bem."
A selecção francesa estava recheada de talentos individuais, mas a vitória na prova seria certamente uma quimera não fosse o contributo de Zidane. "Estávamos mesmo confiantes, mas, para mim, o EURO é ainda mais difícil de ganhar do que o Mundial. Só participam excelentes equipas. No Mundial, há tempo para se recuperar, mas aqui não se pode cometer um único erro."
Zidane estava um pouco mais apreensivo quando o sorteio ditou a Dinamarca, República Checa e Holanda como adversários. "Era um grupo mesmo difícil, mas creio que isso foi bom. Isso significava que tínhamos de começar bem de imediato." E foi assim mesmo que a França entrou na prova, batendo a Dinamarca por 3-0, antes de derrotar os checos por 2-1.
Após ter sido poupado no derradeiro jogo da fase de grupos – que a Holanda venceu por 3-2 –, Zidane esteve a um plano estelar nos quartos-de-final com a Espanha. "Na minha opinião, a prova começou aqui", disse o francês, que abriu o activo aos 32 minutos, de livre directo. "Os jogos da fase de grupos eram difíceis, mas nunca fomos testados como frente à Espanha." Gaikza Mendieta empatou de grande penalidade, mas Youri Djorkaeff conseguiu a vitória. "A partir dessa altura, sentimos que podíamos conseguir algo verdadeiramente grande."
A meia-final, então, evocou outros gloriosos tempos gauleses. Fervoroso adepto do Olympique de Marseille, Zidane estava no Vélodrome quando Michel Platini deu à França o triunfo sobre Portugal nas meias-finais do UEFA EURO 1984. Esse jogo causou maior impacto em Zidane porque teve lugar no dia do seu 12º aniversário. Dezasseis anos depois, em Bruxelas, os dois países voltariam a defrontar-se nas meias-finais.
"Há 16 anos, estava no Vélodrome e vi a França derrotar Portugal. Agora, tenho a oportunidade de fazer o que eles conseguiram", pensou. E, com efeito, Zidane imitou o papel de Platini na perfeição. Estava na plenitude das suas faculdades a explanar todo o seu manancial técnico, mostrando-se praticamente imparável.
Os "bleus" viram-se em desvantagem graças a um golo de Nuno Gomes, mas Henry empatou a contenda, levando-a para prolongamento, onde, a três minutos do final, aconteceria o momento do jogo. O árbitro assinalou grande penalidade, por considerar mão na bola de Abel Xavier a remate de Sylvain Wiltord.
Seguiram-se muitos protestos e somente um homem continuou impassível. "Houve muito tempo desde que a falta foi assinalada até à execução da grande penalidade, o que me deu hipótese de me controlar e concentrar. Sabia que se marcássemos, estaríamos na final [devido à regra do golo de ouro]. Não tive dúvidas. Sabia o que tinha a fazer e fi-lo", relembrou.
Na final, a França esteve em desvantagem desde que os 55 minutos, altura do golo de Marco Delvecchio. No entanto, com quatro minutos dos descontos, eis que Wiltord empatou. "Dissemos a nós próprios que, se empatássemos, venceríamos. No prolongamento, apenas haveria uma equipa em campo. E foi o que aconteceu." David Trézéguet daria o triunfo aos gauleses no derradeiro lance do prolongamento.
Ao contrário de 1998 e 2006, Zidane não marcou na final. Mas a sua marca jamais será esquecida.
Esta é uma versão abreviada de um artigo que aparece no Guia Oficial de Antevisão do UEFA EURO 2012. Clique para comprar.