1972: RFA deixa a sua marca
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
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A União Soviética não conseguiu impor-se face à arma letal da República Federal da Alemanha, Gerd Müller, autor de mais dois golos na final.
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A campeã europeia Itália perdeu a final do Campeonato do Mundo de 1970, mas não era favorita para revalidar o título. Mais a norte, o seleccionador da República Federal da Alemanha (RFA), Helmut Schön, reunia aquela que seria por muitos considerada a mais fantástica equipa a jogar na competição e a melhor de sempre da nação germânica.
Composta pelos nomes sonantes dos gigantes da Bundesliga FC Bayern München e VfL Borussia Mönchengladbach, Schön escalou uma formação notável, onde Franz Beckenbauer se tornou no mais famoso líbero atacante. Além disso, as presenças do defesa-esquerdo Paul Breitner, cujas incursões pelo flanco deram nas vistas, e do dianteiro Uli Hoeness constituíram excelentes complementos jovens na equipa, enquanto o regresso de Günter Netzer trouxe maior poderio, combatividade e fluidez ao meio-campo.
A liderar a selecção, claro, estava Gerd Müller, "O Bombardeiro". Goleador nato, o avançado alemão encontrava-se no auge das capacidades e apontou seis golos na fase de qualificação, guiando a Alemanha até aos quartos-de-final. Defrontou então a Inglaterra e confirmou o bom momento ao vencer em Wembley por 3-1, naquele que foi o primeiro triunfo germânico no famoso palco. Müller contribuiu com um dos golos e o empate a zero no encontro disputado em solo alemão significou que a Alemanha iria marcar presença na fase final da prova.
Os outros semifinalistas pareciam destinados a desempenhar um papel secundário. Ainda que a União Soviética chegasse à fase final pela quarta vez consecutiva, ao ganhar novamente à Jugoslávia nos quartos-de-final, a equipa não tinha o brilho de outrora. Da mesma forma, a Bélgica, selecção anfitriã, perdeu o seu "maestro" do meio-campo, Wilfried Van Moer, devido a este ter fracturado um perna, mas conseguiu bater a Itália e a Hungria, embora tivesse precisado de um "play-off" para afastar a Roménia.
A vantagem de jogar em casa não se revelou suficiente para os belgas, da mesma forma que servira os intentos de Espanha e Itália nas duas edições anteriores. O sonho belga seria interrompido em Antuérpia, onde Müller bisou no triunfo de 2-1 da Alemanha. O resultado colocou nos soviéticos, que tinham eliminado os magiares, em Bruxelas, graças a Anatoli Konkov, a tentativa de abater a muralha teutónica. Antes do embate decisivo, porém, a Bélgica conseguiu um lugar no pódio ao ganhar por 2-1 à Hungria, no jogo de atribuição do terceiro e quarto lugares.
A final revelou-se um jogo com um só sentido. Netzer e Beckenbauer estiveram imperiais no meio-campo e Müller igual a si próprio, pois voltou a marcar mais dois tentos. Herbert Wimmer apontou o outro golo da vitória alemã por 3-0, a maior margem conseguida numa final do Campeonato da Europa até 2012. "Tudo correu bem", afirmou Müller. "Funcionávamos na perfeição e havia um entendimento muito bom entre todos. Isso aplicava-se igualmente àqueles que ficavam de fora. Por isso, não podíamos pedir mais". Estavam, assim, encontradas as fundações que levariam a Alemanha ao triunfo no Mundial, dois anos mais tarde.